Manter a fé (Lc 18, 1-8)
14 de novembro de 2015Ver a partir da fé.
16 de novembro de 2015PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor, estamos aqui, reunidos em teu nome,
para escutar tua Palavra de vida
em nossa realidade de todos os dias
e na realidade da Bíblia.
Queremos que teu Espírito nos ilumine e guie,
para que tua voz não nos passe despercebida,
para que ressoe com força e capte nosso coração,
para que ruminemos com gosto o que hoje nos dizes,
para que encontremos sabor em tua Boa Nova.
Que a escuta de tua Palavra nos desvele um pouco mais,
através da reflexão, do diálogo e do silêncio,
e que nos ajude a ver-te na realidade cotidiana,
para que possamos viver, todos os dias,
com a esperança e a alegria firme
de ter-te ao nosso lado.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 13.24-32
A vinda do Filho do Homem
Mateus 24.29-31; Lucas 21.25-28
24Jesus disse:
— Depois daqueles dias de sofrimento, o sol ficará escuro, e a lua não brilhará mais. 25As estrelas cairão do céu, e os poderes do espaço serão abalados. 26Então o Filho do Homem aparecerá descendo nas nuvens, com grande poder e glória. 27Ele mandará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os escolhidos de Deus de um lado do mundo até o outro.
A lição da figueira
Mateus 24.32-35; Lucas 21.29-33
28Jesus disse ainda:
— Aprendam a lição que a figueira ensina. Quando os seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que está chegando o verão. 29Assim também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o tempo está perto, pronto para começar. 30Eu afirmo a vocês que isto é verdade: essas coisas vão acontecer antes de morrerem todos os que agora estão vivos. 31O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras ficarão para sempre.
O dia e a hora
Mateus 24.36-44
32E Jesus terminou, dizendo:
— Mas ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Antonino Cepeda Salazar[2]
Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quais são os sinais que o céu apresentará antes que se veja o Filho do Homem entre nuvens? Do que trata o ensinamento da figueira? O que deixará de existir e o que não deixará de cumprir-se? O que unicamente o Pai sabe?
Algumas pistas para compreender o texto:
Rumo ao final do ano litúrgico, as leituras falam-nos do fim dos tempos e da vinda definitiva do Senhor Jesus. Em linguagem apocalíptica e simbólica, diz-nos que o Senhor é o dono da história. Assim como ele criou tudo, dando início à história, esta culminará com a vinda do Senhor. Será um momento de plenitude. As coisas deste mundo passarão, mas para participarem de um novo modo de vida plena e definitiva. Já não será preciso esperar, pois tudo terá alcançado sua plenitude. O autor diz à comunidade que não se deixe vencer pelo desânimo, porque Jesus Cristo, o Senhor, virá de maneira gloriosa.
Neste breve discurso apocalíptico se expressam algumas convicções dos cristãos:
1) O mundo atual passará. Falamos de “firmamento”, que se supõe seja o mais firme e o mais estável que existe perante nossos olhos; no entanto, haverá uma catástrofe cósmica – assim se descreve na linguagem apocalíptica e simbólica. É uma maneira de dizer que todas as coisas deste mundo são transitórias, limitadas, e algum dia passarão. A vida presente não é para sempre; por isso, a respeito das alegrias e das tristezas da vida, dizemos: “pense” e “considere” que em breve passarão, pois não são eternas. Com essa descrição, prepara-se o que se dirá no final: “minhas palavras ficarão para sempre”.
2) O Senhor Jesus voltará: “O Filho do Homem virá” inspira-se em Daniel 7.13-14. Não se fala de juízo, mas se supõe. O Senhor porá cada coisa em seu lugar. Reunirá seus eleitos. Ele iluminará tudo, trará a salvação e, junto com ela, a verdade, a justiça e a paz. Não vem nem ameaçador, nem vingativo, mas recompensará a cada um segundo suas obras.
3) As palavras do Senhor ficarão para sempre. Mais uma vez, Jesus convida a reconhecer os sinais dos tempos, agora com a observação da figueira: “quando seus ramos ficam verdes…”, é sinal de que é chegada a primavera. E de novo Jesus repete: “O céu e a terra desaparecerão”, porque conhecem seu fim, “mas as minhas palavras ficarão para sempre”. Assim, Jesus, o Senhor, dá esperança aos que creem. Em contraste com a fugacidade da vida, sua palavra é permanente.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Com o evangelho de hoje, Jesus convida-nos a prestar atenção aos acontecimentos não porque com eles chegue a catástrofe final e fiquemos ansiosos perante o fim de nosso mundo. O objetivo de interpretar os sinais é entender as diferentes maneiras de Deus falar. É de suma importância abrir o coração para entender com ele age em nossa vida. Estar atentos e sempre em boa disposição para receber Jesus, pois não sabemos em que dia e em que momento se aparecerá.
A respeito do valor da Palavra, Bento XVI diz-nos: “A Palavra de Deus é o fundamento de tudo, é a verdadeira realidade. E para sermos realistas, temos mesmo que contar com esta realidade. Temos que mudar a nossa ideia de que a matéria, as coisas sólidas que se podem tocar seriam a realidade mais sólida, mais segura. No final do Sermão da Montanha, o Senhor fala-nos das duas possibilidades de construção da casa da própria vida: na areia e na rocha. Constrói na areia somente quem edifica nas coisas visíveis e tangíveis, no sucesso, na carreira e no dinheiro. Aparentemente, estas são as verdadeiras realidades. Mas um dia tudo isto passará…
“E assim todas estas coisas, que parecem a verdadeira realidade com a qual contar, são realidades de segunda ordem. Quem constrói a própria vida sobre estas realidades, sobre a matéria, sobre o sucesso e sobre tudo aquilo que se vê, edifica na areia. Somente a Palavra de Deus é fundamento de toda a realidade, é estável como o céu e mais que o céu, é a realidade. Portanto, temos que mudar o nosso conceito de realismo. Realista é quem reconhece na Palavra de Deus, nesta realidade aparentemente tão frágil, o fundamento de tudo”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Quais são as coisas que me angustiam? Confio na palavra de Deus, que é o próprio Jesus Cristo? Que entendo quando ouço falar de vida eterna? Através de quais sinais Jesus se faz presente em minha vida?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus, Filho de Deus,
que me chamas a teu encontro, cada dia,
com a certeza de que esse encontro
é, para mim, um dom e uma graça;
dá-me a capacidade
de sair de meu ensimesmamento,
e acolher-te com fé e com amor,
nas diversas circunstâncias de minha vida.
Acolher-te para crer em ti e em tua palavra
de amor e de vida,
de esperança e de paz.
Acolher-te para amar-te
com um amor cálido e profundo,
saído do mais fundo de meu coração.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, quero colocar minha esperança em ti, que estás vivo e ressuscitado
e nos fazes partilhar de tua glória.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, conversarei com um amigo sobre o final deste mundo
e partilharei com ele minha preocupação e minha esperança.
“Não pense que você vive no mundo unicamente para divertir-se, enriquecer, comer,
beber, dormir como os animais privados de razão; de fato, o fim para o qual você foi criado é infinitamente superior e mais sublime, e é este:
amar e servir a Deus nesta vida e salvar sua vida na outra”.
São João Bosco
[2] Secretário da Dimensão de Animação Bíblia da Vida Pastoral. Conferência Episcopal do México.
[3] Meditação do Santo Padre Bento XVI no dia 6 de outubro de 2008 (http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2008/october/documents/hf_ben-xvi_spe_20081006_sinodo.html)