Jesus e Levi (MC 2, 13 – 17)
13 de janeiro de 2018Jejum
15 de janeiro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e batiza-me com teu fogo.
Quero ser criatura nova.
Vem, Espírito Santo, para que com teu impulso,
passe da escuta à vivência do evangelho.
Vem, Espírito Santo, e dá-me a força para seguir Jesus.
Sê tu mesmo meu companheiro.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: João 1.35-42
Os primeiros discípulos de Jesus
35No dia seguinte, João estava outra vez ali com dois dos seus discípulos. 36Quando viu Jesus passar, disse:
— Aí está o Cordeiro de Deus!
37Quando os dois discípulos de João ouviram isso, saíram seguindo Jesus. 38Então Jesus olhou para trás, viu que eles o seguiam e perguntou:
— O que é que vocês estão procurando?
Eles perguntaram:
— Rabi, onde é que o senhor mora? (“Rabi” quer dizer “mestre”.)
39 — Venham ver! — disse Jesus.
Então eles foram, viram onde Jesus estava morando e ficaram com ele o resto daquele dia. Isso aconteceu mais ou menos às quatro horas da tarde.
40André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois homens que tinham ouvido João falar a respeito de Jesus e por isso o haviam seguido. 41A primeira coisa que André fez foi procurar o seu irmão Simão e dizer a ele:
— Achamos o Messias. (“Messias” quer dizer “Cristo”.)
42Então André levou o seu irmão a Jesus. Jesus olhou para Simão e disse:
— Você é Simão, filho de João, mas de agora em diante o seu nome será Cefas. (“Cefas” é o mesmo que “Pedro” e quer dizer “pedra”.)
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Que expressão João Batista usa para indicar Jesus e o que pode significar?
- · O que os discípulos de João perguntam a Jesus, agora que o seguem?
- · O texto nos diz o que aconteceu nesse encontro, o que viram os discípulos viram naquele dia?
- · O que André diz a seu irmão Pedro quando o encontra?
- · O que pode significar o apelido que Jesus impõe a Pedro?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
Na cena anterior, João Batista, que estava a batizar às margens do Jordão, vê Jesus aproximar-se e diz: “Aí está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). No dia seguinte, olhando novamente para Jesus, repete este testemunho, mas agora na presença de dois de seus discípulos (Jo 1.29). O título de “Cordeiro de Deus”, aplicado a Jesus, é exclusivo do evangelho de João, e sua origem é um tanto misteriosa. Mui provavelmente deve-se considerá-lo como uma referência ao cordeiro pascal, pois em Jo 19.36, diante de Jesus crucificado, repete-se esta comparação. Dever-se-iam considerar também itinerários referenciais ao sacrifício de Isaac (Gn 22) e ao servo sofredor (Is 53), que os rabinos já vinculavam com o cordeiro pascal. O certo é que o testemunho de João é convincente para os dois discípulos, pois quando ouvem que Jesus é o Cordeiro de Deus, não duvidam em segui-lo. Aparecem aqui os verbos “ouvir” e “seguir”, ambos carregados de sentido teológico, porquanto expressam atitudes próprias dos discípulos de Jesus. De imediato, abandonam o Batista e se vão no seguimento de Jesus.
Jesus olha para trás e, “vendo-os”, pergunta-lhes: “O que é que vocês estão procurando?”. Os discípulos respondem-lhe com outra pergunta: “Mestre, onde é que o senhor mora?”. A respeito do valor simbólico da “morada de Jesus”, podemos dizer que “embora se trate, à primeira vista, da habitação concreta de Jesus, a repetição do verbo evoca, para o leitor familiarizado com João, a ‘morada’ da qual Jesus falará mais tarde, a inabitação em Deus Pai. Portanto, com a pergunta: ‘O que vocês estão buscando?’, Jesus tencionava elevar o objeto dessa busca para levar os discípulos a participar da relação que une Jesus com o Pai”.
A resposta de Jesus à pergunta é um convite a ver por si mesmos: “Venham ver”. A palavra “vir”, na linguagem do evangelho de João, significa normalmente “crer nele”.
E assim aconteceu: foram e viram, e ficaram com ele o resto daquele dia. É evidente a intenção do evangelista de ressaltar a necessidade de “ir e ver”, para que o discípulo tenha uma experiência pessoal da pessoa e da vida de Jesus. E tão pessoal foi a experiência, que nada mais nos é dito sobre o que aconteceu naquele dia, a respeito do que viram e experimentaram naquele momento. No entanto, ficou-lhes gravada a hora: “Isso aconteceu mais ou menos às quatro horas da tarde”.
