O mundo, a vida
29 de novembro de 2014Prontidão e confiança (Mt 8, 5-11)
1 de dezembro de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
“Vinde, Espírito Criador,
Visitai as almas dos Vossos fiéis;
e enchei da graça divina
os corações que criastes!
Vós sois o nosso Consolador,
dom do Deus Altíssimo,
fonte viva, fogo, caridade,
e unção espiritual.
Vós derramais sobre nós os sete dons;
vós o dedo da mão de Deus;
vós o prometido do Pai;
vós que pondes nos nossos lábios o tesouro da vossa palavra.
Acendei com a vossa luz a nossa inteligência;
infundi o vosso amor nos nossos corações,
e com o vosso perpétuo auxílio
fortalecei a nossa débil carne.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 13.33-37
O dia e a hora
Mateus 24.36-44
33Vigiem e fiquem alertas, pois vocês não sabem quando chegará a hora.34Será como um homem que sai de casa e viaja para longe; mas, antes de ir, dá ordens, distribui o trabalho entre os empregados e manda o porteiro ficar de vigia. 35Então vigiem, pois vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar; se será à tarde, ou à meia-noite, ou de madrugada, ou de manhã. 36Se ele chegar de repente, que não encontre vocês dormindo! 37O que eu lhes digo, digo a todos: fiquem vigiando!
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Fidel Oñoro, cjm
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Por que os discípulos devem conservar-se acordados e alertas? Aonde o homem estava prestes a ir? Qual foi o encargo que o homem confiou a seus empregados? O que distribuiu a cada um? A quem ordenou vigiar? O que pode acontecer se o Senhor chegar de repente? A quem o Senhor faz a recomendação?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Neste domingo, começamos a leitura do Evangelho de Marcos. A passagem escolhida para este primeiro domingo do Advento é a conclusão do discurso final de Jesus, no qual os discípulos são convidados à perseverança e à espera de sua vinda.
A “vinda” do Senhor (em grego, “Parusia”) geralmente é interpretada como o “retorno” do Senhor. Isto se compreende bem na passagem de hoje, onde se fala do retorno de um dono de casa que partiu em viagem depois de ter confiado diversos encargos a seus empregados.
A palavra que fica ressoando nos ouvidos dos discípulos é: “Fiquem atentos!” Estamos, pois, diante de um ensinamento fundamental do discipulado.
Em seu caminhar, a história ensina-nos que os discípulos devem estar atentos perante os perigos externos, tais como os falsos profetas, a perseguição; e diante dos perigos internos, como o de perder de vista o Senhor.
Assim se retoma a inquietação dos discípulos Pedro, Tiago e João, que, observando a beleza do Templo e diante da advertência do Mestre de que chegaria a seu fim, haviam pedido: “Conte para nós quando é que isso vai acontecer. Que sinal haverá para mostrar quando é que todas essas coisas vão começar?” (Mc 13.4). Não se podem fazer previsões matemáticas sobre o dia em que chegará ao fim, nem tampouco ninguém conhece o tempo de sua segunda vinda: “Mas ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13.32).
Com esta ideia, começa a passagem que vamos analisar: não se sabe o tempo da “vinda”. Diz-se aos discípulos: “pois vocês não são sabem quando chegará a hora…pois não vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar” (13.33a). À luz dessa realidade, tiram-se as consequências para o discipulado: qual deve ser nossa atitude no tempo da espera?
O que eu lhes digo, digo a todos: fiquem vigiando!
No final, nota-se de novo a ênfase na repetição. Desta vez, há um dado novo: o que Jesus diz aos primeiros discípulos que foram chamados (cf. 1.16-20) vale para toda a comunidade, aliás, para toda a humanidade.
Esta frase tem um valor missionário: os discípulos têm a tarefa de comunicar a todo o mundo o que aprenderam de Jesus. Um dos ensinamentos é a “vigilância”: é preciso ensinar ao mundo inteiro a viver a “vigilância” dentro da história.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O convite está feito: estejamos atentos. Deus decidiu encontrar-se conosco em nossas situações cotidianas e no profundo de nosso coração; por isso, chama-nos a conservar-nos acordados e vigilantes. Sabemos que manter-nos acordados e lutar contra o sono é uma das lutas mais difíceis com nós próprios, mas para animar-nos nesse desafio, são Paulo nos diz: “Mas vocês, irmãos, não estão na escuridão (…).Todos vocês são da luz e do dia. Nós não somos da noite nem da escuridão. Por isso não vamos ficar dormindo, como os outros, mas vamos estar acordados e em nosso perfeito juízo” (1Ts 5.4-6). Somente libertando-nos da obscuridade poderemos chegar a encontrar nosso Pai, Deus, que é a Luz.
Por isso, faz-se necessário que nos questionemos interiormente, e que como resultado disso, possamos ser cada vez melhores, para irmos ao encontro do Senhor. Hoje, neste primeiro domingo do Advento, o chamado é para estar à espera do encontro com Jesus. Esta espera deve ser paciente, como nos recomenda são Tiago: “Tenham paciência até que o Senhor venha. Vejam como o lavrador espera com paciência que a sua terra dê colheitas preciosas. Ele espera pacientemente pelas chuvas do outono e da primavera. Vocês também precisam ter paciência. Não desanimem, pois o Senhor virá logo” (Tg 5.7).
Contudo, perguntemo-nos por um instante: o que pode ser o contrário de estar atento? O contrário, claramente, é a distração, que lamentavelmente é nossa condição habitual e cotidiana, principalmente em nossa atualidade, onde sempre estamos a correr, com os sentidos saturados de informação, com música permanentemente em nossos fones de ouvido, recebendo constantemente correios eletrônicos em nossos dispositivos eletrônicos; e quando nos afastamos um momento para escutar nosso coração, a distração faz-se muito maior e um pouco mais difícil de vencer. É difícil fixar nossa atenção em uma meta específica e poder trabalhar nela, perseguindo-a até alcançá-la com fidelidade e coerência; o preocupante desta situação é que podemos fazer o mesmo com Deus.
Uma vez mais recordemos o chamado que se nos faz neste primeiro domingo do Advento, que quer dizer esperar, para estarmos atentos. Comecemos pouco a pouco a vencer as distrações que nos distanciam de esperar Jesus, de vê-lo, de ouvi-lo e que seja a oportunidade para irmos preparando e dispondo nossos corações para seu nascimento em nós.[2]
Agora perguntemo-nos:
Mantenho-me atento à voz do Senhor? Permito que as distrações do mundo atraiam minha atenção, diminuindo a importância das coisas de Deus? Luto contra a tentação que chega com a preguiça e o sono, que querem impedir que eu seja constante na oração? Meu agir está de acordo com uma vida à espera do Senhor? Estou-me preparando para que Jesus nasça no presépio de meu coração? Estou preparando este tempo de Advento ou de espera com disposição em meu coração?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis
o ardente desejo de possuir o reino celeste,
para que, acorrendo com as nossas boas obras
ao encontro do Cristo que vem,
sejamos reunidos à sua direita
na comunidade dos justos.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor Jesus Cristo, espero-te atent@, acordad@
e vigiando o momento em que venhas para minha vida.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Nesta semana, revisarei minhas atitudes e comportamentos, para saber se ainda tenho em minha vida situações que “me fazem dormir” e não me permitem esperar atent@ e vigilante a chegada de Jesus.
Nossa alma deve estar aberta, à espera da vinda do Senhor. Uma alma aberta chama e diz constantemente: vem, vem, Senhor!”
Papa Francisco