“Ó Senhor Deus, não te afastes de mim! Vem depressa me socorrer”
14 de abril de 2019“Este é o dia da vitória de Deus, o Senhor; que seja para nós um dia de felicidade e alegria”
28 de abril de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ajuda-me a encontrar-me com Jesus
que me fala em sua Palavra.
Espírito Santo, estimula-me a caminhar para a Ressurreição.
Espírito Santo, ensina-me a enamorar-me do Evangelho
e a vivê-lo cotidianamente junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Jo 20.1-9
O túmulo vazio
Mateus 28.1-8; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1-12
1Domingo bem cedo, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi até o túmulo e viu que a pedra que tapava a entrada tinha sido tirada. 2Então foi correndo até o lugar onde estavam Simão Pedro e outro discípulo, aquele que Jesus amava, e disse:
— Tiraram o Senhor Jesus do túmulo, e não sabemos onde o puseram!
3Então Pedro e o outro discípulo foram até o túmulo. 4Os dois saíram correndo juntos, mas o outro correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro. 5Ele se abaixou para olhar lá dentro e viu os lençóis de linho; porém não entrou no túmulo. 6 Ele também viu os lençóis colocados ali 7e a faixa que tinham posto em volta da cabeça de Jesus. A faixa não estava junto com os lençóis, mas estava enrolada ali ao lado. 8Aí o outro discípulo, que havia chegado primeiro, também entrou no túmulo. Ele viu e creu. 9(Eles ainda não tinham entendido as Escrituras Sagradas, que dizem que era preciso que Jesus ressuscitasse.)
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Em que dia da semana nos encontramos? O que aconteceu nos dias anteriores?
2. Quem vai ao sepulcro de Jesus e o que encontra ali? A quem conta o que encontrou?
3. Quem mais vai ao sepulcro e o que vê cada um deles?
4. Dos três que vão ao sepulcro, quem finda por acreditar e por quê?
5. Que anúncio da Escritura ainda não haviam entendido?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Este primeiro relato da ressurreição contido no quarto evangelho é um claro convite à fé. O texto apresenta-nos unicamente um sepulcro vazio e a fé do discípulo que Jesus amava. Contudo, esta sobriedade não deixa de apresentar elementos muito significativos para sugerir ao leitor que a narrativa é um acontecimento que teve lugar no primeiro dia da semana e do qual participaram três discípulos muito importantes para Jesus e para a comunidade primitiva.
Maria Madalena é a enamorada que, bem de madrugada, vai primeiro ao sepulcro e vê que a pedra havia sido removida, e que o sepulcro está vazio. Utiliza-se aqui o verbo grego blepein, que tem o sentido material de ver. Transtornada, interpreta este fato como um roubo, e tal é seu “anúncio”: “Tiraram o Senhor Jesus do túmulo, e não sabemos onde o puseram!” (Jo 20.2).
O discípulo amado é o primeiro a chegar ao sepulcro: abaixou-se e viu os lençóis de linho por terra. Aqui também se utiliza o verbo grego blepein em seu sentido de visão material.
Pedro chega em seguida, vê os lençóis de linho, tal como o discípulo amado, mas descobre também que a faixa que tinham posto em volta da cabeça de Jesus (o sudário) está enrolada à parte. Isto indica que se tratou de uma ação deliberada por parte de alguém, o que chama a atenção de Pedro, pois quando se rouba um cadáver, não se deixa este indício. E precisamente este “sinal” faz com que Pedro “veja” que ali aconteceu algo estranho. Utiliza-se aqui o verbo grego theorein, que tem o sentido de visão material, porém mais abrangente, com a possibilidade de ir além do que se está vendo.
Por fim, o discípulo amado entrou, viu e creu. Aqui se recorre ao verbo eiden, que implica um ver a realidade como sinal de algo mais profundo, transcendente. Por isso é seguido do ato de fé, do acreditar expresso com o verbo pisteuein que, por está no aoristo, alguns pensam que indica um ato inicial de fé e propõem que seja traduzido por “começou a crer”. De fato, “o discípulo, neste primeiro momento de seu caminho de fé pascal, está consciente de que se encontra aqui diante de um mistério da ação de Deus, mas não
compreende nem sabe ainda que o Senhor ressuscitou […]. Ainda não estavam preparados para a revelação plena do mistério pascal; até o presente não tinham a capacidade de compreender, com o auxílio extraordinário das Escrituras, os sinais da presença do Senhor” (G. Zevini).
