Jesus respondeu aos judeus: ‘Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho’. Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado, chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus.

Tomando a palavra, Jesus disse aos judeus:
‘Em verdade, em verdade vos digo,
o Filho não pode fazer nada por si mesmo;
ele faz apenas o que vê o Pai fazer.
O que o Pai faz,
o Filho o faz também.
O Pai ama o Filho
e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz.
E lhe mostrará obras maiores ainda,
de modo que ficareis admirados.
Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida,
o Filho também dá a vida a quem ele quer.
De fato, o Pai não julga ninguém,
mas ele deu ao Filho o poder de julgar,
para que todos honrem o Filho,
assim como honram o Pai.
Quem não honra o Filho,
também não honra o Pai que o enviou.
Em verdade, em verdade vos digo,
quem ouve a minha palavra
e crê naquele que me enviou,
possui a vida eterna.
Não será condenado,
pois já passou da morte para a vida.
Em verdade, em verdade, eu vos digo:
está chegando a hora, e já chegou,
em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus
e os que a ouvirem, viverão.
Porque, assim como o Pai possui a vida em si mesmo,
do mesmo modo concedeu ao Filho
possuir a vida em si mesmo.
Além disso, deu-lhe o poder de julgar,
pois ele é o Filho do Homem.
Não fiqueis admirados com isso,
porque vai chegar a hora,
em que todos os que estão nos túmulos
ouvirão a voz do Filho e sairão:
aqueles que fizeram o bem,
ressuscitarão para a vida;
e aqueles que praticaram o mal, para a condenação.
Eu não posso fazer nada por mim mesmo.
Eu julgo conforme o que escuto,
e meu julgamento é justo,
porque não procuro fazer a minha vontade,
mas a vontade daquele que me enviou.

A questão inicial deste trecho do evangelho gira em torno do fato de Jesus ter violado o sábado ao curar o doente de Betesda (Jo 5,1-16).

Este tema de violar o sábado, com alguma cura, é recorrente em todos os quatro evangelistas, o que nos faz pensar na insistência de Jesus em nos mostrar que o amor deve ir além do simples cumprimento das leis e das normas.

A crítica dos judeus ao seu comportamento o leva a expor toda sua intimidade com o Pai e, penso que hoje, em nossa oração, podemos contemplar essa intimidade e deixar que ela ilumine, em nós, tudo aquilo que precisamos para amarmos mais, de uma forma e com uma intensidade que vá além dos limites estabelecidos.

Jesus revela que Ele vê e escuta o Pai e que nada faz que não seja da vontade do Pai.

O poder e a graça que há em Jesus, de dar a vida, ressuscitar os mortos e julgar com justiça, vêm dessa atitude de obediência. Uma obediência que não é cega. Ela é consequência do amor ao Pai, portanto, é livre, já que não existe amor onde não há liberdade.

O plano do Pai é concluir sua obra e, para isso, Ele não para de trabalhar. O Filho, obediente que é, também trabalha todo o tempo.

Nós somos convidados a entrar nesta dinâmica de amor, que se inicia imitando a atitude de obediência de Jesus. Precisamos buscar o conhecimento de Deus e escutá-lo em nossa oração. Depois, ao sermos chamados a aderir ao seu plano, àquilo que Ele nos diz em nossos corações, levantar as mangas e começar a trabalhar por seu Reino, a exemplo d’Ele mesmo, que não para de trabalhar.

Nesta quarta semana da quaresma, contemplando essa intimidade de Jesus com o Pai, vejamos como está nossa conversão ao plano de Deus. Em que ponto estou? O que está faltando? Estou relutante em fazer o que minha oração está me pedindo? Por que? A que estou apegado?

Por mais difícil que seja seguir o caminho que Deus nos está propondo em nossa oração sincera, não desanimemos. Continuemos insistindo e pedindo que Ele nos oriente e nos fortaleça, consolados pela palavra da primeira leitura de hoje: “Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti.” Is 49,15.

 João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG