No mesmo barco
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1 de fevereiro de 2016LECTIO DIVINA
IV Domingo do Tempo comum – Ano C
31 de janeiro de 2016
“Falarei do teu poder, ó Senhor, meu Deus,
anunciarei a tua fidelidade, a tua fidelidade somente”.
Sl 71.16
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem a mim, Espírito Santo,
Espírito de sabedoria:
dá-me visão e audição interiores
para que não me apegue às coisas materiais,
mas busque sempre as realidades do Espírito.
Vem a mim, Espírito Santo,
Espírito de amor;
faze com que meu coração
seja sempre capaz de mais caridade.
Vem a mim, Espírito Santo,
Espírito de Verdade:
concede-me chegar ao conhecimento da verdade
em toda a sua plenitude.
Vem a mim, Espírito Santo,
água viva que leva à vida eterna:
concede-me a graça de chegar
a contemplar o rosto da misericórdia, Jesus Cristo,
na alegria e na vida sem fim.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 4.21-30
Jesus em Nazaré
Mateus 13.53-58; Marcos 6.1-6
21Então ele começou a falar. Ele disse:
— Hoje se cumpriu o trecho das Escrituras Sagradas que vocês acabam de ouvir.
22Todos começaram a elogiar Jesus, admirados com a sua maneira agradável e simpática de falar, e diziam:
— Ele não é o filho de José?
23Então Jesus disse:
— Sem dúvida vocês vão repetir para mim o ditado: “Médico, cure-se a você mesmo.” E também vão dizer: “Nós sabemos de tudo o que você fez em Cafarnaum; faça as mesmas coisas aqui, na sua própria cidade.”
24E continuou:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. 25Eu digo a vocês que, de fato, havia muitas viúvas em Israel no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e meio, e houve uma grande fome em toda aquela terra. 26Porém Deus não enviou Elias a nenhuma das viúvas que viviam em Israel, mas somente a uma viúva que morava em Sarepta, perto de Sidom. 27Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi curado. Só Naamã, o sírio, foi curado.
28Quando ouviram isso, todos os que estavam na sinagoga ficaram com muita raiva. 29Então se levantaram, arrastaram Jesus para fora da cidade e o levaram até o alto do monte onde a cidade estava construída, para o jogar dali abaixo. 30Mas ele passou pelo meio da multidão e foi embora.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Mest. Leonardo Mongui Casas[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
O que se perguntavam as pessoas que escutavam Jesus? O que Jesus disse a respeito dos profetas? Qual foi a atitude dos que escutavam Jesus? Como Jesus reagiu?
Algumas pistas para compreender o texto:
O evangelho de hoje nos apresenta a continuação do relato do domingo anterior.
A presença do Mestre, sua acolhida em meio aos mais necessitados, sua maneira particular de anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus nem sempre encontram nos que o escutam a aceitação que Jesus espera. As primeiras semanas deste ano litúrgico giraram em torno da pergunta “quem é este?” No entanto, o evangelho deste domingo, de modo especial, faz esta indagação em meio aos conterrâneos de Jesus.
A autoridade do Mestre não vem deste mundo: era óbvio que Jesus, diferentemente dos mestres da lei (escribas, fariseus), não tinha contado com uma educação privilegiada ou crescido em um meio economicamente confortável. Jesus era uma pessoa do povo: mesmo sendo filho de José, o carpinteiro, as pessoas ficavam admiradas com suas palavras e com seu conhecimento da Lei de Deus, o que suscitou o desejo de ver esse ensinamento acompanhado pelos milagres que ele havia realizado em Cafarnaum. A mensagem do mestre não provém da autoridade de um título, mas da relação estreita com o Pai e o Espírito Santo.
Jesus quer que escutem a palavra e a acolham em seu coração como fonte de vida e de inspiração para as atividades comuns. Previne contra o desejo doentio de sinais extraordinários ou de respostas a necessidades imediatas. O mais importante é acolher Jesus como mestre de vida; as outras coisas virão por acréscimo. A atividade de Jesus não tem como fim um poder social, mas a justiça para aqueles que, como ele, tendo ou não estudos, tornam Deus presente com suas vidas.
