Marcos 1,40-45
11 de janeiro de 2018Jesus e Levi (MC 2, 13 – 17)
13 de janeiro de 2018Alguns dias depois, Jesus voltou para a cidade de Cafarnaum, e logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. Muitas pessoas foram até lá, e ajuntou-se tanta gente, que não havia lugar nem mesmo do lado de fora, perto da porta. Enquanto Jesus estava anunciando a mensagem, trouxeram um paralítico. Ele estava sendo carregado por quatro homens, mas, por causa de toda aquela gente, eles não puderam levá-lo até perto de Jesus. Então fizeram um buraco no telhado da casa, em cima do lugar onde Jesus estava, e pela abertura desceram o doente deitado na sua cama. Jesus viu que eles tinham fé e disse ao paralítico:
— Meu filho, os seus pecados estão perdoados.
Alguns mestres da Lei que estavam sentados ali começaram a pensar: “O que é isso que esse homem está dizendo? Isso é blasfêmia contra Deus! Ninguém pode perdoar pecados; só Deus tem esse poder!”
No mesmo instante Jesus soube o que eles estavam pensando e disse:
— Por que vocês estão pensando essas coisas? O que é mais fácil dizer ao paralítico: “Os seus pecados estão perdoados” ou “Levante-se, pegue a sua cama e ande”? Pois vou mostrar a vocês que eu, o Filho do Homem, tenho poder na terra para perdoar pecados.
Então disse ao paralítico:
— Eu digo a você: levante-se, pegue a sua cama e vá para casa.
No mesmo instante o homem se levantou na frente de todos, pegou a cama e saiu. Todos ficaram muito admirados e louvaram a Deus, dizendo:
— Nunca vimos uma coisa assim!
Quando comecei a orar este trecho do evangelho, lembrei-me de uma frase que a minha mãe utiliza com frequência. Ela, participante diária da eucaristia, costuma dizer para as pessoas que lhe pedem orações: “pode deixar, hoje vou te colocar no altar, pertinho de Jesus”.
Quatro homens, anônimos, como muitos outros anônimos nas narrativas dos evangelistas, fazem o possível e o impossível, para colocar um paralítico pertinho de Jesus.
Os quatro homens anônimos não tem nomes somente para nós, pois Deus os conhece, assim como conhece cada um de nós que levamos à sua presença nossos irmãos necessitados.
Eles não fizeram pedido nenhum. Apenas colocaram o necessitado na presença do Senhor. Havia uma grande confiança de que Jesus saberia fazer o melhor para aquele paralítico.
Imagino que, no fundo, os quatro homens esperavam que Jesus o curasse da paralisia, porém, num primeiro momento, Ele preferiu perdoar os pecados do paralítico. Talvez fosse o que ele mais precisasse naquele momento.
O evangelista não comenta nada mais a respeito dos amigos do paralítico, talvez porque, amparados pela fé que demonstraram, estavam refletindo sobre a atitude de Jesus. Mesmo que não tenham compreendido e tenham ficado desapontados, pois esperavam a cura, não perderam a esperança de que Jesus estava fazendo o que mais importava para o doente.
Podemos, neste ponto, relembrar como tem sido nossas atitudes diante das coisas que não acontecem como esperávamos? Continuamos confiando que o Senhor nos atendeu, mesmo que não percebamos como?
Por outro lado, também estavam presentes algumas pessoas que não tinham fé. Estavam ali porque precisavam de sinais exteriores e se escandalizaram, pois a falta de fé não permitia que aceitassem a possibilidade de Jesus ter o poder de perdoar pecados.
Neste ponto é colocada uma questão muito importante, da qual podemos tirar muito proveito em nossa oração. A fé permite que confiemos na mudança, na transformação, mesmo que não percebamos sinais exteriores imediatos. Como a semente que ao ser plantada não dá, por muito tempo, nenhum sinal da transformação que se iniciou. Por outro lado, a falta de fé, mesmo que aconteça sinais maravilhosos, não permite que confiemos em uma verdadeira transformação interior.
Daí a pergunta de Jesus: “O que é mais fácil: dizer ao paralítico: ‘os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’?”.
Ora, é mais fácil dizer que os pecados estão perdoados, pois ninguém pode ver esta ação ocorrendo, a não ser aquele a quem os pecados foram perdoados. Por outro lado, dizer para um paralítico se levantar, pegar sua cama e andar, é muito difícil, pois caso isto não ocorra será ridicularizado por todos.
Aos que tem fé, Jesus ensina que deve-se mantê-la, mesmo que não se perceba nada acontecendo, pois nenhum sofredor colocado pertinho dele, deixará de ser atendido em suas necessidades. Àqueles que não tem fé, Jesus ensina que é necessário buscá-la, pois os sinais exteriores tem demonstrado que há muitas mudanças ocorrendo no interior e sem os olhos da fé não se pode apreciá-las.
Como temos vivido nossa vida de fé? Confiamos nas ações interiores que o Senhor está operando ou temos exigido sinais exteriores?
Peçamos ao Espírito Santo que nos dê o dom da fé, para que possamos perceber todas as maravilhas que o Senhor tem operado em nossas vidas e possamos, louvando a Deus, também dizer: “Nunca vimos uma coisa assim”. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte