Aquele que incomodava (João 10,31-42)
18 de março de 2016VI Domingo da Quaresma – Ano C
20 de março de 2016Leitura: Mateus 1,16.18-21.24a
Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.
Oração: José, quando acordou…
Não há na Sagrada Escritura qualquer palavra dita por José. Pelo texto de hoje, contudo, ficamos conhecendo algumas características interessantes daquele que certamente tanto ensinou a Jesus. Primeiro, o texto localiza a genealogia de José, colocando-o no plano de salvação: era filho de Jacó e tornou-se esposo de Maria. Depois, cita-se que José era justo, apontando um gesto corajoso e misericordioso: não queria que Maria fosse apedrejada – porque estava prometida a ele, mas apareceu grávida – e por isso resolveu deixá-la em segredo. Então, o anjo do Senhor apareceu-lhe em sonho para explicar o que havia acontecido com Maria e o que o Senhor esperava dele. Por fim, logo ao acordar, José decidiu agir conforme a orientação do anjo.
Essa sucessão de eventos, narrados de forma tão objetiva, pede-nos um exercício de empatia. Percebamos que desde o início não deve ter sido nada fácil e simples para José. A mulher que lhe era prometida repentinamente aparece grávida, e ele poderia optar por múltiplos caminhos de ação. Bastava decisões mais impulsivas e agressivas sobre como agir diante disso e o plano de salvação se esgotaria com o vexame e violência contra Maria. Mas José era justo. Com isso, além de nos depararmos com gesto de tamanha bondade e lucidez, percebemos que a justiça para José era característica sólida. José não foi apenas justo naquele momento desafiador, e essa intimidade com a justiça lhe foi crucial para que decidisse não expor Maria à imediata agressividade da Lei.
Quando José acordou do sonho em que lhe apareceu o anjo do Senhor, decidiu acatar a vontade de Deus. Esse foi o “sim” de José, logo após exposto o que o Senhor esperava dele. Continuando o exercício de empatia, pensemos aqui se teríamos tamanho gesto de fé e confiança nos planos de Deus!
Talvez hoje Deus nos queira revelar o que Ele espera de cada um de nós. Não nos aparece em sonho, mas está na Palavra, nos irmãos mais necessitados e sofridos, nos excluídos, nos condenados pelo mundo… Peçamos que José nos auxilie no gesto de colocarmo-nos à disposição dos planos de Deus, não depois em outros tempos, mas agora, logo ao acordarmos.
Marcelo H. Camargos – Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte/MG