O Espírito: fogo que aquece, ilumina, divide e une.
23 de outubro de 2014O bom vinhateiro
25 de outubro de 2014Leitura: Lucas 12,54-59
Naquele tempo, Jesus dizia às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo? Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.
Oração:
A crítica de Jesus de então me parece, hoje, ainda mais adequada: sabemos muito antes e com mais precisão quando vai chover ou quando teremos seca; fazemos a análise do nosso material genético e sabemos quais doenças teremos e como morreremos… são apenas alguns exemplos da mega previsibilidade que o homem alcançou. Mesmo assim, ao contrário da certeira previsão dos contemporâneos de Jesus, frequentemente nós erramos, pois muitas vezes nada das nossas previsões se concretiza.
Nesta vida, que só podemos conceber com as dimensões de espaço e tempo, é muito difícil, para nós, alcançar o olhar de Deus, para quem tempo e espaço não são condicionantes, mas criaturas. Nós somos seres no tempo; o tempo é um ser em Deus.
Por amor, Jesus deseja que não gastemos nosso olhar naquilo que não importa. O passado tem muito a nos dizer e o futuro nos faz caminhar, mas esses dois tempos servem a outro tempo, o único em verdade existente e importante.
O momento presente faz parte da reflexão de alguns santos. Para inspirar a oração de hoje, talvez ajudem estas citações de duas mulheres da contemporaneidade bastante marcantes na espiritualidade cristã: “O dia mais belo: hoje”, escreveu Madre Tereza; “Vivendo o momento presente, vivo todo o Evangelho”, afirma Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
Por que a insistência no hoje, nesta hora, no momento presente? A oração de hoje me traz um palpite. O medo, que é o contrário do amor (1ª Jo 4, 18), é o sentimento do futuro. Temos medo do que acontecerá, do que dirão, do que sentirei, do que não será. No presente, o medo não tem poder, pois o medo se enfrenta no presente. O amor, por sua vez, não existe no futuro; existe apenas no presente, onde se concretiza, e se houve amor no passado, era amor no presente. Em outras palavras, há sentimentos mais ligados a cada tipo de tempo: ao tempo presente está ligado o amor, pois outros sentimentos sobrevivem em outros tempos, mas o amor é sentimento deste tempo.
Na oração de hoje, que Jesus seja companheiro em nossa análise do tempo. Em qual tempo eu vivo? Sem prescindir do meu passado e do meu futuiro, tenho a vida no presente, o único tempo onde a vida pode ser abundante?
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca – estudante de Direito na UFMG