Santos Inocentes (Mt 2,13-18)
28 de dezembro de 2018A Palavra da vida (JO 1,1-18)
31 de dezembro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ilumina-me para que, junto com Maria, possa acolher a Palavra.
Espírito Santo, faze-me dócil para receber a mensagem que tens preparado para mim.
Espírito Santo, ajuda-me neste tempo de espera,
a fim de poder encarnar a Boa-Nova e partilhá-la com os demais.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 2.41-52
Jesus no Templo
41Todos os anos os pais de Jesus iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. 42Quando Jesus tinha doze anos, eles foram à Festa, conforme o seu costume. 43Mas Jesus tinha ficado em Jerusalém, e os seus pais não sabiam disso. 44Eles pensavam que ele estivesse no grupo de pessoas que vinha voltando e por isso viajaram o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. 45Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. 46Três dias depois encontraram o menino num dos pátios do Templo, sentado no meio dos mestres da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas a eles. 47Todos os que o ouviam estavam muito admirados com a sua inteligência e com as respostas que dava. 48Quando os pais viram o menino, também ficaram admirados. E a sua mãe lhe disse:
— Meu filho, por que foi que você fez isso conosco? O seu pai e eu estávamos muito aflitos procurando você.
49Jesus respondeu:
— Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai?
50Mas eles não entenderam o que ele disse.
51Então Jesus voltou com os seus pais para Nazaré e continuava a ser obediente a eles. E a sua mãe guardava tudo isso no coração.
52Conforme crescia, Jesus ia crescendo também em sabedoria, e tanto Deus como as pessoas gostavam cada vez mais dele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Aonde iam José e Maria para a festa da Páscoa, todos os anos, e por quê?
2. O que lhes aconteceu em uma das idas, quando Jesus tinha doze anos?
3. Durante quantos dias o procuraram e onde o encontraram?
4. O que lhe repreendem Maria e José, e o que Jesus lhes responde?
5. Eles entenderam a resposta de Jesus naquele momento?
6. O que fez Jesus em seguida, e o que Maria costumava fazer?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
A família de Nazaré era cumpridora da Lei de Deus que mandava peregrinar a Jerusalém pelo menos para a festa da Páscoa. Era um acontecimento especial para as pessoas do interior, que iam em caravana, rezando e cantando.
Menciona-se que Jesus havia completado doze anos. Possivelmente era a idade da maturidade, e ele, portanto, podia participar da peregrinação e da festa da Páscoa em Jerusalém.
A festa em Jerusalém transcorreu sem inconvenientes, mas quando o grupo empreende a volta para casa, inclusive Maria e José, Jesus permanece na cidade santa sem avisar seus pais. Passados três dias de angustiosa busca, encontram-no: “…encontraram o menino num dos pátios do Templo, sentado no meio dos mestres da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas a eles” (2.46.
A grande pergunta é por que Jesus fez isso, ou seja, ficar sem avisar seus pais. A própria Maria o expressa em sua pergunta, em tom de compreensível desgosto: “Quando os pais viram o menino, também ficaram admirados. E a sua mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que foi que você fez isso conosco? O seu pai e eu estávamos muito aflitos procurando você’” (2.48).
A resposta de Jesus a esta interpelação de sua Mãe é algo enigmático, porquanto sugere que seus pais não deveriam tê-lo buscado sabendo que devia estar na casa do seu pai (Deus), ocupar-se das coisas de seu
Pai. Com efeito, a resposta de Jesus revela-se desconcertante para Maria e José, mas através dela o evangelista deixa claro que o único Pai de Jesus é Deus, tal como o anjo havia anunciado a Maria.
“Ele deve estar com o Pai, e assim fica evidente que o que pode parecer desobediência, ou uma liberdade desconsiderada em relação aos pais, é, na realidade, precisamente uma expressão de sua obediência filial. Ele não está no templo por rebelião a seus pais, mas justamente como quem obedece, com a mesma obediência que o levará à cruz e à ressurreição” (J. Ratzinger). Portanto, nas primeiras palavras de Jesus que o evangelho de Lucas nos refere, Jesus dirige-se a Deus chamando-o ‘meu Pai” e revelando que esta relação Pai-Filho tem um caráter transcendente e único, que supera a simples compreensão humana, incluindo-se a de Maria, sua mãe.
Por outro lado, pensamos que a intenção da resposta de Jesus foi, de certa maneira, “educar” seus pais na aceitação da primazia absoluta de Deus, do Pai. Segundo a interpretação de muitos Padres da Igreja, Jesus quis, deste modo, levá-los ao verdadeiro Pai. O certo é que Maria e José, como todos os pais, tiveram de “aprender” a “entregar” seu Filho a Deus, a reconhecer sua soberania sobre todo ser humano.