O que se nos desvela em seguida é a identidade de um dos discípulos: trata-se de André, irmão de Simão Pedro. Observemos que, além do nome, é definido como aquele que “tinha ouvido” falar de Jesus e o “seguiu”; conseguintemente, era já um discípulo. E agora é o discípulo, André, que encontra seu irmão Simão e dá testemunho de Jesus. “Achamos o Messias” (1.41). Também aqui se nos esclarece algo do que sucedeu na “morada de Jesus” naquele dia e o que encontraram ali: o Messias.
André leva Pedro para diante de Jesus, que o olha e lhe muda o nome para “pedra”. Isto indica claramente uma escolha particular de Jesus, que constitui Pedro como discípulo e futuro fundamento da Igreja.
O que o Senhor me diz no texto?
Ao principiar o Tempo Comum, o evangelho de hoje nos oferece um belo exemplo de como se começa a ser cristão. De fato, o evangelho narra o começo da vida cristã para os irmãos André e Pedro, mais um discípulo que permanece anônimo. Assim começou tudo para eles. Devem-se ressaltar algumas palavras de forte carga teológica que dominam a narrativa: testemunho, ouvir, seguir, procurar, ver, estar, achar. Nelas há toda uma descrição do caminho discipular, que pode ser sintetizado assim: ouvir, seguir, ir, ver.
As palavras de Jesus nesta narrativa são escassas, pois se trata antes de mais nada de ver, estar e achar. E é o convite que é feito a cada um de nós, seja para viver ou reviver o momento do primeiro encontro com o Senhor, encontro que foi o verdadeiro começo de nossa vida cristã.
Ao mesmo tempo, esta narrativa apresenta-nos uma síntese do método cristão para o anúncio do evangelho, tal como o afirma no documento de Aparecida no nº 244: “A própria natureza do cristianismo consiste, portanto, em reconhecer a presença de Jesus Cristo e segui-lo. Essa foi a maravilhosa experiência daqueles primeiros discípulos que, encontrando Jesus, ficaram fascinados e cheios de assombro frente à excepcionalidade de quem lhes falava, diante da maneira como os tratava, coincidindo com a fome e sede de vida que havia em seus corações. O evangelista João nos deixou plasmado o impacto que a pessoa de Jesus produziu nos primeiros discípulos que o encontraram, João e André. Tudo começa com uma pergunta: ‘O que procuram? (Jo 1.38). A essa pergunta seguiu o convite a viver uma experiência: “Venham e verão” (Jo 1.39). Essa narração permanecerá na história como síntese única do método cristão.”
Em síntese, o que tudo isso quer dizer-nos?
Em primeiro lugar, que a fé cristã é autêntica se for viva, se se nutre de um encontro pessoal com o Senhor. A doutrina e a moral são necessárias, mas o centro de tudo é este encontro com Jesus, com sua Pessoa Viva, que nos leva a segui-lo. E este seguimento implica necessariamente ver e valorizar o mundo como ele o vê e o valoriza (a fé, a doutrina, a mensagem) e viver como ele viveu (a moral).
Em segundo lugar, que este encontro com Jesus é uma experiência pessoal e, como tal, não é fácil transmitir ou descobrir. Como vimos, o evangelho não traz abundância de detalhes da intimidade do encontro com Jesus, mas nos indica seus passos prévios e seus efeitos. Concretamente, é preciso estar em atitude de busca de Deus e de disponibilidade para escutar o que o Senhor nos quer dizer. Quanto aos efeitos, André sai do encontro com Cristo convencido de ter achado o Messias, o Salvador prometido, e disposto a dar testemunho dele. Converteu-se em discípulos e missionário de Cristo.
Quanto aos frutos do encontro de fé, diz-nos o Papa Francisco: “A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Lembro-me do meu primeiro encontro com Jesus? Lembro-me de como e por que comecei a segui-lo?
- · Que pessoas me conduziram a Jesus dando testemunho dele?
- · Tenho ajudado outras pessoas a encontrar Jesus? Dou testemunho deste encontro que mudou minha vida?
- · Em que “lugares” encontrei Jesus ao longo de minha vida?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por passares por meu caminho.
Ouvi falar muito de ti; agora és tu que me interpelas.
Chegou o momento: mais do que ninguém, sabes o que procuro.
Somente tu o tens.
Quero seguir-te, mesmo que me custe.
Quero ir, mesmo que mais de uma vez me distraia.
Quero ver, mesmo que muitas propostas me cubram os olhos.
Onde moras, Jesus?
Quero ficar contido agora.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, peço-te que renoves todos os dias teu convite a seguir-te”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a falar de Jesus a um companheiro de trabalho ou de estudo.
“Procurem sempre viver seguindo Jesus: sua amizade não falha”.
São João Bosco