Meus olhos viram a tua salvação (Lucas 2, 22-40)
2 de fevereiro de 2015Olhos pra ver! (Marcos 6,1-6)
4 de fevereiro de 2015“Jesus voltou para o lado oeste do lago, e muitas pessoas foram se encontrar com ele na praia. Um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga, foi e se jogou aos pés de Jesus, pedindo com muita insistência:
– A minha filha está morrendo! Venha comigo e ponha as mãos sobre ela para que sare e viva!
E Jesus foi com ele. Uma grande multidão foi junto e o apertava de todos os lados.
Chegou ali uma mulher que fazia doze anos que estava com uma hemorragia. Havia gastado tudo o que tinha, tratando-se com muitos médicos. Estes a fizeram sofrer muito; mas, em vez de melhorar, ela havia piorado cada vez mais. Ela havia escutado falar de Jesus; então entrou no meio da multidão e, chegando por trás dele, tocou na sua capa, pois pensava assim: ‘Se eu apenas tocar na capa dele, ficarei curada.’
Logo o sangue parou de escorrer, e ela teve certeza de que estava curada. No mesmo instante Jesus sentiu que dele havia saído poder. Então virou-se no meio da multidão e perguntou:
– Quem foi que tocou na minha capa?
Os discípulos responderam:
– O senhor está vendo como esta gente o está apertando de todos os lados e ainda pergunta isso?
Mas Jesus ficou olhando em volta para ver quem tinha feito aquilo. Então a mulher, sabendo o que lhe havia acontecido, atirou-se aos pés dele, tremendo de medo, e contou tudo. E Jesus disse:
– Minha filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz; você está livre do seu sofrimento.
Jesus ainda estava falando, quando chegaram alguns empregados da casa de Jairo e disseram:
– Seu Jairo, a menina já morreu. Não aborreça mais o Mestre.
Mas Jesus não se importou com a notícia e disse a Jairo:
– Não tenha medo; tenha fé!
Jesus deixou que fossem com ele Pedro e os irmãos Tiago e João, e ninguém mais. Quando entraram na casa de Jairo, Jesus encontrou ali uma confusão geral, com todos chorando alto e gritando. Então ele disse:
– Por que tanto choro e tanta confusão? A menina não morreu; ela está dormindo.
Então eles começaram a caçoar dele. Mas Jesus mandou que todos saíssem e, junto com os três discípulos e os pais da menina, entrou no quarto onde ela estava. Pegou-a pela mão e disse:
– ‘Talitá cumi!’ (Isto quer dizer: ‘Menina, eu digo a você: ‘Levante-se!’)
No mesmo instante, a menina, que tinha doze anos, levantou-se e começou a andar. E todos ficaram muito admirados. Então Jesus ordenou que de jeito nenhum espalhassem a notícia dessa cura. E mandou que dessem comida à menina.”
Encontramos neste Evangelho dois casos em que a fé superou o medo; e o pior dos medos, o medo-raiz de todos os medos: o medo da morte. Contemplemos a compaixão de Jesus, e peçamos a ele que também nos dê o dom desta fé salvífica.
Vamos primeiro nos colocar na cena do encontro do Senhor com a mulher hemorrágica. Na Bíbila, sangue significa vida. A mulher há doze anos tinha um fluxo de sangue. Via a vida escapando-lhe pouco a pouco, e nada do que buscava para estancar este processo dava certo.
Será que não temos também nós alguns “escapes de sangue”, alguns pontos em que, em vez de viver cada vez mais e melhor, sentimos que a vida nos vai escapando, vamos ficando sem forças, sem vitalidade, sem ânimo, sem sangue? E as pessoas com as quais convivemos? Por onde a vida lhes escapa?
O que buscamos – e o que elas buscam – para reter a vida? Botox? Cirurgias plásticas? Academia? Até que ponto funcionam e quais os seus limites? Onde não dão conta da sede de vida que temos?
A mulher acreditou que se tocasse na capa de Jesus – na orla de seu manto – ficaria curada. Ela se aproximou de Jesus com toda a fé e esperança. Como nos aproximamos dele em cada momento de oração? Podemos lhe pedir: “Senhor, aumenta a minha fé! Vem em socorro da minha falta de fé!”
Jesus não é indiferente ao poder que sai dele. É sensível ao toque da mulher. E busca encontrá-la, busca olhar-lhe nos olhos, porque quer mais. Quer uma relação mais direta, mais íntima do que apenas esta da cura. Às vezes fazemos muitos pedidos, buscamos muito a Jesus em nossas necessidades de cura, mas até que ponto deixamos que o Seu olhar penetre o nosso? Qual a intimidade da nossa relação com Ele?
Ele também nos busca. Quer olhar-nos nos olhos e que escutemos as suas palavra: “Você teve fé. Vá em paz. Você está livre do seu sofrimento.” Como é para mim ouvir isso?
O segundo caso é da filha do chefe da sinagoga. Primeiro contemplar a humildade com que Jairo procura a Jesus, quando tantos na sua posição o rejeitavam. Jairo caminha com Jesus em meio à multidão, e espera com paciência a interrupção da mulher, compreende a necessidade das outras pessoas que se aproximam de Jesus.
Sua fé é provada. Quando lhe dizem que a menina morreu, parecia o fim. As evidências apontavam para isso. Por que incomodar ainda o Mestre? Não era a hora de desistir? Valia a pena continuar caminhando com Ele? Quando experimentamos situações-limite, vale a pena seguir com Jesus? Ou são nestes momentos que costumamos abandonar a caminhada?
Jesus lhe diz: “Não tenha medo; tenha fé!” Ele também quer nos dizer isso. Como Jairo teve o sinal da mulher, quantos sinais também temos no nosso dia a dia que apontam para a fé em Jesus, para a salvação que vem dele! Confiamos e seguimos em frente?
Contemplar a delicadeza com que Jesus se aproxima da menina, os doze anos que a ligam à mulher, que a fazem mulher, e o Seu chamado: “Levante-se!”
Vamos pedir a Ele que pronuncie essas palavras sobre nós quando nos vir prostrados, e que nos dê ouvidos para escutar o Seu chamado. Que a Palavra e a Eucaristia sejam nosso alimento para viver plenamente. Amém!
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner