O fariseu e o cobrador de impostos (Lc 18, 9-14)
5 de março de 2016Teu filho está vivo (Jo 4, 43-54)
7 de março de 2016“Os que são perseguidos olham para ele e se alegram”
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, Filho de Deus,
que me chamas a teu encontro cada dia,
quero acolher-te em minha vida.
Acolher-te para crer em ti e em tua palavra
de amor e de vida,
de esperança e de paz.
Acolher-te para amar-te
com um amor cálido e profundo,
saído do fundo do meu coração.
Acolher-te para proclamar-te
com decisão e coragem,
como dono e senhor de meu ser e de minha vida.
Acolher-te para comunicar com entusiasmo e alegria,
com gestos e palavras,
tua mensagem de salvação e de vida eterna.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 15.1-3,11-32
A parábola do filho perdido
1Certa ocasião, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. 2Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus, dizendo:
— Este homem se mistura com gente de má fama e toma refeições com eles.
3Então Jesus contou esta parábola:
11E Jesus disse ainda:
— Um homem tinha dois filhos. 12Certo dia o mais moço disse ao pai: “Pai, quero que o senhor me dê agora a minha parte da herança.”
— E o pai repartiu os bens entre os dois. 13Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntou tudo o que era seu e partiu para um país que ficava muito longe. Ali viveu uma vida cheia de pecado e desperdiçou tudo o que tinha.
14— O rapaz já havia gastado tudo, quando houve uma grande fome naquele país, e ele começou a passar necessidade. 15Então procurou um dos moradores daquela terra e pediu ajuda. Este o mandou para a sua fazenda a fim de tratar dos porcos. 16Ali, com fome, ele tinha vontade de comer o que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. 17Caindo em si, ele pensou: “Quantos trabalhadores do meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui morrendo de fome! 18Vou voltar para a casa do meu pai e dizer: ‘Pai, pequei contra Deus e contra o senhor 19e não mereço mais ser chamado de seu filho. Me aceite como um dos seus trabalhadores.’ ” 20Então saiu dali e voltou para a casa do pai.
— Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou. 21E o filho disse: “Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho!”
22— Mas o pai ordenou aos empregados: “Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos seus pés. 23Também tragam e matem o bezerro gordo. Vamos começar a festejar 24porque este meu filho estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado.”
— E começaram a festa.
25— Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando ele voltou e chegou perto da casa, ouviu a música e o barulho da dança. 26Então chamou um empregado e perguntou: “O que é que está acontecendo?”
27— O empregado respondeu: “O seu irmão voltou para casa vivo e com saúde. Por isso o seu pai mandou matar o bezerro gordo.”
28— O filho mais velho ficou zangado e não quis entrar. Então o pai veio para fora e insistiu com ele para que entrasse. 29Mas ele respondeu: “Faz tantos anos que trabalho como um escravo para o senhor e nunca desobedeci a uma ordem sua. Mesmo assim o senhor nunca me deu nem ao menos um cabrito para eu fazer uma festa com os meus amigos. 30Porém esse seu filho desperdiçou tudo o que era do senhor, gastando dinheiro com prostitutas. E agora ele volta, e o senhor manda matar o bezerro gordo!”
31— Então o pai respondeu: “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32Mas era preciso fazer esta festa para mostrar a nossa alegria. Pois este seu irmão estava morto e viveu de novo; estava perdido e foi achado.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
Alexander Arévalo
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Quem se aproximou de Jesus para ouvi-lo? Com que Jesus respondeu aos que o criticavam? Quantos filhos tinha o homem? O que pediu o mais moço? Qual foi a decisão que o filho mais moço tomou ao passar tamanhafome? O que fez o pai quando o filho mais moço voltou para casa? O que aconteceu com o filho mais velho?
Algumas pistas para compreender o texto:
Imersos neste tempo quaresmal, hoje nos deparamos com uma das três parábolas da Misericórdia, sendo que a parábola do Pai misericordioso só se encontra no evangelho de São Lucas (Capítulo 15).
Por meio de tais parábolas, Jesus responde de forma clara e concisa a um auditório que o acompanhava, ansioso pelo momento de escutar suas palavras. Alguns o seguem devido à própria condição pobre e “pecadora”: com eles, Jesus reparte a comida e os ensina; outros, os fariseus e legalistas, seguem-no a murmurar, no entanto, vigiando cada gesto e palavra de Jesus.
