III Domingo da Quaresma – Ano A
19 de março de 2017Compaixão e perdão (Mt 18, 21-35)
21 de março de 2017Leitura: Mateus 1, 16.18-21.24
Jacó foi pai de José, marido de Maria, e ela foi a mãe de Jesus, chamado Messias.
O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, a sua mãe, ia casar com José. Mas antes do casamento ela ficou grávida pelo Espírito Santo. José, com quem Maria ia casar, era um homem que sempre fazia o que era direito. Ele não queria difamar Maria e por isso resolveu desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse:
— José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus , pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor havia mandado e casou com Maria.
Oração:
O evangelho de hoje nos apresenta uma figura essencial para a vida de Jesus, que certamente o marcou profundamente, embora os evangelhos pouco contem dessa pessoa e de sua relação com o Filho: José.
José vive uma situação muito delicada. Prestes a se casar com Maria, algo super desconcertante acontece e ele, depois de viver um dilema, toma uma difícil decisão: não vai se casar com Maria, mas não exporá a mulher com quem se casaria. Por que não se casar? Ele tinha percebido que Maria estava grávida e ele sabia que não era o pai. Por que não entregá-la às autoridades? Ele sentia que, embora isso não fizesse sentido, Maria era uma mulher diferente. Razão e intuição se tocam no prelúdio da decisão de José.
Quantas vezes já estivemos ou ainda estaremos na pele de José? Quantas vezes olhamos para uma situação e não entendemos… Quantas vezes os fatos destoam do que sentimos… Quantas vezes vivemos o dilema e nos dilaceramos por dentro antes de tomar uma decisão difícil… Quantas vezes olhamos para as situações da vida e pensamos: “não tem explicação”, “não consigo entender”… “e agora, o que fazer? Por onde ir?”
O evangelista continua a narrativa: diz que um anjo apareceu a José para lhe dizer que se casasse com Maria, pois ela estava grávida por obra do Espírito.
Os fatos continuavam os mesmos: Maria estava grávida e não era de José. José não era o pai. Maria poderia ser entregue às autoridades. José, no entanto, toma Maria como esposa.
Na vida, é preciso também que, como José, agucemos os ouvidos. José era um homem justo, isto é, procurava ser fiel à sua fé. À sua fidelidade o Pai responde com sua voz. Peçamos a José que nos ajude a ser justos como ele era… e que tenhamos, assim, ouvidos atentos como os dele, que ouviram então o mensageiro de Deus.
Que diz o anjo a José? Não são tantas explicações. O anjo apenas encoraja a abraçar o mistério. Casar-se com Maria, viver sob o mesmo teto com uma mulher que gerava uma vida para a qual ele não havia contribuído humanamente… José se dispôs a viver com o mistério e fazer sua vida uma com o mistério.
O convite da Palavra para nós é este: saber que é parte da vida a perplexidade, e saber que a vida de Deus, quando nos toca, deixa-nos sem condições de explicar tudo, entender tudo, apreender tudo… Mas Ele não pede que renunciemos ao dom da razão, do pensamento, das perguntas… Ele nos fala ao pé do ouvido: mesmo assim, abrace o mistério. O que você não entende pode ser vida minha que cresce. Cuide dela. Vá além da razão sem ter medo…
Que São José, dos primeiros que contemplou com perplexidade a salvação, nos ajude a viver nossos momentos de incompreensão até que possamos dizer um sim ao mistério… um sim que se dispõe a viver com o mistério, habitar na casa do mistério e até cuidar do que é mistério.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte