IV Domingo de Páscoa– Ano C
17 de abril de 2016Aquilo que o Pai mandou dizer (João 12,44-50)
20 de abril de 2016Evangelho, João 10,1-10
‘Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.’ 6Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. 7Então Jesus continuou: ‘Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 8Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10 O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
Convido você a refletir hoje sobre o papel de Jesus e no nosso na parábola que Ele conta. O Mestre sempre figura nos textos como o pastor. Porém, no evangelho acima, além desse significado, Ele se coloca no papel da porta (versículo 9). Ele não só é aquele sempre pronto a nos guiar pelos campos, mas também a travessia para a liberdade. Ele é a porta que supõe saída e não aprisionamento. Jesus se assume como ponto central para nossa liberdade. Afinal, foi exatamente para isso que Ele veio.
Um encontro profundo com Jesus é capaz de nos fazer ver a nossa vida de um modo tão diferente e instaura um bem-estar tão pleno a ponto que nos faz sentir, de fato, o que é ser livre. Depois de um encontro como esse, olhamos para trás e a vida que levávamos se mostra tão pequena perto da que Ele nos oferece! Passar por Jesus, que é a porta, significa a possibilidade de enxergar a vida mais amplamente, ver o quão limitada nossa vida poderia continuar sem tal experiência. Ele nos mostra que nossa verdade não é a limitação, não é o aprisionamento, mas a sensação de pura liberdade.
Não bastando isso, ele ainda se assume o pastor e nós as ovelhas. Longe da ideia de pensar na ovelha como massa de manobra, Jesus usa a metáfora para que entendamos o carinho que têm conosco. Chamar uma pessoa pelo seu nome e não por pronomes de tratamento, significa construir intimidade. É assim que o Mestre quer que pensemos a nossa relação com ele, nosso contato com Ele é doce. Como ovelhas, ele sabe que somos sensíveis, que precisamos de cuidados individuais e, como ovelhas, Ele espera nossa receptividade. Como ovelhas, estamos propensos a uma série de perigos e Ele está sempre pronto a nos ajudar a sair deles. A imagem acima é bem ilustrativa de toda a docilidade que Jesus quer significar para nós. E Ele espera também de nós a docilidade da ovelha, a abertura para ouvi-Lo, reconhecê-Lo e segui-Lo. Nesse pastor que entra pela porta e não sorrateiramente podemos confiar.
Chegada a época da tosquia, a ovelha sofre, mas o pastor sabe que tal ação é necessária para que ela consiga enfrentar o verão. Assim também, Jesus nos deixa passar por sofrimentos necessários para que nos fortaleçamos para o que ainda está por vivermos. Ele não nos abandona nunca, apenas cuida de nós das mais variadas formas. Ele nos põe no colo sem que nem percebamos, às vezes.
Como ovelhas, precisamos pensar em como está nosso relacionamento com Jesus. Estamos abertos para distinguir a Sua voz dentre tantas que ouvimos todos os dias? Estamos enxergando a “porta” aberta que ele nos oferece todos os dias para que saiamos de nossos aprisionamentos? Ou estamos, em meio ao sufoco das obrigações diárias, misturando a voz Dele com todos os ruídos a nossa volta e acreditando que a vida se remune nas limitações que experimentamos?
Depois de nos ver como ovelhas e de conhecer profundamente o Amor desse Pastor, podemos também nos pensar como porteiros: aquele que vai abrir a porta para as ovelhas acompanharem o pastor. Aqueles que vão mostrar para as ovelhas que a “Porta” é a única saída para a liberdade do campo e que o redil é só uma parte de sua existência.
Alimentados pelo nosso amor por Jesus e no Dele por nós, somos capazes de anunciá-lo para quem está próximo de nós e é até natural que o façamos. Depois de saber o que a liberdade do campo nos oferece, não gostaríamos que aqueles que nos rodeiam também desfrutem desse bem-estar pleno?
Então, peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça e nos dê o dom do discernimento para aprendermos a ouvir melhor a voz de Jesus para que, assim, percebamos que a realidade de aprisionamento na qual nos possamos encontrar não é a única realidade e para que enxerguemos o que a Porta (que é Jesus) está a nos mostrar.
Amém!
Ana Paula Ferreira – Família Verbum Dei- BH