“Amem os seus inimigos”
11 de março de 2017Substituir a necessidade de julgar pela capacidade de amar.
13 de março de 2017“Nós pomos a nossa esperança em Deus, o Senhor;
ele é a nossa ajuda e o nosso escudo”
Sl 33.20
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Tu, Espírito, tudo preenches,
e eu vejo apenas aparências,
quando não obstáculos.
Faze-nos sensíveis à tua voz,
a teus sussurros e a teus gemidos,
a teu sorriso e a teu clamor,
para que possamos descobrir
teu rosto, tuas mãos, tua palavra,
aqui, em nossa vida cotidiana,
que tu sustentas e crias cada dia.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 17.1-9
Jesus, Moisés e Elias
Marcos 9.2-13;Lucas 9.28-36
1Seis dias depois, Jesus foi para um monte alto, levando consigo somente Pedro e os irmãos Tiago e João. 2Ali, eles viram a aparência de Jesus mudar: o seu rosto ficou brilhante como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3E os três discípulos viram Moisés e Elias conversando com Jesus. 4Então Pedro disse a Jesus:
— Como é bom estarmos aqui, Senhor! Se o senhor quiser, eu armarei três barracas neste lugar: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias.
5Enquanto Pedro estava falando, uma nuvem brilhante os cobriu, e dela veio uma voz, que disse:
— Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que ele diz!
6Quando os discípulos ouviram a voz, ficaram com tanto medo, que se ajoelharam e encostaram o rosto no chão. 7Jesus veio, tocou neles e disse:
— Levantem-se e não tenham medo!
8Então eles olharam em volta e não viram ninguém, a não ser Jesus.
9Quando estavam descendo do monte, ele lhes deu esta ordem:
— Não contem para ninguém o que viram até que o Filho do Homem seja ressuscitado.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Quem Jesus levou consigo? Como era o monte? O que mudou em Jesus? Quem foi visto com Jesus? O que Pedro disse a Jesus? O que disse a voz da nuvem que os cobriu? O que fizeram os discípulos e o que sentiram? Depois de tocá-los, o que Jesus lhes disse? O que aconteceu com Moisés e Elias? Que recomendação fez Jesus?
Algumas pistas para compreender o texto:
A transfiguração de Jesus é um “relato de teofania” (tal como em seu batismo em Mt 3.13-17). É uma maneira de dizer que Jesus é o Filho de Deus e que, como tal, revela-se aos apóstolos que havia escolhido. Lembremos que “teofania” é uma manifestação de Deus (também podemos chamá-la de “epifania”).
O texto de Mt 17.1-9 situa-se depois de Mt 16.21-23, no qual Jesus havia anunciado a seus discípulos o destino doloroso de sua paixão e morte, assim como também sobre a necessidade de assumirem a cruz e segui-lo como discípulos (Mt 16.24-28). E consta de cinco cenas ou momentos decisivos:
1. Introdução (Mt 17.1), com a indicação do tempo – “seis dias depois” –, que o texto litúrgico substitui pela conhecida frase “naquele tempo”; em seguida, seus protagonistas: Pedro, Tiago e João, e o espaço: um alto monte.
2. A visão inicial (Mt 17.2-3): a transfiguração de Jesus e a aparição de Moisés e Elias.
3. O momento central (Mt 17.4-8): a intervenção de Pedro, a aparição de uma nuvem luminosa, a voz do Pai que revela a identidade de Jesus como Filho muito amado, convidando-os a escutá-lo; a reação de temor dos três discípulos, o chamado de Jesus para que se levantem e deixem o medo.
4. O final da teofania (Mt 17.9): descida do monte e ordem de Jesus de não contar a ninguém.
5. Finalmente, o diálogo entre Jesus e seus discípulos (Mt 17.10-13), que hoje não lemos.
Com este texto, são Mateus ensina que Deus responde aos discípulos sobre o destino que aguarda o Cristo depois de sua Paixão, ou seja, sua glória, que é antecipada já naquele momento. Essa mesma glória que Jesus anunciava para os justos, no final dos tempos, no Reino de Deus (cf. Mt. 13-43), e que ele próprio conhecerá depois de sua morte: sua manifestação (cf. Mt 28.16-20) será a vinda do Filho do Homem. Portanto, dessa maneira os discípulos o verão vir em seu Reino (cf. Mt 16.27-28).
Todos os elementos do acontecimento querem ressaltar precisamente o mistério do Filho de Deus, que permite “entrever” sua glória escondida em sua condição humana. O monte, o lugar da presença de Deus, recorda-nos a montanha do Sinai, onde o Senhor se manifestou a Israel (cf. Êx 13.21-22; Nm 9.15-23); o resplendor do rosto de Jesus e suas vestes brancas ensinam-nos que ele é o novo Moisés, que revela Deus no novo Sinai, envolto na nuvem, com rosto resplandecente (cf. Êx 34.29-35).
Moisés e Elias, por sua vez, são os representantes da Lei e dos Profetas, ou seja, de todo o Antigo Testamento, a que Jesus dá plenitude e cumprimento, segundo Mt 5.17; a admiração e o medo dos discípulos significam o respeito sagrado ou o temor reverencial diante da presença de Deus. A missão de Jesus como revelador é única e definitiva; por isso, os discípulos “olharam em volta e não viram ninguém, a não ser Jesus” (v. 8). Portanto, de agora em diante, aquele a quem se deve escutar é unicamente Jesus (v. 5). A voz do Pai é a mesma voz que se escutou no batismo de seu Filho (cf. Mt 3.13-17), e é a que ordena que Jesus seja escutado, como novo Moisés que é (cf. Dt 18.15).
O que o Senhor me diz no texto?
O convite que o Evangelho de hoje nos faz é o de viver esta Quaresma com a consciência de sermos filhos de Deus: nós o somos graças ao fato de Jesus ter vindo ao mundo e assumido nossa humanidade; ao morrer e ressuscitar, partilha conosco a salvação.
São João Paulo II ajuda-nos a meditar com as seguintes reflexões: “É portanto um momento insólito. Momento quando, em certo sentido, Cristo deseja dizer ainda alguma coisa mais aos Apóstolos sobre Si mesmo e sobre a Sua missão. E não nos esqueçamos de que se trata dos mesmos três Apóstolos que Jesus, passado algum tempo, levará consigo ao Getsêmani, para serem testemunhas de Ele se encontrar dominado pela angústia do espírito e aparecer no Seu rosto o suor de sangue (Mc 14.33; Lc 22.44). No monte Tabor somos, porém, testemunhas também nós, com eles, da exaltação glorificadora de Cristo naquele Seu aspecto humano, no qual o puderam ver na terra os Apóstolos e as multidões.
“(…)Deus-Pai conclui a Aliança com o homem, com a humanidade do Seu Filho. É este o auge da Economia da salvação, da revelação do Divino Amor para com o homem. A Aliança foi concluída para que, em Deus-Filho, os seres humanos se tornassem filhos de Deus.
“(…)Cristo revela a cada homem a dignidade de filho adoptivo de Deus, dignidade a que está ligada a sua suprema vocação; terrestre e eterna. Nós somos cidadãos do Céu escreverá São Paulo aos Filipenses — e de lá esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo miserável, tornando-o conforme ao Seu corpo glorioso, com o mesmo poder que Lhe permite sujeitar ao Seu domínio todas as coisas (Fp 3.20-21).
“E esta obra da Aliança — a obra de levar o homem à dignidade de filho adoptivo (ou de filha) de Deus — realiza-a Cristo de modo definitivo por meio da Cruz. Esta é a verdade que a Igreja, no presente período da Quaresma, deseja pôr em realce de modo especial: sem a Cruz de Cristo não existe aquela suprema elevação do homem.”
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Já experimentei a majestade e o resplendor que Jesus irradia? Como me sinto ao pensar que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem? Que penso ao ver que para Jesus se aproximam o calvário e a cruz?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Transfigura-me, Senhor,
com tua graça, para entender tua morte;
com teu poder, para contemplar teu rosto;
com tua majestade, para adorar-te como Rei.
Sim, Senhor, transfigura-me com tua presença,
porque, em muitas ocasiões,
temo ver-te apenas como homem e não como Deus.
Sim, Senhor, transfigura-me com teu olhar,
porque, no duro caminho, tenho medo de perder-te,
de não enxergar-te nas colinas onde minha vista não alcança.
Sim, Senhor, transfigura-me com teu amor
e, então, que eu compreenda quanto me queres bem:
que me amas, até o extremo;
que me amas, até dares tua vida por mim;
que me amas, porque não queres perder-me;
que me amas, porque Deus é a fonte de tanto amor.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, tu és o Filho amado de Deus, e contigo não tenho medo”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante a semana, agradeço a Deus, que me permite conhecer Jesus, e pergunto a alguns conhecidos qual a opinião deles sobre a natureza divina e humana de Jesus.
“Aproximemo-nos, pois, com filial confiança, e joguemo-nos em seus braços estendidos na cruz, por amor, para receber-nos. Digamos-lhe: ‘Meu Deus, tu és meu Pai; tem compaixão de mim segundo tua misericórdia’”.
Padre Pio de Pietrelcina