“Como eu amo a tua lei, Senhor”
27 de julho de 2014João 11,19-27 – Ressurreição e vida
29 de julho de 2014Leitura
“Jesus apresentou-lhes outra parábola ainda: ‘O Reino dos Céus é como um grão de mostarda. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior que as outras hortaliças e torna-se um arbusto de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos.’ Jesus contou-lhes ainda uma outra parábola: ‘O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado. ‘Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: ‘Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo'”.
A parábola do jardineiro de pequenas sementes
Jesus tudo falava em parábolas, o que demonstra seu tamanho talento pedagógico. Anunciava o projeto de salvação, apresentava ao mundo o Reino dos Céus, por meio de uma linguagem simples, a fim de que pudesse ser entendido por qualquer pessoa, necessitando-se apenas humildade e abertura de coração. Apesar de seu discurso, então, demonstrar-se universal, era verdadeiro educador, porque a compreensão de sua palavra requeria postura ativa, esforço interpretativo, fazendo com que o escutassem como seres pensantes, reflexivos. O discurso em parábolas foi fundamental para tornar atemporal o ensinamento de Jesus; é extraordinário porque é capaz de se encaixar em cada realidade individual, apesar de fundamentalmente convergir para significados únicos.
A primeira parábola contida no discurso apresentado vem me ensinar como pertencer, hoje, ao Reino dos Céus. Jesus me mostra que seu seguimento, na prática diária da caridade, me exige duas qualidades indispensáveis: simplicidade e paciência. Explico-me. Quando era mais jovem, imaginava que sozinho poderia melhorar o mundo todo, extirpando todo o sofrimento e implementando paz universal, tipo um herói – o super-homem. Hoje o sonho persiste, mas ganha pretensão menos utópica. Entendo que sou chamado a transformar minha realidade, aquilo que está ao meu alcance. Devo começar então semeando pequenos atos de caridade, sutis gestos de amor; com simplicidade, portanto, como se minhas ações e pensamentos fossem grãos de mostarda – discretos, embora poderosos. Jesus me antecipa a grandeza dessa semeadura, apresentando-me um final apoteótico – as sementes de caridade emergindo como algo que está acima de qualquer outra coisa, alcançando um nível inatingível por outras espécies de cultivo. O que está oculto, contudo, é que o crescimento dessa semente de caridade é lento; dura toda uma vida. Não tendo nenhum resultado, pode ganhar-me o desânimo. Sendo assim, não basta semear, é preciso paciência.
Está aí o sentido da vida enunciado por Jesus. A vida é esperança que se dispõe depois da semeadura e antes do alcance final. Serei então o jardineiro das pequenas sementes. E como diria Jesus, quem tem ouvidos ouça.
Marcelo H. Camargos. Estudante de medicina. Fraternidade Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte, MG.