Reconhecer e acolher o Senhor que se manifesta (Jo 21,1-14)
10 de abril de 2015Segundo Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia – Ano B
12 de abril de 2015“Jesus ressuscitou no domingo bem cedo e apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios. Ela foi contar isso aos companheiros de Jesus, pois eles estavam tristes e chorando. Quando a ouviram dizer que Jesus estava vivo e que tinha aparecido a ela, eles não acreditaram.
Depois disso Jesus se apresentou com outra aparência a dois discípulos que iam caminhando para o campo. Eles voltaram e foram contar isso aos outros discípulos, e estes não acreditaram no que os dois disseram.
Por último Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto eles estavam à mesa, comendo. Ele os repreendeu por não terem fé e por teimarem em não acreditar no que haviam contado os que o tinham visto ressuscitado. Então ele disse:
– Vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a todas as pessoas.”
Podemos ressaltar três pontos do Evangelho de hoje para a nossa oração.
O primeiro é a falta de fé dos discípulos, a qual até Jesus repreendeu. Eles não acreditaram nos testemunhos sobre Jesus Ressuscitado. Estavam “tristes e chorando”, mas não conseguiram se alegrar com a Boa Notícia trazido por Madalena e pelos dois do caminho. Há de fato um fechamento de coração aí, talvez causado pela própria tristeza.
Será que não nos acontece? Rezando este Evangelho, lembrei de um dia no final do ano em que uma liderança do meu trabalho anunciou que dali pra frente viveríamos com mais serenidade, não repetiríamos a correria louca que havia nos acompanhado durante todo o ano passado, as coisas seriam de outra forma. Uma ótima notícia para quem já pedia arrego! No entanto, eu não consegui me alegrar. No fundo, não consegui acreditar. Uma falta de fé, pois de fato as coisas estão diferentes, assumimos a serenidade como um de nossos valores e estamos buscando vivê-lo. Quantas e quantas boas notícias nos são trazidas e não logram causar seu efeito em nós, por puro fechamento, incredulidade e desesperança da nossa parte! São os anúncios da Ressurreição que não acolhemos. O que Jesus diz disso? “Ele os repreendeu por não terem fé e por teimarem em não acreditar”.
Mas há um outro lado aí, o segundo ponto para a nossa oração. Este Evangelho acaba apontando para a necessidade de uma experiência pessoal com Jesus. Não nos basta a experiência do outro, por mais maravilhosa que ele a apresente, por mais entusiasmo com que a conte. Cada um de nós precisa experimentar o encontro com o Senhor Ressuscitado, sentir que dirige Sua Palavra a nós e esta Palavra é viva, fala para a nossa vida hoje. Precisa fazer experiência do Seu amor, da Sua misericórdia, da Sua compaixão. O testemunho do outro, se nos abrimos a Ele, nos leva a Jesus. Mas é com Ele que precisamos ficar. Só dele vem a força para também nós nos levantarmos e seguirmos em frente, para viver como pessoas ressuscitadas.
Quem faz esta experiência tem desejo de anunciar. Este é o terceiro ponto, o envio de Jesus: “Então ele disse: ‘Vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a todas as pessoas’.” “Então”: tendo feito a experiência do encontro, ele nos envia ao mundo. É nos ambientes em que nos movemos no dia a dia, do mundo do trabalho, dos estudos, do mundo familiar, social que devemos anunciar o Evangelho. Anunciar o Evangelho é levar a Boa Notícia do amor, um amor que vence o ódio, as guerras, a violência, a morte. Não se trata de dar palestras, gritar em praça pública; nem tampouco de falar de romantismo, de um mundo cor de rosa, como se fechássemos os olhos para a dura realidade. Trata-se de ser pessoas de esperança, capazes de levar uma palavra de consolo aos desolados, capazes de ver significado na vida, capazes de lançar a amar, e aí ter autoridade para falar do amor.
Peçamos ao Espírito que nos introduza nesta experiência e nos confirme no chamado, ajudando-nos a ser, a viver como ressuscitados e assim poder anunciar o Evangelho, a Boa Nova de Jesus.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner