O Reino está no meio de nós – Lc 17, 20-25
14 de novembro de 2013Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galiléia. Ao entrar numa aldeia, vieram ao encontro de Jesus dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” Jesus viu-os e disse-lhes: “Ide, mostrai-vos ao sacerdote”. E quando eles iam andando, ficaram curados. Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano. Jesus lhe disse: “Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?!” E acrescentou: “Levanta-te e vai, tua fé te salvou”.
Segundo os costumes da época, os doentes descritos na passagem estavam excluídos do convívio social. Por isso tiveram que gritar a Jesus. Não podiam se aproximar. Em caso de cura, para que houvesse a reincorporação à sociedade, era necessário que o doente fosse examinado por um sacerdote, que opinaria a respeito da volta à convivência com a comunidade.
A passagem diz que todos os dez ficaram curados, mas apenas um voltou para agradecer. Me ajuda a orar tentar me colocar no lugar dos personagens da passagem. Com quem me identifico? Com o doente agradecido, que voltou? Com os outros nove que seguiram a diante? Com Jesus que fez tudo o que podia pelos doentes, que deu tudo de que eles precisavam?
Fiquei tentando imaginar, perguntando a Jesus, por que os outros nove não voltaram. Talvez se achassem merecedores da cura. Talvez pensassem que Jesus não fez mais do que a sua obrigação. Jesus me fazia entender que a lógica da meritocracia me afasta do amor. A gratidão brota quando me sinto extremamente amada, não pelo que fiz, ou pelo que deixei de fazer, mas pelo que sou.
Olhando pra nossa vida, possivelmente reconheceremos muitos méritos: trabalho, estudo, me dedico à família, faço “boas ações” de vez em quando. Mas não se trata de méritos. Trata-se de amor, de justiça. Não da justiça mosaica, olho por olho, dente por dente. Mas a justiça cristã que consiste em que todos conheçam o Amor.
A gratidão nasce quando reconheço que fizeram por mim algo pelo que eu não posso pagar. E talvez por isso seja tão difícil. Que na oração de hoje Jesus possa nos ajudar a abandonar o caminho das recompensas e a seguir pelo caminho do Amor.
Pollyanna Vieira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte