Todos os que a tocaram, ficaram curados (Mt 14, 22-37)
4 de agosto de 2014Levantai-vos, e não tenhais medo (Mt 17, 1-9)
6 de agosto de 2014Alguns fariseus e escribas vindos de Jerusalém dirigiram-se a Jesus perguntando: “Por que os teus discípulos desobedecem à tradição dos antigos? Eles não lavam as mãos quando vão comer!” Jesus chamou a multidão e disse: “Escutai e compreendei. O que torna alguém impuro não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca, isso é que o torna impuro”. Então os discípulos se aproximaram e disseram a Jesus: “Sabes que os fariseus ficaram escandalizados ao ouvir as tuas palavras?” Jesus respondeu: “Toda planta que não foi plantada pelo meu Pai celeste será arrancada. Deixai-os! São cegos guiando cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão no buraco.”
Os fariseus saíram de Jerusalém e foram até Jesus. Fico imaginando o que se passava na cabeça e no coração daqueles homens. Por certo a fama de Jesus, seu jeito de ser, as coisas que pregava, já eram conhecidas e, é provável, que eles já viessem com alguma opinião formada, talvez já estivessem predispostos a encontrar falhas na pregação de Jesus.
Na minha oração, entendo que esta informação inicial do texto deve ser atualizada para nós, de tal forma que possamos nos abrir para aquilo que o Espírito quer nos dizer com o restante do texto.
De que forma tenho me aproximado das novidades que surgem? Já carrego a fôrma pela qual elas precisam passar, caso queiram que eu as aceite? O meu coração está aberto para acolher, ou ele impõe muitas normas para aceitar os outros? Sei que não posso ser ingênuo e cair em qualquer lorota, mas faço meus julgamentos baseados em quê? Em preconceitos ou na avaliação do bem que as novidades trarão para a vida das pessoas?
Os fariseus fazem uma pergunta capciosa, pois questionam Jesus sobre seus discípulos desrespeitarem uma norma que dizia algo sobre a pureza das pessoas.
Para nós, hoje, o texto soa estranho, pois o que Jesus diz à multidão não é bem uma resposta à pergunta dos fariseus e escribas. Mas, fico pensando que todas as normas que foram sendo criadas para o benefício do homem passaram a ser motivo de separação das pessoas, de um lado as que seguem e do outro as que não seguem. O mesmo ocorria com o descanso no sábado. Uma norma que foi criada para garantir a todos um dia para recuperar as energias, para poder ficar com a família, cuidar mais da espiritualidade, passou a ser utilizada para distinguir uns dos outros, se converteu em peso e motivo de divisão. No caso de lavar as mãos antes das refeições, é, para a maioria de nós, muito comum, pois sabemos que é importante para a saúde, portanto não penso que Jesus quisesse fazer uma apologia ao descuido com a saúde, pelo contrário, Ele quis destacar o cuidado com uma saúde que é mais importante. Se devemos ser responsáveis com a saúde do corpo, e devemos, mais ainda devemos cuidar de nosso espírito que permanecerá para além desta vida.
E o que fica? Só o que fica é o amor, todo o resto passa: “O amor jamais passará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá” (1 Cor 13, 8).
Cuidemos, pois, do amor, cuidando do que sai de nós em direção aos outros.
O texto me chama atenção pois, na verdade, não mostra bem uma resposta de Jesus aos fariseus e escribas, mas, antes, Ele aproveitando a oportunidade para ensinar o povo: “Jesus chamou a multidão e disse: ‘Escutai e compreendei.’”
E hoje, ao que estou preso, dando importância sem necessidade e que Jesus quer me chamar a atenção? O que preciso escutar e compreender, para vivenciar melhor o amor? Que regras e normas tenho obrigado meus familiares a seguir e que não contribuem para uma melhor convivência? Estou preso a que tipo de tradição, que apenas me faz mais chato, ranzinza e ultrapassado?
Os fariseus ficaram escandalizados com a liberdade de Jesus. Às vezes ficamos tão presos às convenções sociais que nos escandalizamos facilmente, sem considerar que certas convenções são um peso para muitas pessoas. Penso que precisamos aprender a considerar o outro, mudando nosso ponto de vista, olhando para as coisas da posição em que o outro está, esforçando para compreender, como Jesus disse à multidão: “Escutai e compreendei”.
Se não conseguirmos nos libertar de todas as coisas que nos prendem, que nos cegam, como poderemos guiar os outros?
O amor é o que pode nos dar a visão para guiar os outros. Penso que esse é o ensinamento de Jesus no final deste texto. Os fariseus e escribas não julgavam com o amor, eles apenas queriam ver as normas cumpridas. O amor é livre e liberta. O amor não julga, apenas acolhe e procura dar vida. Isso faltava àqueles homens.
Vinde Espírito Santo, enchei nosso coração com o fogo do vosso amor e renovaremos a face da terra. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG