“Dois cegos começaram a segui-lo”
2 de dezembro de 2016Persistir na fé
5 de dezembro de 2016“Que a justiça floresça durante a sua vida,
e que haja prosperidade enquanto a lua brilhar”.
Sl 72.7
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Bom Jesus, dá-nos teu Espírito,
o mesmo que te concebeu
no seio de Maria;
aquele que te foi ensinando,
desde menino,
as coisas do Pai;
aquele que te conduziu ao deserto
e às provas;
que esteve ao teu lado
para fortalecer-te
e começar a anunciar
a Vida Nova;
ele que encheu teus dias
e te deu forças
para fazer a vontade do Pai.
Dá-nos teu Espírito, Senhor,
para seguir teu exemplo.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 3.1-12
A mensagem de João Batista
Marcos 1.1-8;Lucas 3.1-9,15-17;João 1.19-28
1Naquele tempo João Batista foi para o deserto da Judeia e começou a pregar, 2dizendo:
— Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!
3A respeito de João, o profeta Isaías tinha escrito o seguinte:
“Alguém está gritando no deserto:
Preparem o caminho para o Senhor passar!
Abram estradas retas para ele!”
4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato. 5Os moradores de Jerusalém, da região da Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão iam ouvi-lo. 6Eles confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão.
7Quando João viu que muitos fariseus e saduceus vinham para serem batizados por ele, disse:
— Ninhada de cobras venenosas! Quem disse que vocês escaparão do terrível castigo que Deus vai mandar? 8Façam coisas que mostrem que vocês se arrependeram dos seus pecados. 9E não digam uns aos outros: “Abraão é nosso antepassado.” Pois eu afirmo a vocês que até destas pedras Deus pode fazer descendentes de Abraão! 10O machado já está pronto para cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não dá frutas boas será cortada e jogada no fogo. 11Eu os batizo com água para mostrar que vocês se arrependeram dos seus pecados, mas aquele que virá depois de mim os batizará com o Espírito Santo e fogo. Ele é mais importante do que eu, e não mereço a honra de carregar as sandálias dele. 12Com a pá que tem na mão ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Onde João Batista se apresentou? Por que proclamava que era preciso voltar para Deus? O que Deus havia dito a respeito de João através do profeta Isaías? De que regiões as pessoas saíam para ouvi-lo? O que todos faziam depois de ouvi-lo? Como devem comportar-se, de fato? Como João batizava e como batizará aquele que deve vir depois dele? O que João não merece fazer com aquele que é mais importante do que ele?
Algumas pistas para compreender o texto:
Começamos o novo tempo do Advento, e no domingo passado fomos convidados a “vigiar”, a “estar preparados” (Mt 24.42,44). Como símbolo dessa vigilâncias, acendemos a primeira vela da coroa do Advento.
O texto de hoje nos apresenta João Batista a pregar no deserto. Podemos distinguir três partes no texto. Na primeira (vv. 1-3), apresenta-se João a convidar à conversão; sua figura está relacionada com o anúncio de Isaías (v. 3); na segunda (vv. 4-6), descrevem-se João e as pessoas que vêm até ele para confessar seus pecados, e João as batiza; na terceira parte (vv. 7-12), temos um trecho da pregação de João, dirigida especialmente aos fariseus e aos saduceus.
O texto termina (v. 11) como havia começado (v. 2): com um convite à conversão, e este é o tema de toda a passagem. A conversão tem um motivo: “O Reino do Céu está perto” (v. 2). Por isso se pode traduzir também: “Voltem para Deus”. Os semitas, com uma mentalidade muito concreta, descrevem a conversão como um deixar de virar as costas para Deus, e visto que Deus vem, voltemo-nos para Ele e “preparemos-lhe o caminho” (v. 3).
Aqui, Mateus está citando o profeta Isaías, no chamado Livro da Consolação (Is 40), em que Deus consola seu povo depois da terrível desgraça do exílio. Deus libertou seu povo, por isso grita: “Consolem, consolem meu povo!” (Is 40.1), e continua no v. 3: “Preparem no deserto um caminho para o Senhor”. A conversão é, em primeiro lugar, reconhecer a alegria de um Deus que nos consola e vem salvar-nos, libertar-nos de todas as nossas amarras. Por isso, “voltem para Deus”, e uma vez que ele se aproxima, vão a seu encontro.
