Meus olhos viram a tua salvação (Lucas 2, 22-40)
2 de fevereiro de 2015LECTIO DIVINA
IV Domingo do Tempo Comum – Ano B
1º de fevereiro de 2015
“Venham todos, e louvemos a Deus, o Senhor!
Cantemos com alegrai à rocha que nos salva.” Salmo 95.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Entreguemo-nos ao Pai celestial,
para que estabeleça em nós seu enviado, Jesus Cristo.
Doem-nos ao Espírito Santo, para que nos possua e dirija;
e para que abra e disponha os corações dos ouvintes
a acolher a divina Palavra.
Encomendemo-nos ao poder de intercessão
da Santa Virgem Maria, dos anjos e dos santos,
para alcançarmos estas graças.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 1.21-28
Um homem dominado por um espírito mau
Lucas 4.31-37
21Jesus e os discípulos chegaram à cidade de Cafarnaum, e, no sábado, ele foi ensinar na sinagoga.22As pessoas que o escutavam ficaram muito admiradas com a sua maneira de ensinar. É que Jesus ensinava com a autoridade dele mesmo e não como os mestres da Lei.23Então chegou ali um homem que estava dominado por um espírito mau. O homem gritou:
24— O que quer de nós, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!
25Então Jesus ordenou ao espírito mau:
— Cale a boca e saia desse homem!
26Aí o espírito sacudiu o homem com violência e, dando um grito, saiu dele.27Todos ficaram espantados e diziam uns para os outros:
— Que quer dizer isso? É um novo ensinamento dado com autoridade. Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem.
28E a fama de Jesus se espalhou depressa por toda a região da Galileia.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber[1]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
A que lugar chegaram? Em que dia Jesus entrou na Sinagoga? Que fez Jesus ao entrar na Sinagoga? Por que as pessoas ficaram admiradas? O que respondeu Jesus ao espírito impuro? De acordo com as pessoas, como Jesus ensinava? O que se espalhou por toda a região da Galileia?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Depois do início da pregação de Jesus e do chamado dos primeiros discípulos que lemos no domingo passado, hoje o evangelho nos apresenta Jesus em ação com suas palavras – “… ele foi ensinar” (v. 21) – e obras, expulsando um espírito mau (vv. 25ss).
O texto tem uma introdução (vv. 21-22) que indica o lugar, o tempo e o que Jesus faz. Em seguida, o centro do relato, que é a expulsão do espírito mau (vv. 23-26); por fim, a reação de admiração das pessoas e o crescimento da fama de Jesus vv. 27-28). Jesus, que havia começado a pregar o evangelho (cf. 1.114-15), não fica apenas em palavras, mas torna realidade o evangelho da salvação, libertando o homem que tinha um espírito mau.
A simples presença de Jesus perturba o espírito mau, que faz duas perguntas e uma afirmação: “O que quer de nós, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!” (v. 24). Estas palavras do espírito mau nos mostram também as ideias que o espírito mau sugere hoje: Por que você se mete conosco, Jesus de Nazaré? Literalmente, está a dizer: o que você tem a ver conosco, Jesus de Nazaré? Ou seja, o espírito mau nos sugere perguntar o que Jesus tem a ver conosco, com nossa vida. Que resposta válida ele nos pode dar? É uma pergunta que esconde uma mentira e uma zombaria, como a dizer: “Deus não tem nada a ver conosco, nada tem para dar-nos”.
“Você veio para nos destruir?” Esta pergunta encobre a insinuação que o espírito mau faz, dando a entender que Deus nos destrói, que Deus é inimigo do ser humano e de sua felicidade; ela dá continuidade àquela armadilha que a serpente estendeu à mulher no paraíso: com sua pergunta, quer que a mulher acredite que Deus não quer o bem para a humanidade (Gn 3.1).
“Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!” Certamente o espírito mau conhece a Deus, mas em seus lábios isso também é uma zombaria, porque é um conhecimento que não se deixa tocar por quem Deus é. É como se dissesse: “Sei muito bem quem é você, e não me serve para nada”.
Jesus não entra em luta com o espírito mau, simplesmente ordena-lhe: “Cale a boca e saia desse homem!” (v. 25), e o espírito obedece, porque reconhece que Jesus tem autoridade para libertar e curar.
A reação de todos é o assombro e a admiração. Este Jesus que havia começado a anunciar o evangelho já o está pondo em prática com esta libertação.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje nos encontramos em uma realidade que o próprio Jesus propõe para examinarmos nosso agir. Sabemos bem que nosso principal desafio de vida é ser como Jesus, em seu modo de agir, de viver, etc., e que cada coisa que fizermos deve conduzir-nos a ele.
Por essa razão, somos convidados a refletir sobre nossas palavras, sobre o modo como as usamos, como as escolhemos e como as proferimos. Jesus falou com autoridade e libertou; perguntemo-nos: nossas palavras fazem a mesma coisa? É muito simples pensar no que dizemos às pessoas a quem amamos, sempre com palavras bonitas, bons propósitos, porque dentro de nós está bem claro que sempre vamos querer o melhor para tais pessoas.
Contudo, por um momento, recordemos aqueles que nos ofenderam, ou aqueles com quem sentimos dificuldades ou talvez nem sequer conhecemos. Certamente se tornará mais difícil falar bem a essas pessoas, dar-lhes vida com nossas palavras. No entanto, Jesus hoje nos mostra como se dá vida e liberdade através do que falamos, principalmente quando o fazemos a partir de uma experiência pessoal.
Para assumir este maravilhoso desafio, no entanto, devemos levar em conta algo muito especial: devemos estar convencidos de que Jesus nos ama, a fim de conseguirmos que nossas palavras falem dele.
Não se trata de inventar coisas que não sabemos, ou que talvez tenhamos escutado de outras pessoas; simplesmente somos chamados a contar tudo o que Jesus fez em cada um de nós, o modo como nos chamou, como nos perdoou o pecado, o jeito como mudou nossa vida, e contar isso com autoridade e segurança.
Dessa maneira, tornar-nos-emos como um pudim delicioso, como aqueles que vemos nas vitrinas: outra coisa não pensamos senão em comprá-lo e comê-lo. As pessoas que se aproximam de nós e ouvem falar de nossa experiência de amizade com Jesus ficarão fascinadas e desejarão experimentar a mesma coisa em suas vidas.
Agora perguntemo-nos:
Minhas palavras transmitem vida e libertam? Quando falo, sou testemunha do que Deus fez em mim? Penso antes de falar? Deixo-me levar somente por meus sentimentos quando falo? Sou imagem de Jesus? Os que falam comigo se sentem convidados a seguir Jesus devido ao que lhes digo?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Amigo Jesus,
fazendo com que minha vida seja reflexo da tua,
ensina-me a ter palavras de vida;
ensina-me a ter palavras de autoridade.
Que eu possa controlar o que falo,
que possa pensar sempre o que digo.
E que eu possa entender que
quem tem cuidado com as palavras que diz,
cuida de si mesmo,
mas quem fala muito, arruína-se sozinho.[2]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor Jesus,
põe tuas palavras em minha boca,
para que eu possa ter autoridade ao falar aos outros de ti.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Examinarei minhas conversas com meus amigos e verificarei se falamos para dar vida. Na medida do possível, pedirei perdão aos que eventualmente eu tenha ofendido com minhas palavras.
“Tenhamos um pouquinho mais de cuidado com a língua,
com o que dizemos dos outros. É, sem dúvida, uma pequena penitência,
mas dá bons frutos”.
Papa Francisco