A visita do Pai
20 de outubro de 2015O fogo que divide
22 de outubro de 2015Leitura: Lucas 12, 39-48
Lembrem disto: se o dono da casa soubesse a que hora o ladrão viria, não o deixaria arrombar a sua casa. Vocês, também, fiquem alertas, porque o Filho do Homem vai chegar quando não estiverem esperando. Então Pedro perguntou: — Senhor, essa parábola é só para nós ou é para todos? O Senhor respondeu: — Quem é, então, o empregado fiel e inteligente? É aquele que o patrão encarrega de tomar conta da casa e de dar comida na hora certa aos outros empregados. Feliz aquele empregado que estiver fazendo isso quando o patrão chegar! Eu afirmo a vocês que, de fato, o patrão vai colocá-lo como encarregado de toda a sua propriedade. Mas imaginem o que acontecerá se aquele empregado pensar que o seu patrão está demorando muito para voltar. E imaginem que esse empregado comece a bater nos outros empregados e empregadas e a comer e a beber até ficar bêbado. Então o patrão voltará no dia em que o empregado menos espera e na hora que ele não sabe. Aí o patrão mandará cortar o empregado em pedaços e o condenará a ir para o lugar aonde os desobedientes vão. O empregado que sabe qual é a vontade do patrão, mas não se prepara e não faz o que ele quer, será castigado com muitas chicotadas. Mas o empregado que não sabe o que o patrão quer e faz alguma coisa que merece castigo, esse empregado será castigado com poucas chicotadas. Assim será pedido muito de quem recebe muito; e, daquele a quem muito é dado, muito mais será pedido.
Oração:
O evangelho de hoje nos alerta sobre a tarefa da Igreja, das suas comunidades e de seus fiéis, pois Jesus diz a Pedro, que seria o primeiro líder da Igreja, que feliz é o empregado que estiver dando comida aos outros empregados e cuidando da casa quando o patrão voltar.
Jesus sabe da importância que o Pai dava ao cuidado que todos os seus filhos deveriam ter, por isso se utiliza da imagem tão forte do patrão que castiga os empregados que não cuidaram do bem-estar dos demais. Maior reprovação aos olhos do Pai têm os empregados que sabem da vontade do Pai e, mesmo assim, por inúmeras razões, a ela não são obedientes. Tento olhar com o olhar de Jesus. Tento imaginar o que Ele diria ou pensaria da nossa realidade. Quando, na oração, olho para a vida da Igreja, de suas comunidades e de seus fiéis, entre os quais me coloco, não consigo evitar duas imagens: ora Jesus franze a testa, ora ele chora.
Quando eu falo do amor d´Ele e tento evangelizar sem estar mesmo disposto a viver com base nesse amor, que exige renúncia, matar meu orgulho e passar por cima da minha vaidade, ouço Jesus me perguntar: como você quer fazer isso? Quando eu desejo construir a paz e não quero ceder, quando eu desejo ser amado e não desejo perdoar, quando eu digo que quero abraçar a cruz e ao mesmo tempo não sentir dor, ouço de novo: como você quer fazer isso?
Quando eu desejo viver em comunidade, mas não tenho abertura para as diferenças; quando eu quero estar em missão, mas não quero sujar de poeira meus pés; quando digo que quero levar a Palavra, mas não me disponho a ouvi-la, vivê-la e propagá-la, ouço Jesus perguntar: como vocês farão isso?
Estou na missa e vejo que o padre não quis preparar uma boa homilia; achou que a Palavra de Deus é o que ele quiser que ela seja. Outras vezes há um padre que se empenhou, mas os paroquianos insistem em não reconhecer seu esforço e preferem exaltar infinitamente as qualidades dos sacerdotes que estão na TV e nos “shows da fé“. Jesus pergunta: como vocês querem ser Igreja?
Estou lendo os noticiários. O Papa afirma que prefere uma Igreja que se suja pelo caminho e convoca os líderes eclesiásticos para repensarem as diretrizes. Nas redes sociais, alguns jovens explicam que não se pode acolher os divorciados, e, ignorantes da realidade que é vivida na cúpula, na base e até nos seminários que preparam para a carreira eclesiástica, afirmam que os homossexuais devem ser curados. Jesus nos pergunta: como vocês querem ser Igreja?
Eu fico quase sempre sem respostas para Ele, mas, na oração, encontro o olhar de esperança que Ele tem e reitero, consciente da minha debilidade, a declaração da minha vontade de ser um bom empregado e de cuidar bem de todos aqueles que Ele confiar a mim. Eu digo a Ele que também eu franzo a testa e choro, e depois consigo sorrir e ter esperança.
João Gustavo H. M. Fonseca – Família Verbum Dei de Belo Horizonte