Ao descerem do monte, os discípulos perguntaram a Jesus: ‘Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?’ Jesus respondeu: Elias vem e colocará tudo em ordem. Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles.’ Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.

A vinda de Elias era o sinal da realização das promessas messiânicas. Elias deveria voltar antes da chegada do Senhor, antes da manifestação do Messias  (cf Malaquias, 3,22).  Mas Jesus esclarece que a tarefa destinada a Elias, “colocar tudo em ordem”, já havia sido desempenhada por João Batista. Mas não o reconheceram. Esperavam uma manifestação de Deus de uma forma espalhafatosa. Esperavam pompas e circunstâncias.

Lendo o texto, deixo que ressoe em mim as palavras que mais me chamam a atenção. É por aí que Deus quer iniciar diálogo. A frase que mais me chama a atenção é: ‘Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?’ Sinto que com isso Deus quer me perguntar: Por que você condiciona a sua realização plena a acontecimentos externos? Por que você aguarda a solução de todos os problemas (que nunca virá!) para viver e amar plenamente? Experimento que a espera de uma manifestação mirabolante de Deus revela um desejo de não ter que me comprometer verdadeiramente com a transformação das realidades. Enquanto Elias não vier, não preciso fazer nada. Posso cruzar os braços e esperar.

A quem estou esperando para colocar tudo em ordem? Sinto um desejo de me organizar, internamente e externamente. Mas me sinto sem tempo. E quando tenho tempo, não sei bem o que fazer com ele… Será que não será preciso primeiro uma ordem interna? Como o exterior pode me ajudar a me organizar internamente?

Organização interior pode ser entendida como um equilíbrio, uma serenidade que nos permite deixar fluir nossas intuições, nossos sentimentos, nossas inspirações. Ordem que nos permite reconhecer a Jesus quando ele passa… E quando Jesus fala “O Filho do Homem será maltratado”, experimento que, no meu caso, na minha vida,  esse “maltrato” a Jesus vem do meu atabalhoamento, do querer fazer várias coisas ao mesmo tempo, do não me concentrar direito em nada.

Nessa oração, Senhor, peço perdão pelas vezes em que o espero de modo espetacular e deixo de reconhecê-lo no dia a dia. Obrigada por me fazer perceber o quanto isso maltrata você em mim.

Pollyanna Vieira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG