Ai de nós!
19 de outubro de 2017“Deem ao Senhor a hora que ele merece; tragam uma oferta e entrem nos pátios do seu Templo.”
22 de outubro de 2017Milhares de pessoas se ajuntaram, de tal maneira que umas pisavam as outras. Então Jesus disse primeiro aos discípulos:
— Cuidado com o fermento dos fariseus, isto é, com a falsidade deles. Tudo o que está coberto vai ser descoberto, e o que está escondido será conhecido. Assim tudo o que vocês disserem na escuridão será ouvido na luz do dia. E tudo o que disserem em segredo, dentro de um quarto fechado, será anunciado abertamente.
Jesus continuou:
— Eu afirmo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas depois não podem fazer mais nada. Vou mostrar a vocês de quem devem ter medo: tenham medo de Deus, que, depois de matar o corpo, tem poder para jogar a pessoa no inferno. Sim, repito: tenham medo de Deus.
— Por acaso não é verdade que cinco passarinhos são vendidos por algumas moedinhas? No entanto Deus não esquece nenhum deles. Até os fios dos cabelos de vocês estão todos contados. Não tenham medo, pois vocês valem mais do que muitos passarinhos!
Inicialmente, peço ao Espírito Santo o dom de nos abrir à escuta da palavra que nos é trazida.
As passagens de hoje são muito ricas, propícias à oração. Devido a isso, sugiro a todos que leiam a belíssima carta de Paulo aos Romanos (Rm 4,1-8) e o salmo do dia (Sl 31) e possam também rezar com elas.
Para melhor contemplação deste evangelho de Lucas, entendo ser necessário retomar a passagem imediatamente anterior, relatada em Lc 11, 37-54. Nela, Jesus é convidado para cear na casa de um fariseu, mas sua atitude de não se lavar antes da refeição, que para o fariseu se trata de uma regra indispensável, gerou estranhamento e murmurações maldosas entre os presentes. Não se deixando intimidar, Jesus aproveita o acontecido para denunciar a hipocrisia daqueles homens que se preocupavam excessivamente com a limpeza exterior, mas traziam o coração carregado de malícia; pagavam o dízimo sobre as verduras, mas se descuidavam da justiça e do amor de Deus para com os mais necessitados. As denúncias de Jesus, ditas em tom profético a fariseus e juristas, geraram descontentamentos entre eles.
A passagem de hoje é subsequente a esta que acabei de mencionar. Fico imaginando que o mal-estar que se instalou tenha gerado tumulto e ajuntamento de pessoas a ponto de elas se comprimirem, pisando-se umas às outras. No entanto, Jesus sempre traz uma palavra de vida, não somente capaz de denunciar, mas de apontar um caminho.
Ele continua a evidenciar a hipocrisia daqueles homens, nomeando-a fermento dos fariseus, capaz de corromper toda a massa. Também declara que tudo o que está encoberto será revelado. E diz ainda: “não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas depois não podem fazer mais nada (…) tenham medo de Deus, que, depois de matar o corpo, tem poder para jogar a pessoa no inferno”. É importante perceber que a fala de Jesus também tem objetivo didático, qual seja, de nos fazer ver a necessidade de examinar nossas atitudes e corrigi-las. É para esse ponto que quero trazer minha oração.
Senhor, eu creio nessas suas palavras. Em minha oração, percebo que há sentimentos e motivações tão segregadores que nos apartam de seu amor, tornam nossos atos destituídos de justiça e misericórdia. Muitas vezes, esses sentimentos se tornam influxos crescentes e nós os alimentamos sem nos darmos conta do malefício que nos causam. Chega o ponto em que se materializam em atitudes, totalmente desprovidas de amor, e já nem sabemos dizer onde e por que tudo começou. Egoísmo, ganância, inveja, orgulho, ira, gula, preguiça, cobiça… Para mim, é isso o que devemos temer em nós. Mas o que fazer para não sucumbir aos apelos do ego?
Senhor, sou muito pequena e falha, mas sua graça me alcança a todo o instante. Embora suscetível a tantos impulsos ruins, embora não saiba sempre o melhor caminho a seguir, sei que, por seu amor infinito, em última instância, nada devo temer. Peço-lhe o dom do discernimento, para negar tudo aquilo que não é sinal de seu amor e a coragem para agir conforme a sua vontade. Ponho-me em sua presença para receber, generosamente, essa graça santificadora. Amém!
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Regina Maria – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte