Vinho novo, odres novos! (Mt 9, 14-17)
8 de julho de 2017Enviados primeiro aos próximos mais próximos (Mateus 10,1-7)
12 de julho de 2017Leitura: Mateus 9, 32-38
Quando eles foram embora, algumas pessoas levaram a Jesus um homem que não podia falar porque estava dominado por um demônio. Logo que o demônio foi expulso, o homem começou a falar. Todos ficaram admirados e afirmavam:
— Nunca vimos em Israel uma coisa assim!
Mas os fariseus diziam:
— O chefe dos demônios é quem dá a esse homem poder para expulsar demônios.
Jesus andava visitando todas as cidades e povoados. Ele ensinava nas sinagogas, anunciava a boa notícia sobre o Reino e curava todo tipo de enfermidades e doenças graves das pessoas. Quando Jesus viu a multidão, ficou com muita pena daquela gente porque eles estavam aflitos e abandonados, como ovelhas sem pastor. Então disse aos discípulos:
— A colheita é grande mesmo, mas os trabalhadores são poucos. Peçam ao dono da plantação que mande mais trabalhadores para fazerem a colheita.
Oração:
Hoje Mateus nos apresenta a cena de um milagre e um pedido de Jesus aos discípulos. Podemos rezar com esses dois momentos…
No primeiro momento da oração, podemos contemplar a cena: os amigos de um homem levam-no a Jesus porque ele não falava… estava dominado por um demônio. O demônio é expulso e o homem volta a falar. Não precisamos pensar em situações tão críticas como à daquele homem – dominado por um demônio – para penetrar na profundidade do gesto de Jesus. À nossa vida, a cena diz: quando Deus está, as pessoas podem se expressar. Com Deus, as pessoas podem falar. Com o Espírito, encontramos as palavras. Há um grande mal na mudez (não estamos falando, é claro, da mudez física): quando as pessoas não podem falar, não há diálogo. Quando as pessoas não podem se expressar, não há autenticidade. A vida de Deus em nós liberta-nos da “não expressão”… A conversa com Deus liberta-nos do “silêncio”… Se a Igreja se abre a Jesus, ela deixa que haja expressão. O silêncio, quando há vontade de expressão, é inimigo do homem e é inimigo de Deus.
Devo perguntar-me: que palavras desejo dizer e não digo? Que conversas desejo ter e não tenho? A quais expressões gostaria de dar vida e não dou? Que fala não se me permite? Quem me domina? Eu mesmo me tiro a voz? Quem ou o que me tira a expressão? Quem ou o que me confisca o dizer? E os outros: permito que se expressem? Minha vida domina a do outro pelo silêncio que lhe imponho? Minha atuação anula a palavra do outro, seu direito de se expressar? Ou é minha presença como a de Jesus, que não só autoriza, mas liberta para a fala, para a expressão, para a palavra?
No segundo momento, podemos olhar para Jesus andando e visitando as cidades e povoados. Ele se compadece, pois as pessoas estão sem pastor. Aí, como me vejo? Sou uma dessas pessoas, que não enxerga um norte e portanto mexe com Jesus? Ou sou um dos discípulos de Jesus, que percebe, de repente, que Jesus sente pena de toda a humanidade e não veio para a alegria do meu grupo apenas? Quem sou nas andanças de Jesus?
Se eu sou já um(a) amigo(a) de Jesus, ouço dele o pedido: “A colheita é grande mesmo, mas os trabalhadores são poucos. Peçam ao dono da plantação que mande mais trabalhadores para fazerem a colheita“.
Jesus, você pode fazer esse pedido ao Pai. Você, o predileto. Por que deseja que peçamos ao Pai que envie mais trabalhadores?
Olho para os discípulos. Olhamos para nós. Parece que Jesus quis que os discípulos sentissem aquela urgência. Era necessário que soubéssemos que a plantação é do Pai, mas que os filhos, todos, temos uma cota de trabalho a cumprir para que a multidão esteja menos sedenta…
Peçamos ao Espírito que nos dê o olhar e o coração de Jesus. Que olhemos para o mundo e enxerguemos a urgência da ação e da oração. Que a Igreja e os cristãos sejamos sempre uma presença que liberta da mudez cruel, depressiva, anuladora… que sejamos uma presença que permite a fala, que exorta à expressão, que autoriza e celebra a liberdade de ser – que é uma forma radical de dizer.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte