Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia. Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!” Jesus respondeu: “Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?” Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. Os homens ficaram admirados e diziam: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”

Duas coisas me chamam atenção ao rezar este trecho do evangelho. Primeiro o fato dos discípulos entrarem na barca de Jesus. Esta palavra me questiona: em qual barca eu estou? Eu estou na barca de Jesus? Como posso saber? Quais são minhas ações, minhas atitudes, meus posicionamentos diante dos acontecimentos do mundo que evidenciam que estou nessa barca? Tenho cuidado dos meus relacionamentos, das pessoas que me cercam, do meio ambiente, da maneira adequada para garantir que não entrei em alguma barca diferente?

Nas últimas três semanas estivemos orando trechos dos capítulos 5 a 7 de Mateus. Entendo que entrar na barca de Jesus é me ajustar àqueles ensinamentos, neles Jesus expõe como o Pai gostaria de ver seus filhos vivendo, qual é o plano de amor que Deus concebeu para nós, portanto para entrar na barca de Jesus preciso voltar, continuamente, e rezar aquelas palavras, gravá-las no meu coração, de tal modo que eu possa, com o tempo, ir agindo, cada vez mais, de acordo com elas.

Fica claro que não posso me esquecer do versículo 21 do capítulo 7: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus”.

A segunda coisa que me chamou atenção é a sequência: tempestade, Jesus dormindo, medo, falta de fé.

Jesus não disse, em momento algum, que vivendo de acordo com o seu “programa de vida”, não teríamos problemas a enfrentar. Ele nos garante, contudo, que todo aquele que se mantiver fiel e perseverar, vencerá. Mas me parece bem comum que, quando as coisas começam a complicar na nossa vida, ficamos com a sensação de que Deus nos abandonou, de que “Jesus dorme”. Assim, na oração de hoje, sou chamado a perceber que Jesus está sempre ao meu lado, não preciso temer, basta chamá-lo com fé que ele virá em meu socorro. Sou chamado a aumentar minha confiança. Posso não compreender os acontecimentos, mas confiando permanentemente em Deus e procurando ser fiel à sua vontade, estaremos sempre nos surpreendendo com o poder que Ele tem de acalmar as tempestades que nos agitam. Por que ter medo se para Deus nada é impossível?

Maria, que escutou e confiou no anjo que lhe disse “para Deus, com efeito, nada é impossível” (Lc 1, 37), seja nosso exemplo e nossa companheira. Amém!

 João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG