A ovelha perdida (LC 15, 1-3. 11-32)
18 de março de 2017“Fez o que o anjo do Senhor havia mandado”
20 de março de 2017“Venham todos, e louvemos a Deus, o Senhor!
Cantemos com alegria à rocha que nos salva.”
Sl 95.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Tu, Espírito, tudo preenches,
e eu vejo apenas aparências,
quando não obstáculos.
Faze-nos sensíveis à tua voz,
a teus sussurros e a teus gemidos,
a teu sorriso e a teu clamor,
para que possamos descobrir
teu rosto, tuas mãos, tua palavra,
aqui, em nossa vida cotidiana,
que tu sustentas e crias cada dia.
TEXTO BÍBLICO: João, 4.5-42
Jesus e a mulher samaritana
5Ele chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, que ficava perto das terras que Jacó tinha dado ao seu filho José. 6Ali ficava o poço de Jacó. Era mais ou menos meio-dia quando Jesus, cansado da viagem, sentou-se perto do poço.
7Uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse:
— Por favor, me dê um pouco de água.
8(Os discípulos de Jesus tinham ido até a cidade comprar comida.)
9A mulher respondeu:
— O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o senhor me pede água? (Ela disse isso porque os judeus não se dão com os samaritanos.)
10Então Jesus disse:
— Se você soubesse o que Deus pode dar e quem é que está lhe pedindo água, você pediria, e ele lhe daria a água da vida.
11Ela respondeu:
— O senhor não tem balde para tirar água, e o poço é fundo. Como é que vai conseguir essa água da vida? 12Nosso antepassado Jacó nos deu este poço. Ele, os seus filhos e os seus animais beberam água daqui. Será que o senhor é mais importante do que Jacó?
13Então Jesus disse:
— Quem beber desta água terá sede de novo, 14mas a pessoa que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nela uma fonte de água que dará vida eterna.
15Então a mulher pediu:
— Por favor, me dê dessa água! Assim eu nunca mais terei sede e não precisarei mais vir aqui buscar água.
16 — Vá chamar o seu marido e volte aqui! — ordenou Jesus.
17— Eu não tenho marido! — respondeu a mulher.
Então Jesus disse:
— Você está certa ao dizer que não tem marido, 18pois já teve cinco, e este que você tem agora não é, de fato, seu marido. Sim, você falou a verdade.
19A mulher respondeu:
— Agora eu sei que o senhor é um profeta! 20Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte , mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo.
21Jesus disse:
— Mulher, creia no que eu digo: chegará o tempo em que ninguém vai adorar a Deus nem neste monte nem em Jerusalém. 22Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas nós sabemos o que adoramos porque a salvação vem dos judeus. 23Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem. 24Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade.
25A mulher respondeu:
— Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E, quando ele vier, vai explicar tudo para nós.
26Então Jesus afirmou:
— Pois eu, que estou falando com você, sou o Messias.
27Naquele momento chegaram os seus discípulos e ficaram admirados, pois ele estava conversando com uma mulher. Mas nenhum deles perguntou à mulher o que ela queria. E também não perguntaram a Jesus por que motivo ele estava falando com ela.
28Em seguida, a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a cidade e disse a todas as pessoas:
29— Venham ver o homem que disse tudo o que eu tenho feito. Será que ele é o Messias?
30Muitas pessoas saíram da cidade e foram para o lugar onde Jesus estava.
31Enquanto isso, os discípulos pediam a Jesus:
— Mestre, coma alguma coisa!
32Jesus respondeu:
— Eu tenho para comer uma comida que vocês não conhecem.
33Então os discípulos começaram a perguntar uns aos outros:
— Será que alguém já trouxe comida para ele?
34 — A minha comida — disse Jesus — é fazer a vontade daquele que me enviou e terminar o trabalho que ele me deu para fazer. 35Vocês costumam dizer: “Daqui a quatro meses teremos a colheita.” Mas olhem e vejam bem os campos: o que foi plantado já está maduro e pronto para a colheita. 36Quem colhe recebe o seu salário, e o resultado do seu trabalho é a vida eterna para as pessoas. E assim tanto o que semeia como o que colhe se alegrarão juntos. 37Porque é verdade o que dizem: “Um semeia, e outro colhe.” 38Eu mandei vocês colherem onde não trabalharam; outros trabalharam ali, e vocês aproveitaram o trabalho deles.
39Muitos samaritanos daquela cidade creram em Jesus porque a mulher tinha dito: “Ele me disse tudo o que eu tenho feito.” 40Quando os samaritanos chegaram ao lugar onde Jesus estava, pediram a ele que ficasse com eles, e Jesus ficou ali dois dias.
41E muitos outros creram por causa da mensagem dele. 42Eles diziam à mulher:
— Agora não é mais por causa do que você disse que nós cremos, mas porque nós mesmos o ouvimos falar. E sabemos que ele é, de fato, o Salvador do mundo.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Jesus chegou a um povoado da Samaria; cansado da viagem, sentou-se junto ao poço de Jacó. Como se chama o povoado? O Senhor oferece à mulher água viva; ela duvida da oferta porque não vê como pode tirar água. O que Jesus responde à mulher? Muitos acreditaram ao ouvir Jesus. O que eles disseram à mulher?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Mario Montes Moraga
No terceiro domingo da Quaresma, o Evangelho de São João apresenta-nos o delicioso relato do encontro de Jesus com a samaritana (Jo 4.5-42), com o qual o evangelista quer ensinar-nos várias coisas: que Jesus é o Messias, doador da “água viva”, entendida principalmente como o Espírito Santo (Jo 7.37-39); que esse dom permanece em que o recebe, tal como em Jesus, o Pai e o Espírito (cf. Jo 14.14,23), fonte de vida eterna e de amor, diferentemente da água do poço, que aquela mulher da Samaria buscava, diariamente, com fadiga, com um pote e grandes esforços para poder consegui-la (cf. Jo 4.11,15).
A mulher é samaritana, pertencente a um povoado inimizado desde tempos antigos com os judeus (cf. 1Rs 16.24; 2Rs 17.1-23; Esd 4.1-15), os quais consideravam os vizinhos do norte como gente desprezível e impura (Lc 9.51-55), que se tinham afastado da verdadeira religião, adorando a outros deuses.
Em um primeiro momento, o tema da conversa é sobre a água, da qual Jesus tem sede, mas que ele, em bela catequese, leva a mulher a descobrir que não se trata da água do poço, de que ela também precisa, mas de uma água viva, como dom de Deus (Jo 4.10) e como símbolo do Espírito. A famosa afirmação de Jesus:
“Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim” (Jo 7.38) é interpretada por são João ao dizer que Jesus se referia ao Espírito (Jo 7.39). Jesus não é a água, mas seu doador.
Em um segundo momento, o tema desemboca na vida irregular daquela mulher. A mulher, portanto, simboliza a Samaria. De modo que Jesus a orienta a entender que adorar a Deus em espírito e verdade significa adorar o Pai através de Jesus Cristo, que é a verdade, e sob o impulso do Espírito.
Segue-se o momento da identificação plena da personalidade de Jesus, pois inicialmente se havia apresentado como judeu (Jo 4.9); a seguir, como Senhor (Jo 4.11); depois como profeta (Jo 4.10) e, por fim, como o Cristo, pois ele se revela abertamente como o Messias esperado (Jo 4.26). O diálogo termina com a reação missionária da mulher, ao deixar seu pote (Jo 4.28), o que indica sua fé em Jesus. Já não precisará tirar água, pois encontrou a autêntica e verdadeira água viva.
Outro momento importante do relato é a conversa que Jesus mantém com seus discípulos a ensinar-lhes que seu verdadeiro alimento é fazer a vontade do Pai.
Os israelitas perguntavam-se se Deus estava no meio deles ou não. Em contrapartida, a samaritana percebeu que com Jesus havia chegado para ela a salvação e um novo sentido para sua vida; que Deus estava com ele, com ela e com seu povo. Oxalá que nesse tempo quaresmal, seja na oração, seja na Eucaristia, seja em cada irmão, vivamos esta mesma experiência de encontro com o Senhor que aquela mulher teve a sorte de viver.
O que o Senhor me diz no texto?
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” (nº 131 e nº 269) recorda-nos o compromisso que, como batizados, temos de anunciar o Evangelho:
“As diferenças entre as pessoas e as comunidades por vezes são incômodas, mas o Espírito Santo, que suscita esta diversidade, de tudo pode tirar algo de bom e transformá-lo em dinamismo evangelizador que atua por atração. A diversidade deve ser sempre conciliada com a ajuda do Espírito Santo; só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Ao invés, quando somos nós que pretendemos a diversidade e nos fechamos em nossos particularismos, em nossos exclusivismos, provocamos a divisão; e, por outro lado, quando somos nós que queremos construir a unidade com os nossos planos humanos, acabamos por impor a uniformidade, a homologação. (…) O próprio Jesus é o modelo desta opção evangelizadora que nos introduz no coração do povo. Como nos faz bem vê-Lo perto de todos! Se falava com alguém, fitava os seus olhos com uma profunda solicitude cheia de amor…[3]”
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Aceito a diferença que existe em alguns de meus irmãos de comunidade? Já senti alegria ao perceber que cumpro a vontade de Deus? Respondi ao desejo de falar de Jesus a outras pessoas devido ao que ele faz em mim?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Dá-me de beber da Água viva, da Água viva.
Dessa que, segundo dizem, quando a bebes,
já não tens sede.
Dessa que te abre a mente,
que te faz mais forte
e impulsiona teus pés.
Dá-me de beber
da Água viva, da Água viva.
Água que nasce na fonte
de vidas, de pessoas, de almas e de paz.
Água que nasce de sorrisos, de mãos simples,
de vinho e de pão.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Tu és fonte inesgotável de vida eterna, Senhor”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Esta semana, comprometo-me a dar testemunho de meu encontro com Jesus. Falarei a um contato de minhas redes sociais sobre minha amizade com Jesus.
“A vontade de Deus é um alimento espiritual que fortalece a alma que a ele se entrega com prazer”.
Santa Teresa dos Andes