Templos vivos de Deus (Jo 2,13-22)
9 de novembro de 2018Aumente a nossa fé. Lc 17, 1-6
12 de novembro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, guia-me para que eu possa descobrir
o que Jesus me tem preparado em sua Palavra.
Espírito Santo, fala-me
para que eu possa escutar a Boa Nova.
Espírito Santo, comunica-me o mais profundo do Evangelho,
para que possa anunciá-lo e vivê-lo em comunidade.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 12.38-44
Jesus e os mestres da Lei
Mateus 23.1-36; Lucas 20.45-47
38Ele dizia ao povo:
– Cuidado com os mestres da Lei! Eles gostam de andar para lá e para cá, usando capas compridas, e gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças; 38preferem os lugares de honra nas sinagogas e os melhores lugares nos banquetes. 40Exploram as viúvas e roubam os seus bens; e, para disfarçarem, fazem orações compridas. Portanto, o castigo que eles vão sofrer será pior ainda.
A oferta da viúva pobre
Lucas 21.1-4
41Jesus estava no pátio do Templo, sentado perto da caixa das ofertas, olhado com atenção as pessoas que punham dinheiro ali. Muitos ricos davam muito dinheiro. 42Então chegou uma viúva pobre e pôs na caixa duas moedinhas de pouco valor. 43Aí Jesus chamou os discípulos e disse:
– Eu afirmo a vocês que isto é verdade: esta viúva pobre deu mais do que todos. 44Porque os outros deram do que estava sobrando. Porém ela, que é tão pobre deu tudo o que tinha para viver.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Segundo Jesus, com quem devemos tomar cuidado e por quê?
2. Que ações dos mestres da Lei são criticadas por Jesus?
3. Que atitude de fundo encerram tais ações?
4. O que fazem muitos ricos no pátio do Templo, onde se faziam as ofertas?
5. Quanto a viúva oferece?
6. Que avaliação faz Jesus da oferenda da viúva e da dos ricos?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
No evangelho deste domingo, devemos identificar duas partes: a primeira (12.38-40) é um ensinamento de Jesus sobre a má conduta dos escribas, ao passo que a segunda (12.41-44) se refere ao testemunho de uma viúva pobre.
No que diz respeito ao ensinamento de Jesus, distinguimos três partes: advertência introdutória, descrição da conduta condenável dos escribas e ameaça de julgamento conclusiva.
A advertência introdutória começa com um verbo no imperativo que tem o sentido de precaver-se ou prevenir-se de algo mau. Aqui, Jesus convida a acautelar-se ou precatar-se contra os escribas. Assim eram chamados os que se dedicavam ao estudo das Escrituras, interpretando-as à luz das tradições dos antepassados, adaptando as normas à vida prática.
Em seguida, Jesus descreve a conduta dos escribas contra a qual é preciso premunir-se para não seguir ou imitar. Concretamente, apresenta cinco ações dos escrivas que, de certo modo, são uma caricatura deles: 1) andar para lá e para cá, usando capas compridas; 2) ser cumprimentados nas praças; 3) ocupar os lugares de honra nas sinagogas e os melhores lugares nos banquetes; 4) explorar as viúvas e roubar-lhes os bens; 5) disfarçar, fazendo orações compridas.
Se considerarmos a atitude de fundo, em quatro das ações (1, 2, 3 e 5) está clara a opção pela aparência, pelo meramente exterior com a intenção de obter a aprovação ou o reconhecimento dos demais. Na outra (4), “explorar as viúvas e roubar-lhes os bens”, parece que se trata antes de uma atitude de aproveitadores ou manipuladores, movida pela avareza. Ou seja, os escribas, valendo-se de sua condição e de sua fama de homens religiosos, apropriar-se-iam dos bens das viúvas. Em resumo, a religiosidade dos escribas é falsa, porquanto está motivada pela vanglória e pela cobiça. Jesus nos adverte contra esses perigos.
O ensinamento conclui-se com a ameaça de um julgamento mais severo para os escribas. Trata-se, sem dúvida, do juízo escatológico ou final de Deus.
A segunda parte narra primeiramente o que Jesus observa diante da arca da caixa das ofertas do Templo e, em seguida, o ensinamento que Jesus transmite aos discípulos a partir do que foi observado.