O final do relato confirma esta ideia: “Eles ainda não tinham entendido as Escrituras Sagradas, que dizem que era preciso que Jesus ressuscitasse” (20.9).
O que o Senhor me diz no texto?
Com um olhar atento, descobrimos que no mundo existem o bem e o mal; a graça e o pecado; a alegria e a tristeza; o egoísmo e o amor; a consolação e a desolação; a vida e a morte estão em permanente combate. A Quaresma foi justamente um convite constante a tomar consciência desta luta e a participar dela; a comprometer-se no combate pelo bem, pela graça, pela vida em Deus. No entanto, o mais importante nesta luta pelo bem, pela verdade, pela justiça, pela graça e pela vida em Deus é que já houve um vencedor: Jesus Cristo Ressuscitado!
A essência do que nós, cristãos, cremos, pode ser proclamada dizendo que Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa salvação. É o mistério Pascal, onde Cristo surge vitorioso sobre o mal, o pecado e a morte.
Este é o mistério em que se deve crê, que é preciso contemplar. Necessitamos de uma fé enamorada, como a de Maria Madalena – aquela que estava, antes do nascer do sol, junto à tumba – para descobrirmos esta nova Presença do Senhor Ressuscitado em nosso meio, em nossa vida. Já não podemos buscar Jesus dentre os mortos, pois está vivo, ressuscitou. Aqueles que, dentre nós, já nos encontramos com ele em alguma volta da vida, temos a certeza de que está vivo, que caminha junto a nós e que, de diversas maneiras, busca comunicar-se conosco. É algo muito estranho o que nos acontece com a fé em Cristo Ressuscitado: vista de fora, parece loucura; vivida a partir de dentro, é algo maravilhoso, uma certeza que não podemos explicar inteiramente, mas que enche de alegria o coração, de luz a inteligência e de força a vontade.
A ressurreição é, portanto, a vitória de Jesus, seu triunfo final… e também o nosso. De fato, “Jesus ressuscitou e, com ele, ressurge a nossa esperança criativa para enfrentar os problemas atuais, porque sabemos que não estamos sozinhos. Celebrar a Páscoa significa voltar a crer que Deus irrompe sem cessar nas nossas vicissitudes, desafiando os nossos determinismos uniformizadores e paralisantes. Celebrar a Páscoa significa deixar que Jesus vença aquela atitude pusilânime que tantas vezes nos cerca procurando sepultar qualquer tipo de esperança. […] O Senhor está vivo e quer ser procurado entre os vivos. Depois de o ter encontrado, cada um é enviado por ele para levar o anúncio da Páscoa, para suscitar e ressuscitar a esperança nos corações pesados de tristeza, em quem sente dificuldade para encontrar a luz da vida. Há tanta necessidade disto hoje.
Esquecendo de nós mesmos, como servos jubilosos da esperança, somos chamados a anunciar o Ressuscitado com a vida e através do amor; caso contrário, seremos uma estrutura internacional com um grande número de adeptos e boas regras, mas incapaz de dar a esperança de que o mundo está sedento” (Papa Francisco, Homilias do dia 31 de março de 2018 e de 26 de março de 2016).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Creio realmente que Jesus está ressuscitado, vivo e, por isso, presente em minha vida?
2. Peço ao Senhor o dom da fé para poder ir além dos sinais?
3. Escuto os que me indicam os sinais da presença de Jesus?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por não guardares nada para ti e me fazeres parte de tua Ressurreição.
Obrigado por esta vida nova que propões: em triunfo e em vitória.
Dá-me uma fé enamorada, que não se canse de buscar-te.
Desenrola estas minhas faixas que me restringem e amarram.
Irrompe com tua força em meus pessimismos e em meus desânimos.
Arranca-me da tristeza e faze-me forte na esperança.
Que a alegria por haver-te encontrado vivo me leve a testemunhar-te.
Que esta tua Páscoa nos leve, a mim e a meus irmãos, a anunciar-te presente.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus Ressuscitado, dá-me uma fé enamorada que me leve a crer em tua Ressurreição”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me partilhar a alegria da ressurreição com alguém que há muito tempo não vejo ou de quem não tenho notícias.
“A fé dos cristãos é a ressurreição de Cristo”.
Santo Agostinho