Que a Palavra faça morada em nós (Jo 5,31-47)
3 de abril de 2014Ninguém jamais falou como este homem (Jo 7,40-53)
5 de abril de 2014“Jesus andava percorrendo a Galileia. Evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente mas sim como que às escondidas.
Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: “Não é este a quem procuram matar? Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? Mas este, nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde é”.
Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”.
Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora.”
A pregação e as obras de Jesus criaram muitas divisões. Alguns aceitaram e creram nele, outros o respeitavam, mas não estavam convencidos de que Ele era o Messias e outros, ainda, não o aceitavam e o viam como uma ameaça. Este último grupo de pessoas, incluindo as maiores autoridades religiosas da época, procurava uma forma de eliminar Jesus.
O trecho do evangelho de hoje nos traz esse clima tenso, em que se percebe o cerco sobre Jesus se fechando.
Penso que na oração, fazendo um paralelo com a situação apresentada, podemos aprofundar nas formas de agir e reagir em situações semelhantes que vivemos no nosso dia a dia.
Primeiramente, chama-me a atenção a forma de pensar e se comportar de alguns habitantes de Jerusalém.
Naquela época, da mesma maneira que se dá hoje em dia, as autoridades precisavam conquistar a opinião pública para apoiá-las em decisões importantes que pretendiam tomar. Hoje, podemos perceber as autoridades tentando influenciar a opinião pública, dando ênfase a uma linha de pensamento que lhes interessa, praticamente esquecendo outras que lhe fazem contraponto e que, para uma decisão mais abrangente e coerente, também precisavam ser consideradas.
Provavelmente, levados pela propaganda da época, alguns habitantes de Jerusalém estranhavam o fato de Jesus estar falando livremente. Questionavam se as autoridades o tinham considerado o Messias, porém isso lhes causava confusão, porque o argumento da propaganda é que Ele não podia ser o Messias, pois todos sabiam de onde Ele vinha e o Messias ninguém saberia de onde veio. Ora, essa é uma argumentação estranha, pois também havia a tradição de que o Messias viria da casa de Davi, portanto, todos saberiam de onde ele viria.
Oremos investigando em nossas atitudes, nas posições em que tomamos, como nos convencemos ou aceitamos as opiniões e os julgamentos dos outros. Questionemos: Com qual facilidade aceito fazer parte da “massa de manobra”? Quanto esforço tenho feito para compreender e ser responsável pelas posições que assumo ou até mesmo defendo seja na minha vida pessoal, dentro de casa, ou na minha vida comunitária, na paróquia, na cidade e no país?
Outra coisa que me chama atenção é a postura de Jesus. Ele está ciente do risco que corre, mas não desiste de sua missão. Percebemos que não estava sendo fácil para Ele, primeiro porque parece haver até uma certa indecisão se Ele iria à festa, talvez por uma questão de segurança, mas o fato é que Ele precisou ir “como que às escondidas”. No entanto, uma vez em Jerusalém, Ele “fala em público”, ou seja, se havia medo, Ele o superou e não desistiu daquilo que era seu objetivo.
Podemos olhar para esta cena e contemplar Jesus nesta atitude de superação, de desprendimento, de coragem e pedir que o Espírito Santo nos socorra nas situações em que estão nos faltando essas atitudes, nas situações em que estamos desistindo de levar adiante a nossa missão, nossos projetos, nossos sonhos, porque estamos encontrando muitas resistências.
Por último, chama-me a atenção o que Jesus diz. Ele era conhecido, mas ninguém conhece quem o enviou. Ele conhece quem o enviou e quem o enviou é fidedigno, ou seja, é digno de fé. Diante deste quadro, minha atenção se volta para dois aspectos. Primeiramente, é que precisamos responder a isto: Creio verdadeiramente que Jesus é o enviado de Deus? Penso que a força, a grandeza da convicção que sustenta a minha resposta é determinante para o meu ser. A Quaresma é o tempo propício para renovarmos nossa fé nessa crença. Peçamos ao Espírito Santo o dom da fé, pois é o Ele que pode nos dar este dom, não o alcançamos por nós mesmos. O segundo aspecto que me chama a atenção é a humildade de Jesus. Ele não busca a glória para si, mas insiste em dizer que as obras que faz foram concedidas pelo Pai, que lhe enviou. Essa atitude precisa ser observada e seguida por todos nós, na missão que nos foi dada no batismo. Devemos evangelizar com a consciência de que as obras que fazemos são aquelas que nos foram concedidas pela ação do Espírito Santo e, portanto, não devemos nos gloriar delas. Oremos também, para que o Espírito Santo nos conceda o dom da humildade e nos permita viver sem nos corrompermos com o pecado da vaidade.
Que Maria, mãezinha querida e humilde serva de Deus, nos acompanhe nesse nosso peregrinar para uma vida mais santa. Amém!
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG