A herança com o Herdeiro (Mateus 21, 33-46)
26 de fevereiro de 2016“Passando pelo meio deles, prosseguia seu caminho”
29 de fevereiro de 2016“ Assim como é grande a distância entre o céu e a terra,
assim é grande o seu amor por aqueles que o temem”
Sl 103.11
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo,
para ensinar-nos a rezar
e a saber dizer “Jesus”;
proclamar seu testemunho
com a palavra e com a vida,
e para que graves em nós
a imagem viva de Cristo.
Vem, Espírito Santo,
sê nosso melhor perfume,
nossa alegria secreta,
nossa fonte inesgotável,
nosso sol e nossa fogueira,
nosso alento e nosso vento,
nosso hóspede e conselheiro.
Vem, Espírito Santo.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 13.1-9
Arrepender-se ou morrer
1Naquela mesma ocasião algumas pessoas chegaram e começaram a comentar com Jesus como Pilatos havia mandado matar vários galileus, no momento em que eles ofereciam sacrifícios a Deus. 2Então Jesus disse:
— Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? 3De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. 4E lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? 5De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
A figueira sem figos
6Então Jesus contou esta parábola:
— Certo homem tinha uma figueira na sua plantação de uvas. E, quando foi procurar figos, não encontrou nenhum. 7Aí disse ao homem que tomava conta da plantação: “Olhe! Já faz três anos seguidos que venho buscar figos nesta figueira e não encontro nenhum. Corte esta figueira! Por que deixá-la continuar tirando a força da terra sem produzir nada?” 8Mas o empregado respondeu: “Patrão, deixe a figueira ficar mais este ano. Eu vou afofar a terra em volta dela e pôr bastante adubo. 9Se no ano que vem ela der figos, muito bem. Se não der, então mande cortá-la.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que algumas pessoas contaram a Jesus? O que Jesus disse que lhes aconteceria caso não se voltassem para Deus? O que Jesus lhes contou depois? A figueira de que Jesus falou tinha dado fruto? O que disse o dono da figueira ao empregado? O que pediu o empregado?
Algumas pistas para compreender o texto:
Jesus segue seu caminho para Jerusalém, rumo à sua Páscoa (cf. 9.51), e ali ensina a respeito de como segui-lo. Neste texto, ele destaca a importância da conversão.
Podemos ver duas partes no texto: na primeira (vv. 1-5), diante do comentário sobre aqueles a quem Pilatos tinha mandado matar, Jesus insiste na necessidade da conversão. Na segunda (vv. 6-9), ele ilustra o ensinamento com uma parábola.
Alguns comentam com Jesus a respeito dos que Pilatos havia mandado matar (o texto original fala do “misturar o sangue dos homens com o dos animais”, para indicar que a matança coincidiu com os sacrifícios). Havia uma tradição de pensar que se acontecia algo de ruim a uma pessoa era porque esta havia feito algo de mau. É como se aquelas pessoas comentassem com Jesus: “O que eles terão feito para que Pilatos os mandasse matar? Vê-se que nós não somos tão maus a ponto de merecermos algo semelhante”.
Jesus adverte sobre o perigo de tais pessoas julgar-se melhores do que as outras e pensar que estão tranquilas e seguras. Por essa razão, dirige-se diretamente a seus interlocutores e lhes diz, insistindo duas vezes: “Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram” (vv. 3,5).
A expressão “arrepender-se dos pecados” traduz um verbo que literalmente quer dizer “converter-se”, “mudar de mentalidade”. A conversão é uma “mudança de mente”, é mudar o que pensamos sobre Deus, deixando-nos conduzir por sua palavra; mudar o que pensamos sobre nós mesmos, sem julgar-nos melhores que os demais e mudar o que pensamos a respeito dos outros.
Jesus ilustra o ensinamento que transmite com a parábola que se segue (vv. 6-9). A figueira não produz fruto há três anos; parece que não vai dar fruto, e por isso, o dono manda cortá-la. O empregado ainda tem esperança de mudança (a conversão); para isso, porém, é preciso tomar providências: “Eu vou afofar a terra em volta dela e pôr bastante adubo” (v. 8). Tais cuidados com a terra pretendem ajudar a figueira a dar fruto. Afofar a terra quando está dura, pôr o adubo e misturá-lo à terra podem ser tarefas árduas e cansativas, mas o empregado não quer que se perca a figueira e faz o possível para que dê fruto.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Este evangelho novamente nos chama à reflexão e à mudança de vida. Como igreja, vivemos a conversão especialmente no tempo da Quaresma, mas a conversão deve ser algo cotidiano. Cada vez que sentimos um desejo forte de ser melhores pessoas, filhos, estudantes, amigos, estamos vivendo um momento de conversão; queremos dar os melhores frutos e trabalhamos para isso; esta é a razão por que não devemos cansar-nos, pois Deus também não se cansa de oferecer-nos seu amor e de esperar frutos de misericórdia de nossa parte para com nossos irmãos.
O Papa Bento XVI partilha conosco seu pensamento: “Na Quaresma, cada um de nós é convidado por Deus a fazer uma mudança na própria existência pensando e vivendo segundo o Evangelho, corrigindo algo no próprio modo de rezar, de agir, de trabalhar e nas relações com os outros. Jesus dirige-nos este apelo não com uma severidade finalizada para si mesma, mas precisamente porque se preocupa com o nosso bem, com a nossa felicidade e salvação. Por nosso lado, devemos responder-lhe com um sincero esforço interior, pedindo-lhe que nos faça compreender sobretudo em que pontos nos devemos converter.
A conclusão do trecho evangélico retoma a perspectiva da misericórdia, mostrando a necessidade e a urgência de voltar para Deus, de renovar a vida segundo Deus. Referindo-se a um costume do seu tempo, Jesus apresenta a parábola de uma figueira plantada numa vinha; esta figueira, contudo, é estéril, não dá frutos (cf. Lc 13.6-9). O diálogo que se desenvolve entre o dono e o vinhateiro, manifesta, por um lado, a misericórdia de Deus, que é paciente e deixa ao homem, a todos nós, um tempo para a conversão; e, por outro, a necessidade de iniciar imediatamente a mudança interior e exterior da vida para não perder as ocasiões que a misericórdia de Deus nos oferece para superar a nossa preguiça espiritual e corresponder ao amor de Deus com o nosso amor filial.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
O caminho da Quaresma nos leva a perguntar-nos sobre a conversão, sobre nossa conversão, nossa mudança de mentalidade. Quais são os terrenos duros que temos de amolecer? Onde estão os adubos que, misturados à terra, podem ajudar-nos a produzir frutos verdadeiros?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Quando ajo sem Ti, frequentemente ajo contra mim.
Não é verdadeiro agir aquele que não deita raízes em Ti.
Tu és a terra boa na qual minha vida
se converte em colheita de frutos apetecíveis.
Tu és a rocha firme que me oferece
refúgio e apoio em todo momento.
Não te surpreendas, pois, que insistentemente te peça:
inspira Tu, Senhor, todas as minhas ações.
Somente se tua graça sustentar minha vida e meu agir,
serei testemunha da Boa Notícia e da esperança.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, dá-me tempo: vou melhorar minha vida para dar frutos.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Faço uma lista diária dos frutos que deixei de produzir e me comprometo a viver o sacramento da reconciliação para começar vida nova.
“Conversão é voltar-se para o Senhor de todo o coração”.
Papa Francisco