Superado este “incidente”, tudo volta à “normalidade”, pois Jesus volta para casa com Maria e José, e permanece obediente a eles. E ali, na vida oculta e familiar de Nazaré, “Jesus ia crescendo também em sabedoria, e tanto Deus como as pessoas gostavam cada vez mais dele” (2.52).
Não se tratou, portanto, de um ato de rebeldia e de menosprezo de sua família. Foi um momento de “revelação” da identidade profunda de Jesus que supera a percepção natural e que requer sua aceitação pela fé.
O que o Senhor me diz no texto?
Esta Festa da Sagrada Família é celebrada no domingo seguinte ao Natal como um prolongamento deste mistério. Com sua Encarnação, Deus santificou o homem, redimiu-o. Contudo, não somente o homem considerado individualmente, mas o homem com seus vínculos mais profundos e vitais. Aqui é onde entra, como pleno direito, a realidade da família. Jesus nasceu, cresceu e viveu com sua família; por essa razão é que a chamamos de Sagrada Família. A partir dela, podemos e devemos iluminar a vida de todas as famílias.
O evangelho oferece-nos algumas pistas para meditar sobre a família. Em primeiro lugar, apresenta-nos a Sagrada Família como cumpridora da lei do Senhor, visto que não se sentiram dispensados de cumprir a vontade de Deus manifestada em sua Lei e que obrigava todos os israelitas à peregrinação anual a Jerusalém para a Páscoa.
No entanto, o regime da Lei está prestes a ser transformado e elevado pela Graça, pelo “vinho novo” que Jesus traz. Por isso, Maria e Jose foram os primeiros a ser surpreendidos/confundidos por esta “irrupção” do Reino de Deus com toda a sua carga de novidade. E esta irrupção do Reino, do verdadeiramente
sobrenatural, na esfera do natural, tem o mesmo caráter de necessidade que Jesus tinha de cumprir a Vontade do Pai. Em relação à família, concretamente, podemos afirmar que, principalmente hoje, é necessária a Graça para salvá-la; que ela precisa aceitar Jesus, pela fé, para poder continuar sendo verdadeira família, comunidade de vida e amor, com um pai (varão), uma mãe (mulher) e filhos.
É muito importante voltar a colocar a pedra angular, o fundamento, a rocha sólida: Jesus. Foi ele a quem perdemos e a ele é que devemos sair a procurar, como Maria e José. Quanto a isso, precisamos discernir, pois há uma perda da presença de Jesus cuja causa é moral. Neste sentido, o pecado é realmente o único que pode distanciá-lo de nós. Contudo, há outra perda de Jesus que é, antes de tudo, uma purificação, um chamado a uma busca em nível superior. Tal é a perda de Jesus que Maria e José experimentaram. Na verdade, toda a vida do cristão é uma contínua busca do Senhor, que às vezes parece que brinca de esconde-esconde conosco. Diante disso, é preciso descartar a causa moral, o pecado consentido. Excluída esta possibilidade, trata-se, pois, de uma purificação, de um chamado ao crescimento na fé, a uma nova revelação do Pai.
A respeito do amor na família, dizia o Papa Francisco: “Se o amor for uma relação (…), constrói-se como uma casa. (…) E não desejais alicerçá-la sobre a areia dos sentimentos que vão e voltam, mas sobre a rocha do amor autêntico, do amor que provém de Deus. A família nasce deste desígnio de amor, que quer crescer como se constrói uma casa que se torne um lugar de carinho, de ajuda, de esperança e de apoio” (Aos noivos que se preparam para o matrimônio, 14 de fevereiro de 2014).
Finalmente, a família deve buscar Jesus para encontrar nele seu Salvador e sua salvação.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Cumpro com minhas obrigações familiares, ou ficam sempre por último?
2. Qual a qualidade do tempo que dedico à minha família?
3. Procuro partilhar a fé e as festas com minha família?
4. Preparo-me para formar uma família que tenha como rocha sólida Jesus e o amor que ele nos dá?
5. Aceito que o matrimônio é uma vocação e um caminho de santidade?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Deus Pai, pelo dom da família.
Obrigado pela paternidade de José e pela maternidade de Maria.
Obrigado por tornar-nos parte do crescimento de Jesus que é o de todos nós.
Concede-me a graça de poder experimentar minha família, biológica ou espiritual, como vínculo vital.
Jesus, faze com que eu seja sempre buscador de tua Pessoa e de teu Projeto.
Que juntamente com meus irmãos de comunidade,
saibamos todos construir a grande família que sonhaste.
Assim, o Reino será palpável e uma vez mais, junto a ti, poderemos ocupar-nos dos assuntos do Pai.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Maria e José, ajudem-me sempre a buscar Jesus e seu Projeto”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me partilhar um tempo especial com minha família.
“O futuro depende, em grande parte, da família. Ela traz consigo o próprio amanhã da sociedade; seu papel especialíssimo é o de contribuir eficazmente para um futuro de paz”
São João Paulo II