“Ó Senhor, eu sou teu servo”
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27 de fevereiro de 2018
Evangelho – Lc 6,36-38
36Tenham misericórdia dos outros, assim como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês.
37 — Não julguem os outros, e Deus não julgará vocês. Não condenem os outros, e Deus não condenará vocês. Perdoem os outros, e Deus perdoará vocês. 38Deem aos outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos. A mesma medida que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês.
Intuímos sempre a presença do Pai numa ambiência de carinho, generosidade e conciliação. Clamamos sempre pela misericórdia de Deus, na certeza de que Ele é capaz de receber nossas misérias em seu infinito coração.
Em contrapartida, recebemos hoje o convite de anteciparmos aquelas ações que esperamos de Deus e que a Ele tanto pedimos. Ao mesmo tempo, somos levados a enxergar nossa postura avaliando-a em comparação ao que esperamos do Pai.
Em nosso dia a dia, assumimos um comportamento, por vezes, de fato, hipócrita ao cobrarmos do outro aquilo que nós não conseguimos fazer ou a querer que o outro evite ações que nós praticamos. A palavra “hipócrita” vem do grego “hypokrités”, que significava “ator”. Dessa forma, quando julgamos as ações do outro, sendo capazes de praticar as mesmas atitudes, estamos representando, estamos assumindo uma identidade que não corresponde ao que verdadeiramente somos. Uma vez que somos marcados pela imperfeição, Jesus nos alerta de que não deveríamos cobrar a perfeição do nosso próximo.
Ao julgarmos o outro, vemos nele, muitas vezes, os defeitos que somos incapazes de ver em nós mesmos. Se fizermos um exercício de analisar o que apontamos de erro nos outros, muito possivelmente encontraremos tal erro em nossas ações.
Quando conseguimos nos colocar no lugar do outro, conseguimos parar de julgar, e o que é melhor: conseguimos aceitar e trabalhar nossos próprios erros.
Não é nosso papel julgar e, muitas vezes, fazemos isso sem nem mesmo perceber, pois herdamos por cultura esse hábito e, cada vez que o pomos em prática, contribuímos para sua perpetuação. Talvez tenhamos herdado isso das eras mais remotas, quando a sociedade, em grande parte das vezes, era participante das punições dadas aos culpados pela “justiça” – como espectadores (como na crucificação) ou como agentes mesmo (no caso das mulheres apedrejadas, por exemplo).
Aderir ao convite do evangelho de hoje significa colocar em prática as ações de misericórdia que esperamos do pai, significa abandonar nossa postura de falsidade e buscar um discurso e uma prática autênticos. Para isso, pensemos: quais são as atitudes “hipócritas” que tomei recentemente no sentido do que diz o texto bíblico de hoje? O que me impede de realmente me colocar no lugar do outro para agir de modo mais reflexivo? Qual a proposta faço a mim mesmo diante do convite feito por Jesus hoje?
Peçamos hoje a Jesus que nos dê sabedoria para colocar em prática as sugestões do evangelho.
Amém
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte