Faz parte do instinto humano, por ser animal, certo tipo de medo ou ansiedade que, ao longo de sua evolução, garantiu-lhe a sobrevivência. Na atualidade, contudo, vários problemas psíquicos afligem homens e mulheres, sejam adultos, idosos ou mesmo crianças, e esses problemas estão, em grande parte, relacionados a sentimentos de medo, ansiedade, pânico, desconfiança… A vida, naturalmente composta de tantas contingências , não é pródiga em dar garantias, por isso vamos nos sentindo como que em um barco que atravessa um mar de ondas agitadas e sob tempestade, ninguém podendo pará-lo, tal qual viveram os discípulos.

Às vezes, entre um e outro balanço da vida, parece que Deus dorme. Ora, há perdas que não poderemos evitar, há situações que teremos de enfrentar e há perguntas que, ao menos em curto prazo, não poderemos responder completamente. Ainda assim, Jesus, bem com repreende os discípulos, reclama nossa fé. É necessária uma vida de oração que não nos deixe esquecer que não estamos sozinhos, pois dentro de nós, assim como Jesus na barca com os discípulos, Deus descansa. E o lugar onde Deus faz morada não perece jamais.

É preciso, a cada dia, olhar o mar agitado e ter condições de oferecer o contraste que viveram os discípulos: a barca balançava e Jesus dormia. Isto é, convém muito não perder a noção da realidade, não se alienar, percebendo que fora de nós nem sempre há indícios de segurança, mas cultivar, interiormente, a paz que só pode sentir quem sabe ser morada de Deus. Essa consciência, de sermos filhos amados do Pai, dá-nos a capacidade de navegar com mais altivez mesmo sob tempestade. De fato, a fé é o único caminho para que os balanços da vida, ao invés de nos desesperar como aos discípulos, nos ninem para sonharmos com a vontade de Deus, como Jesus fez aquele dia na barca.

João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, graduando em Direito na UFMG – Família Missionária Verbum Dei – FamVD