João 16, 20-23 – O Deus empático
30 de maio de 2014Credes agora? (Jo 16, 29-33)
2 de junho de 2014LEITURA
“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!’.
Maria, então, disse:
‘Minha alma engrandece o Senhor,
e meu espírito exulta em Deus, em meu Salvador,
porque olhou para a humilhação de sua serva.
Sim! Doravante as gerações todas
me chamarão de bem-aventurada,
pois o Todo-poderoso fez grandes coisas
em meu favor.
Seu nome é santo
e sua misericórdia perdura de geração em geração,
para aqueles que o temem.
Agiu com a força de seu braço,
dispersou os homens de coração orgulhoso.
Depôs poderosos de seus tronos,
e a humildes exaltou.
Cumulou de bens a famintos
e despediu ricos de mãos vazias.
Socorreu Israel, seu servo,
lembrado de sua misericórdia
– conforme prometera a nossos pais –
em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!’.
Maria permaneceu com ela mais ou menos três meses e voltou para a casa”.
Maria de fé, Maria de Deus
Diante de texto de tão ricas reflexões cabíveis, preenchido por bela poesia, o que hoje desperta a minha atenção é a reação de Maria, frente a tamanho elogio de sua prima Isabel. Esta, usando de “um grande grito”, colocou Maria como preferida, dentre todas as mulheres, além de dizê-la feliz, agraciada, em consequência da sua crença. Maria, realçando a legitimidade de sua fé, coerentemente contida em sua humildade, nem sequer se esforçou para agradecer as palavras de Isabel, mas preferiu direcioná-las, como se fosse ponte, ao seu Senhor, Deus Salvador.
Tendo em vista que Jesus nos concedeu a maternidade de Maria, prestes à sua morte de cruz, também nos convidou à imitação do exemplo da bendita mulher. Sendo assim, a leitura de hoje nos convida a percebermos se, assim como Maria, estamos sendo direcionadores dos reconhecimentos e elogios deste mundo ao nosso Senhor, verdadeira fonte de todas as nossas graças e dons.
Quando nos destacamos na vida estudantil, profissional ou social, estamos sujeitos à valorização dos méritos alcançados, especialmente porque nos esforçamos, batalhamos, em busca de uma meta. Essa valorização se apresenta como importante componente motivador de nossos objetivos. Entretanto, como indivíduos de fé, crentes em um Deus que é misericordioso e que nos ama, por isso, fazendo-nos capazes de alcançarmos tantos prodígios, devemos diante das conquistas lembrarmo-nos que tudo acontece em nosso favor por causa da onipotência do pastor que nos conduz e que nos entende como seus instrumentos. Estou certo de que diariamente alcançamos inúmeras vitórias em diversos âmbitos de nossas vidas; contudo, diante da euforia presente nessas situações, temos humildade e fé suficientes para fazer desses momentos um hino de louvor e de engrandecimento ao nome de nosso Deus?
Maria nos ensina que a fé está além de uma simples crença. Constitui-se de uma relação de tão profunda intimidade com Deus, a ponto de nos fazermos pertencentes à sua graça, pertencentes ao seu corpo.
Marcelo H. Camargos. Estudante de medicina na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte, MG.