Tempo de abandonar certezas… (Lc 18,9-14)
14 de março de 2015A força da palavra (Jo 4,43-54)
16 de março de 2015LECTIO DIVINA
IV Domingo da Quaresma – Ano B
15º de março de 2015
“Que eu nunca mais possa cantar se não lembrar de você.” (Salmo 137.6)
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Santo e divino Espírito!
Já não quero viver para mim;
desejo consagrar minha vida
a fazer tua vontade e a amar-te por inteiro.
Suplico-te que me concedas o dom da oração.
Vem, Tu mesmo, ao meu coração,
para ensinar-me a orar
seguindo tua inspiração.
Dá-me fortaleza para ser constante
e superar o cansaço e a aridez.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 3.14-21
Jesus e Nicodemos
14— Assim como Moisés, no deserto, levantou a cobra de bronze numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, 15para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna. 16Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. 17Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.
18— Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus. 19E é assim que o julgamento é feito: Deus mandou a luz ao mundo, mas as pessoas preferiram a escuridão porque fazem o que é mau. 20Pois todos os que fazem o mal odeiam a luz e fogem dela, para que ninguém veja as coisas más que eles fazem. 21Mas os que vivem de acordo com a verdade procuram a luz, a fim de que possa ser visto claramente que as suas ações são feitas de acordo com a vontade de Deus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
María Cristina Ariztía[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
O que acontecia no deserto quando Moisés levantava a serpente? Por que o Filho do Homem deve ser levantado? Para que Deus enviou seu Filho Único? Que se deve fazer para conseguir a salvação? Que acontece com os que não creem? Que fazem os que odeiam a luz? Como vivem os que buscam a luz?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
O capítulo 3 do evangelho de João nos apresenta Jesus a conversar com Nicodemos, um fariseu importante entre os judeus (Jo 3.1). A conversa acontece na escuridão da noite, sinal de que Nicodemos ainda não descobriu a verdadeira identidade de Jesus. Irá descobri-la à medida que o diálogo avança.
O relato de hoje toma a segunda parte da conversação, na qual Jesus lhe explica em que consiste a salvação. Em primeiro lugar, fala-lhe de sua morte na cruz, fazendo um paralelo entre ela e a serpente levantada no deserto por Moisés. Assim como os israelitas se libertaram da morte ao olhar para a serpente levantada no deserto (cf. Nm 21.4-9), os que creem em Jesus serão libertados do pecado e da morte, vencidos, estes, de uma vez e para sempre, por sua morte na cruz.
A chave do relato está no v. 16: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”. São João diz que Deus nos amou primeiro, e esse amor consiste em que enviou seu Filho para libertar-nos da escravidão do pecado (1Jo 4.10). Como haveremos de responder a esse amor? Há uma só resposta possível: com a fé.
A única vontade de Deus é que creiamos em seu Filho Jesus, porque assim teremos a salvação (Jo 6.40). Crer é a resposta do homem com toda a sua mente, com todo o seu coração e com toda a sua pessoa ao amor misericordioso de Deus que se manifesta extraordinariamente na vida, morte e ressurreição de Jesus. Aquele que nele crê, vive no amor e recebe a vida eterna aqui mesmo, nesta vida, nos afazeres de cada dia, vida que continua depois da morte.
Deus, nosso Pai, já nos concedeu o dom da salvação através de Jesus, mas nos deixa a liberdade de aceitá-lo ou não, de nele crer ou de rechaçá-lo. As consequências de nossa decisão são claras: mediante a fé em Jesus, recebemos a vida eterna; rejeitá-lo nos leva à condenação. O que vamos escolher: a vida eterna ou a condenação?