A descrição de João mostra-o como um profeta que vive no deserto (lugar bíblico do encontro com Deus, como no Êxodo e como nos lembram os profetas – cf. Os 2.16: “Vou seduzir a minha amada e levá-la de novo para o deserto, onde lhe falarei do meu amor”) e ali anuncia a mensagem de Deus. As pessoas iam até ele e confessavam seus pecados, como sinal de arrependimento, e João as batizava como sinal de renovação (o batismo – que, literalmente, quer dizer “imersão” – se fazia submergindo a pessoa no rio e voltando a tirá-la, simbolizando a morte ao pecado e a vida nova que Deus dava).
Por fim, João enfrenta os “piedosos” e os “justos” (assim se poderiam traduzir literalmente os termos fariseus e saduceus), que são os que vão ter mais controvérsias com Jesus. Aqueles que pensam que já estão salvos porque “são justos” e cumprem a lei. Por isso, João denuncia-os, visto que se orgulham de serem filhos de Abraão, e os convida a dar frutos que mostrem sua conversão.
Nas suas últimas palavras, ao repetir o convite à conversão, João anuncia a chegada daquele que “os batizará com o Espírito Santo e fogo”. Ele sabe que está anunciando a vinda de Outro, e por isso é que convida a voltar para Deus. Este tempo de advento é tempo de voltarmos e alegar-nos com a Vinda daquele que chega para salvar-nos.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho deste domingo nos apresenta a missão de João Batista, o chamado para o qual Deus o escolheu; nele devemos todos nós estar refletidos, pois também anunciou a Cristo sem descanso, com lealdade e amor. Um convite que o texto nos faz, além de continuar a vivência do Advento, é partilhar esta grande notícia com aqueles que ainda não sabem que Jesus veio para salvá-los.
São João Paulo II partilha conosco uma reflexão a respeito do texto: “E quando, sincera e honestamente, nos pomos esta pergunta na presença de Deus, acontece sempre aquilo de que fala o Precursor junto do Jordão na sua sugestiva metáfora: eis a pá de joeirar para limpar a eira. Ela permite ao agricultor recolher o trigo no celeiro, enquanto a palha será queimada num fogo que não se apaga (cf. Lc 3.17). É preciso fazer assim mais de uma vez. É preciso concentrarmo-nos em nós mesmos, com a ajuda da luz que o Espírito Santo nos não há-de negar, delinearmos e separarmos o bem e o mal. Chamar um e outro pelos seus nomes, sem nos enganarmos a nós mesmos. Este será então um verdadeiro “Batismo” que renovará a alma. Aquele que está Próximo (Fp 4.5) batizar-nos-á no Espírito Santo e em fogo (cf. Lc 3.18).
“O Advento — preparação para a grande solenidade da Encarnação — deve ficar ligado com tal purificação. Retorne-se ao costume do sacramento da Penitência. Se deve ser verdadeira a alegria pela proximidade do Senhor, anunciada neste domingo, então temos de purificar os nossos corações. A liturgia de hoje indica-nos a dupla fonte da alegria: a primeira é a que deriva da honesta prática dos deveres da nossa vida; e segunda é a que nos é dada pela purificação sacramental e pela absolvição dos pecados que pesam sobre a nossa alma.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Consigo ir descobrindo a proposta de Deus para minha vida, agora que está chegando o Natal? Sinto a necessidade de aproximar-se do sacramento da reconciliação? Anuncio, como João, a vinda do Senhor?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Sei que estás me pedindo algo, Senhor Jesus!
Tantas portas abertas de um só golpe,
o panorama de minha vida diante de meus olhos
não é como um sonho.
Sei que esperas algo de mim, Senhor,
e aqui estou, ao pé da muralha:
tudo está aberto,
só há um caminho livre,
aberto para o infinito, para o absoluto.
Contudo, não mudei, apesar de tudo.
Terei que entrar em contato contigo, Senhor;
buscarei tua companhia, ainda por longo tempo.
Senhor, estou cansado de não ser teu.
Faze-me teu, Senhor. Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Vem, Senhor! Quero voltar para ti!”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Em oração, disponho-me a viver o sacramento da reconciliação a fim de preparar a vinda de Jesus.
“Tudo isso devia ser profetizado, prenunciado, relembrado que viria, para não causar horror vindo subitamente, mas ser acreditado e esperado”
Santo Agostinho