A mensagem de Deus é para quem a quiser receber: Jesus recorda como foram tratados os profetas em seus lugares de origem e a universalidade da mensagem na história da salvação, destacando a prioridade do povo de Deus, inclusive apesar de sua infidelidade. Tal comparação faz lembrar os pecados do povo contra os profetas e altera os ânimos dos que o escutam, levando-os a atentar contra Jesus.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje, o Evangelho nos apresenta uma situação que Jesus viveu e que, sem dúvida, magoou seu coração. Imaginemos o que sentiram os vizinhos da família de Jesus de Nazaré ao observar que ele, que cresceu em iguais condições, fala com conhecimento e propriedade, atestando que as profecias se realizam nele. Os conterrâneos de Jesus estavam admirados com suas palavras, mas também esperavam que realizasse muitos milagres entre eles, sem levar em conta que palavra e milagre fazem parte de algo muito mais importante: acolher Jesus como Mestre de vida e Salvador, e não somente como bom orador e milagreiro. Isso seria manipular a missão de Jesus; por isso, ele se opõe a tal atitude. A única forma de experimentar a alegria do Evangelho que Jesus anuncia é acolher sua Palavra e meditá-la em nosso coração, deixando que ela transforme nossas atitudes. O resto vem por acréscimo. Sintamo-nos convidados, hoje, a viver a novidade de Jesus em nossas vidas, e não permitamos que passe ao largo: abramos a porta de nossa vida à sua presença e deixemos que ele se manifeste em todas as áreas de nossa vida.
É o que nos aconselha o Papa Francisco: “A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projetar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus. Muitas vezes seguimo-lo e acolhemo-lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade -, transforma e pede para confiar totalmente n’Ele: Noé construiu uma arca, no meio da zombaria dos demais, e salva-se; Abraão deixa a sua terra, tendo na mão apenas uma promessa; Moisés enfrenta o poder do Faraó e guia o povo para a liberdade; os Apóstolos, antes temerosos e trancados no Cenáculo, saem corajosamente para anunciar o Evangelho. Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
“Permanecemos abertos às ‘surpresas de Deus’? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento?”[4]
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Como deixar que sejas Tu mesmo,
sem reduzir-te, sem manipular-te?
Como, crendo em ti, não proclamar-te
de modo igual, maior, melhor que o Cristianismo?
Colhedor de riscos e de dúvidas,
Vencedor de todos os poderes,
Tua carne e tua verdade na cruz desnudas,
contradição e paz, és quem és!
Jesus de Nazaré, filho e irmão,
vivente de Deus e pão em nossa mão,
caminho e companheiro de jornada,
Libertador total de nossas vidas,
que vens, junto ao mar, com a alvorada,
as brasas e as chagas enrubescidas.[5]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, acolho tua Palavra e a medito dia e noite…
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Toda vez que alguém puser em dúvida a Palavra de Deus, zombar de mim ou irritar-se com meus convites para seguir Jesus, quero identificar-me com o Senhor.
“O Coração de Jesus pede-lhe confiança em sua bondade
para que você experimente a doçura e a força de sua ajuda em suas necessidades; tal assistência é proporcional à confiança”
Santa Margarida Maria Alacoque
[2] É leigo, membro da Associação de Missionários da Juventude na Colômbia, especialista em Ciências Bíblicas e Mestre em Pastoral de Juventude. Trabalha como Diretor Associado da Equipe Bíblica no Instituto Fé e Vida. Faz parte da Equipe Lecionautas desde o ano 2012.
[3] Papa Francisco, Praça de São Pedro, 19 de maio de 2013 (http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2013/documents/papa-francesco_20130519_omelia-pentecoste.html).
[4] Ibidem.