No recinto interior do Templo de Jerusalém, encontrava-se a sala do tesouro onde se encontravam alguns cofrinhos em forma de trombeta, um dos quais era destinado às doações voluntárias. As pessoas, ao depositarem ali sua oferenda, fariam um ruído proporcional à quantidade de moedas depositadas. Então Jesus observa que muitos ricos lançavam grande qualidade. De repente, aparece uma viúva “pobre”, que deposita apenas duas leptas, que são as menores moedas de cobre. Levando-se em conta apenas a quantidade, fica evidente o contraste entre os ricos que depositam muito e a viúva que doa pouco, e a consequente valorização positiva dos que põe mais. No entanto, a valorização que Jesus faz a modo de ensinamento para seus discípulos leva em conta outro aspecto e, por isso, é diferente. “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque os outros deram do que estavam sobrando. Porém ela, que é tão pobre deu tudo o que tinha para viver” (Mc 12.43-44).
Portanto, para Jesus, a viúva colocou mais do que os ricos que doaram muito, pois ele não olha a quantidade, mas o que representa ou implica o que foi dado por cada um. Os outros deram do que lhes sobejava; a viúva deu tudo o que tinha, deu sua vida, entregou-se a si mesma a Deus em sua pobre oferenda.
O que o Senhor me diz no texto?
Este evangelho convida-nos a meditar sobre a diferença entre o olhar dos homens e o olhar de Jesus; entre o valorizar dos homens e o valorizar de Jesus. Com efeito, enquanto os homens buscam, olham e valorizam somente as aparências, Jesus, tal como Deus no Antigo Testamento, olha o coração e não a aparência. E este olhar profundo e verdadeiro de Deus é o fundamento de seu justo julgamento. Por sua aparência, aos olhos do povo os escribas eram homens muito piedosos; Jesus, porém, vê que o coração deles está cheio de vaidade e cobiça. Aos olhos dos homens, isto é, em aparência, os ricos dão muito mais do que a pobre viúva; aos olhos de Jesus, no entanto, a viúva deu muito mais, porque deu tudo o que tinha para viver. Por fim, como disse o Papa Francisco: “Diante do Senhor, não contam as aparências, conta o coração” (Homilia de 3 de novembro de 2018).
De modo especial, Jesus adverte-nos do perigo da vanglória ou hipocrisia que busca sobressair-se, colocar-se nos primeiros lugares, ganhar fama de “espirituais” com as orações à vista de todos.
Concretamente, o evangelho de hoje nos está apresentando um anti-modelo que não devemos seguir – a atitude dos escribas – e um modelo a imitar: o da pobre viúva. Como disse o Papa Francisco: “Hoje Jesus diz-nos, também a nós, que a medida de juízo não é a quantidade, mas a plenitude. Existe uma diferença entre quantidade e plenitude. Você pode ter muito dinheiro, mas ser vazio: não há plenitude no seu coração. Durante esta semana, meditem sobre a diferença que existe entre quantidade e plenitude. Não é questão de porta-moedas, mas de coração. Há diferença entre porta-moedas e coração… Existem doenças cardíacas que levam o coração a descer até ao porta-moedas… E isto não é bom! Amar a Deus ‘com todo o coração’ significa confiar nele, na sua Providência, e servi-lo nos irmãos mais pobres sem esperar nada em troca” (Angelus, 8 de novembro de 2018).
Um último detalhe a ser observado é que a viúva não se envergonhou de sua pobreza nem de sua pobre oferenda; não se julgou a si mesma por sua aparência ou condição. A chave está em amar nossa pobreza – que é nossa verdadeira realidade – e entregá-la com amor a Deus.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Deixo-me levar pelas aparências em minhas avaliações?
2. Dou mais importância ao aspecto exterior ou ao interior das pessoas?
3. Já experimentei o olhar amoroso do Senhor que aprecia os pequenos gestos que faço por ele como se fossem grandes?
4. A Deus e aos demais dou o que me sobra ou me entrego a mim mesmo?
5. Aceito minha pequenez e pobreza ou oculto-as e as disfarço?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por olhares para meu coração. Livra-me das aparências que esmagam e condenam.
Que eu me anime, como tu, a ver além e a abraçar cada coração.
Livra-me de querer destacar-me, dos primeiros lugares, de julgar levianamente.
Somente tu sabes o que sou, o que tenho.
Quero unir-me àquela viúva e dar tudo.
Que em cada gesto pequeno, encontre o que é valioso, sem envergonhar-me.
Sei que o aceitarás como um tesouro.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, ajuda-me a doar-me em cada gesto, sem olhar as aparências!”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me a prestar um serviço concreto, prestando atenção a quem dele tenha mais necessidade.
“O que agrada a Deus é ver-me amar minha pequenez e minha pobreza;
é a esperança cega que tenho em sua misericórdia… Este é meu único tesouro”.
Santa Teresinha do Menino Jesus