A parábola de Jesus sobre o filho mais moço que volta para casa – ou mais apropriadamente, a parábola do pai compassivo – vem precedida de duas outras parábolas que a liturgia dominical não apresenta nesta ocasião. A primeira parábola é a da ovelha perdida (vv. 4-7), a que se segue a da moeda perdida (vv. 8-10). De modo que a parábola deste domingo seria a terceira desta série: a do filho perdido (vv. 11-32). A alegria que o pastor e a mulher experimentam quando encontram o que perderam se converte em um grande banquete quando se trata do filho mais moço que retorna à casa paterna.
Se os publicanos e pecadores podem identificar-se com a ovelha, a moeda e o filho perdidos, os fariseus e mestres da Lei são representados pelo filho mais velho (vv. 25-32).
Na terceira parábola proposta pela liturgia, um pai divide seus bens atendendo ao pedido do filho mais moço. De acordo com a Lei de Israel, o filho maior recebia o dobro da herança (Deuteronômio 21.17). O mais jovemdesperdiça o que recebeu, e quando nada mais lhe resta e se vê na necessidade, deve realizar o trabalho mais desprezível que um judeu podia imaginar: cuidar de porcos (considerados animais impuros). O filho mais jovem resolve voltar, e o pai o recebe com um anel (símbolo de autoridade) e sandálias (sinal do homem livre, pois os escravos andavam descalços). O irmão mais velho está com ciúmes da festa e dos presentes com os quais o filho mais moço é recebido; em sua opinião, quem desperdiçou a herança não deveria ter recebido outra coisa senão um bom castigo.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Durante a vida, temos experimentado a alegria do regresso, de estar novamente na tranquilidade da casa ou em paz com alguém a quem ofendemos. De igual modo, existem situações que nos fazem experimentar saudades de Deus, e nosso arrependimento nos ajuda a voltar à paz com Ele. Inclusive usamos as mesmas palavras do filho mais jovem para aproximar-nos do sacramento da reconciliação. O pecado existe e é uma situação que nos leva a sentir-nos incompletos e, a longo prazo, enfastiados. Nesta quaresma, experimentemos esse abraço aconchegante, esse olhar esperançoso de nosso Deus e Pai, que está atento, esperando nosso regresso. Se nos identificarmos com o filho mais velho, aprendamos a experimentar e a praticar a misericórdia, de modo que nossaatitude para com os que erram seja como a do pai da parábola, valorizando o retorno e redescobrindo no rosto daquele que peca o rosto de um filho de Deus que também é nosso irmão.
O Papa Bento XVI faz-nos, de novo, este convite ao arrependimento: “Queridos amigos, como não abrir o nosso coração para a certeza de que, mesmo sendo pecadores, somos amados por Deus? Ele nunca se cansa de vir ao nosso encontro, percorre sempre em primeiro lugar a estrada que nos separa dele. O livro do Êxodo mostra-nos como Moisés, com confiança e súplica audaz, conseguiu, por assim dizer, transferir Deus do trono do juízo para o trono da misericórdia. O arrependimento é a medida da fé, e graças a ele, voltamos à verdade. O apóstolo Paulo escreve: ‘Alcancei misericórdia, porque agi por ignorância, sem ter fé ainda’. Voltando à parábola do filho que regressa ‘à casa’, notamos que quando aparece o filho mais velho indignado pelo acolhimento festivo reservado ao irmão, é sempre o pai que lhe vai ao encontro e sai para o suplicar: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu’. Só a fé pode transformar o egoísmo em alegria e reatar justas relações com o próximo e com Deus. ‘Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos — disse o pai — porque este teu irmão… estava perdido e foi encontrado’.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Estou certo de que Deus vai perdoar-me mais uma vez? Faz quanto tempo que não frequento o sacramento da reconciliação? Desejo reconciliar-me? Como me preparo para viver a Páscoa? Procuro fazer com que meus amigos voltem para a casa do Pai?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Vou para a casa de meu Pai.
Sei que seu coração clemente
tem loucura de misericórdia;
sei que perdoa
seis vezes seis,
e ainda sete vezes sete;
sei que abraça,
estreitando com ternura materna,
até à demasia de setenta vezes sete;
sei que, como um vulcão vigilante,
irrompe com ardor de entranhas
e os números do perdão explodem,
porque ninguém pode contar as ondas
do oceano de seu desvario,
de sua loucura por este filho
que retorna à casa cambaleante,
confiante e destroçado de dor,
mas cantando sob o amendoal:
“Aqui estou, Pai,
abraça-me, limpa-me,
alimenta-me, veste-me, coroa-me,
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Pai, pequei contra Deus e contra o senhor”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Nesta semana, levarei um amigo à minha paróquia e o convidarei a aproximar-se do sacramento da reconciliação.
“O próprio Verbo clama para que voltes, porque somente acharás lugar de descanso imperturbável onde o amor não é abandonado”.
Santo Agostinho