Ao terminar o diálogo, Jesus apresenta a Nicodemos uma alternativa: é preciso sair da obscuridade para viver na luz. Jesus é a luz do mundo (cf. Jo 8.12): quem nele crê, começa uma vida nova, fundamentada no amor. Se você quiser saber que decisão Nicodemos tomou, pode revisar as seguintes passagens do evangelho de João: Jo 7.50; 12.42; 10.39.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
A Quaresma é um tempo privilegiado para meditar e aprofundar o grande amor de Deus, que nos dá a salvação gratuitamente. Este presente está disponível permanentemente para todo o que crê. É a fé nossa única resposta a esse amor transbordante de misericórdia, e deve ser a fé nossa fortaleza nos momentos de fragilidade. Preparemos, com Jesus, o caminho que o leva à morte na cruz e, com ele, crucifiquemos as atitudes que nos impedem de segui-lo. Revisemos nossas emoções, nossos apegos, tudo aquilo que dobra nossa vontade e, na fé, descubramos de novo que Jesus subiu à cruz para libertar-nos de nossas fraquezas.
Deus, o Pai, convida-nos a que vivamos nossa salvação em Jesus crucificado. Estar salvos é também ser livres para aceitar essa salvação: o amor de Deus por seus filhos é tão grande, que lhes dá a liberdade para aceitá-la, e seu infinito amor de Pai o leva a esperar com misericórdia nosso retorno à casa. Quando contemplamos como Jesus se elevou na cruz, estamos manifestando nossa fé, mas quando vivemos sua ressurreição, testemunhamos realmente o que cremos. Jesus ressuscitado é luz; ao aproximar-nos de Jesus, irradiamos também essa luz e, portanto, nossa vida também emitirá centelhas de salvação para outras pessoas; por isso, muitos perceberão que a luz chegou até nós e que a acolhemos, porque nossos atos têm sido vontade de Deus e vivemos essa inspiração divina.
Dediquemos estes dias da Quaresma a não deixar que nos roubem essa luz de salvação, pois seria como dar passos em falso e ter uma vida sem os frutos agradáveis a Deus. Em Toronto (Canadá), o Papa João Paulo II, durante a XVII JMJ, disse aos jovens: “Sem dúvida, não existem trevas mais densas do que aquelas que se insinuam na alma dos jovens, quando os falsos profetas extinguem neles a luz da fé, da esperança e da caridade. A maior utopia, a fonte mais importante da infelicidade consiste na ilusão de encontrar a vida renunciando a Deus, de conquistar a liberdade excluindo as verdades morais e a responsabilidade pessoal.”[3]
Agora perguntemo-nos:
Ao escolher ser salvo, realmente me desfaço daqueles maus hábitos que existem em minha vida? Vivo minha liberdade como filho de Deus, e não como habitante da escuridão? Minhas ações correspondem a uma pessoa que aceita a salvação em Cristo? Tenho falado do amor de Deus e do significado da Quaresma a meus amigos e à minha família?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor,
que esta vela que acendo
seja a luz com que ilumines meu caminho,
minhas dificuldades e decisões.
Seja fogo, para que tu queimes em mim
todo o egoísmo, todo o orgulho e toda a impureza.
Ao acender este círio, agradeço-te minha fé; ofereço-a a ti e a dou a ti.
Que eu possa sentir tua presença, que é luz,
nas atividades e trabalhos deste dia.
Senhor, seja esta luz uma oração por meus parentes e amigos falecidos,
para que tua luz perpétua os ilumine.
Amém.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus,
me salvaste com tua morte e ressurreição:
transforma todas as emoções que me levam a buscar a escuridão e não a luz!
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Esta semana, procurarei meu guia espiritual e lhe pedirei que falemos a respeito da liberdade que me dá a salvação e de como posso ser luz para meus irmãos.
“Um cristão fiel, iluminado pelos raios da graça, tal como um cristal, deverá iluminar os demais com suas palavras e ações, com a luz do bom exemplo”.
[1] Santo Alfonso María de Ligorio.
[2] Diretor da Animação Bíblia da Pastoral, Conferência Episcopal do Chile.
[3] http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/2002/documents/hf_jp-ii_hom_20020728_xvii-wyd.html
[4] Tirado do livro Oremos vivendo el amor y la misericórdia de Dios, nº 3 – Missionários Oblatos.