coerência + unidade = Reino de Deus
23 de janeiro de 2017Crer e levar o evangelho (Marcos 16,15-18)
25 de janeiro de 2017Em seguida a mãe e os irmãos de Jesus chegaram; eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Muita gente estava sentada em volta dele, e algumas pessoas lhe disseram:
— Escute! A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora, procurando o senhor.
Jesus perguntou:
— Quem é a minha mãe? E quem são os meus irmãos?
Aí olhou para as pessoas que estavam sentadas em volta dele e disse:
— Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Silenciando nosso coração, tomemos consciência da suave presença de Deus, que habita em nós, e peçamos ao Espírito Santo a graça de compreender o que o Senhor quer nos falar hoje, por meio deste texto que a liturgia da igreja nos propõe. Espírito de amor, nós confiamos em você e em suas mãos nos colocamos, conduza-nos.
Jesus é um mestre completo e em tempo integral. Toda sua vida está direcionada a construir o Reino. Ele possui um olhar atento a todos os sinais e está constantemente aberto ao Espírito, de tal forma, que aproveita todos os acontecimentos para ensinar, para aprofundar nossa compreensão do Reino de Deus e nos comunicar todas as coisas que recebeu do Pai.
É muito bonito perceber isso de Jesus, seu desejo de comunicar-nos tudo que recebeu do Pai, expresso de forma carinhosa e simples: “chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai” (Jo 15,15b).
No texto de hoje, Jesus nos comunica que veio construir uma família mais ampla que sua família de sangue. Uma missão que recebeu do Pai, mas que também a dirige a nós: “Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo 20,21).
Em uma primeira leitura do texto, somos tentados a pensar que Jesus está desprezando sua relação de sangue com sua mãe, contudo, ao reler mais vezes, percebemos sua ação de mestre. Ele aproveita a situação ideal para marcar de forma cabal o coração de seus discípulos com a ideia de se formar uma grande família, cujo laço não será o sangue, mas o cumprimento da vontade de Deus.
Sua mãe, com o Sim que possibilitou a vinda de Jesus entre nós, é a primeira também desta família não sanguínea, porque cumpriu de forma exemplar a vontade de Deus e, assim, também se tornou a mãe querida de todos nós, seus discípulos amados: “Quando Jesus viu a sua mãe e perto dela o discípulo que ele amava, disse a ela: ‘Este é o seu filho’. Em seguida disse a ele: ‘Esta é a sua mãe’. E esse discípulo levou a mãe de Jesus para morar dali em diante na casa dele” (Jo 19,26-27).
Nos sentimos amados por Jesus? Recebemos Maria em nossa casa, como nossa mãe?
Queremos fazer parte da família de Jesus? Queremos ser seus irmãos e suas irmãs, ou sua mãe? Essas são as perguntas que o texto de hoje me inspiram. Como posso responder a elas?
Senhor, sei que a vontade de Deus é que eu seja como você. Você é o primeiro, o modelo ao qual devo me conformar. Contudo, não preciso nem dizer, pois o Senhor mesmo sabe, todas as dificuldades que tenho para segui-lo: minhas fraquezas, minhas constantes reincidências no pecado, meus medos, minhas inseguranças, enfim, todas as barreiras, a maioria colocadas por mim mesmo, impedindo-me de segui-lo com mais coerência e mais determinação.
Certa vez, o Senhor disse: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15, 5).
Encanta-me saber que, mesmo me conhecendo tão bem e vendo o quanto fracasso na tentativa de me conformar mais a você, você continua a sustentar-me. Quero hoje, principalmente, agradecer-lhe por estar sempre alimentando este ramo que sou, transmitindo força, sustentando-me nas horas difíceis e gozando comigo dos momentos de alegria. Sua participação em minha vida me dá esperança e me faz perceber o sentido mais profundo de viver.
Ajude-me, Senhor, a estar aqui na sua presença todos os dias, fazendo destes momentos de oração um canal de graça, no qual posso receber de você a paz necessária para viver meu dia com o seu olhar. “Aí olhou para as pessoas que estavam sentadas em volta dele e disse: ‘Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe’ “.
Dá-me, Senhor, este seu olhar, para que eu consiga, cada dia mais, viver a fraternidade desejada por Deus e seja, pouco a pouco, mais parecido com você. Que essa seja nossa tarefa, de maneira especial no dia de hoje: olhar a todos, com os quais convivemos, com este olhar de fraternidade de Jesus. Criemos, junto com o Senhor, as bases de uma família mais ampla.
Na confiança de que o Espírito Santo nos conduz e sob o olhar terno de nossa mãe Maria, sigamos em frente, construindo um mundo de amor e verdade. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte