“Ó Senhor Deus, como eu te amo! Tu és a minha força”
26 de outubro de 2014Próximos de Jesus – Lucas 6,12-19
28 de outubro de 2014Leitura: Lucas 13,10-17
Naquele tempo, Jesus estava ensinando numa sinagoga, em dia de sábado. Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. Vendo-a, Jesus chamou-a e lhe disse: ‘Mulher, estás livre da tua doença.’ Jesus colocou as mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou, e começou a louvar a Deus. O chefe da sinagoga ficou furioso, porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado. E, tomando a palavra, começou a dizer à multidão: ‘Existem seis dias para trabalhar. Vinde, então, nesses dias para serdes curados, mas não em dia de sábado.’ O Senhor lhe respondeu: ‘Hipócritas! Cada um de vós não solta do curral o boi ou o jumento, para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado? Esta filha de Abraão, que Satanás amarrou durante dezoito anos, não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?’ Esta resposta envergonhou todos os inimigos de Jesus. E a multidão inteira se alegrava com as maravilhas que ele fazia.
Oração:
A oração de hoje nos convida a perguntar pelo sentido das coisas e, mais especificamente, sobre o sentimento de Deus.
Jesus poderia não ter curado no sábado e esperado o outro dia para realizar a cura, não é? Para quem esperou dezoito anos, que é esperar mais um dia? Jesus poderia ter esperado. Não se indisporia com o chefe da sinagoga e tantos outros que se tornariam seus inimigos… mas não esperou.
Jesus curou no dia de sábado. Ele, que disse ter vindo não para abolir a lei, mas para cumpri-la (Mt 5,17), transgride o mandamento, o comum, a tradição. Não é uma transgressão pela transgressão, ou uma transgressão para medir forças… é uma transgressão de amor. Não importa quanto tempo aquela mulher esperou: quando Ele a encontra, ela não deve esperar mais.
Essa passagem, uma das mais emblemáticas para revelar Jesus como o Filho, pois só Deus é o senhor do sábado – e de todos os dias e de todo o tempo –, revela-nos, também, o sentido da vida e o sentimento de Deus: é o amor, pelo qual se pode transgredir. “Ama e faz o que quiseres”, dirá mais tarde Santo Agostinho.
O que acontece quando se transgride por amor? Quando se vai além, quando se pensa fora do que “sempre foi, sempre será”? O ser humano se liberta. Quando amamos e transgredimos, alguém que antes era oprimido pode andar com liberdade, alguém que antes sentia peso pode caminhar sem se curvar… todos podem adquirir a altivez que têm todos os filhos de Deus, ainda que esta estatura às vezes fique diminuída.
Deus nos abençoe com a capacidade de amar sem fronteiras. Hoje, peçamos especialmente pelas reflexões que tiveram início com a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, onde estão sendo discutidos assuntos como as novas configurações familiares, métodos contraceptivos, uniões homossexuais, entre outros temas. O Espírito de Deus, que nos falou outrora por Jesus, dê-nos luz e coragem para amar e não deixar que seus filhos andem mais tempo encurvados.
Que nosso amor, tal qual o de Jesus, não nos prenda e, além disso, seja para os outros libertador!
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, graduando em Direito na UFMG