O olhar amoroso de Jesus
3 de abril de 2017Passos de liberdade (João 8, 31-42)
5 de abril de 2017Jesus disse outra vez:
— Eu vou embora, e vocês vão me procurar, porém morrerão sem o perdão dos seus pecados. Para onde eu vou vocês não podem ir.
Os líderes judeus disseram:
— Ele diz que nós não podemos ir para onde ele vai! Será que ele vai se matar?
Jesus continuou:
— Vocês são daqui debaixo, e eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo, mas eu não sou deste mundo. Por isso eu disse que vocês vão morrer sem o perdão dos seus pecados. De fato, morrerão sem o perdão dos seus pecados se não crerem que “Eu Sou Quem Sou”.
— Quem é você? — perguntaram a Jesus.
Ele respondeu:
— Desde o começo eu disse quem sou. Existem muitas coisas a respeito de vocês das quais eu preciso falar e as quais eu preciso julgar. Porém quem me enviou é verdadeiro, e eu digo ao mundo somente o que ele me disse.
Eles não entenderam que ele estava falando a respeito do Pai. Por isso Jesus disse:
— Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que “Eu Sou Quem Sou”. E saberão também que não faço nada por minha conta, mas falo somente o que o meu Pai me ensinou.Quem me enviou está comigo e não me deixou sozinho, pois faço sempre o que lhe agrada.
Quando Jesus disse isso, muitos creram nele.
Agora, Senhor, coloco-me a seus pés e, como um discípulo ávido por aprender, suplico que me acolha. Concede-me participar dos tesouros de seus ensinamentos.
Já estamos na quinta semana da quaresma. Fizemos, até aqui, um caminho de discernimento, arrependendo de nossos pecados e nos comprometendo a trilhar novos caminhos que, em nossas orações, o Senhor nos indicou.
Já tendo percorrido este caminho quaresmal, e estando com nosso coração bem sensibilizado e voltado para o Senhor, qual ensinamento podemos retirar deste trecho do evangelho, sem cair no perigoso vazio de julgá-lo dirigido apenas àqueles que não querem acreditar, como nós acreditamos?
Recorro à primeira leitura de hoje (Nm 21,4-9) para me ajudar. Nela, conta-se que, por causa do pecado, cobras venenosas se espalharam no meio do povo. Elas mordiam e matavam muitos israelitas. Moisés orou a Deus, suplicando pelo seu povo e o Senhor ordenou-lhe que ele fizesse uma cobra de metal e a colocasse em um poste, para que todos pudessem vê-la. Quem fosse mordido e olhasse para a cobra, ficaria curado.
Ora, realmente temos orado muito, estamos arrependidos de nossos pecados e seriamente comprometidos a viver uma nova vida a partir desta quaresma. Mas o tempo vai passar, a rotina de nossos dias estará de volta, e tudo vai continuar parecendo que não mudou. Aquele familiar, colega de trabalho ou escola que me incomodava vai continuar me incomodando. O chefe chato, que não para de pegar no meu pé, vai continuar fazendo a mesma coisa, e assim por diante. Esta vida, que vai serpenteando nossos dias é, muitas vezes, venenosa e nos fere de morte.
Quando perdemos o Senhor, quando o deixamos ir embora de nossos corações, sucumbimos em nossos pecados. Corremos o risco de ficar com um coração tão duro como o dos líderes judeus, sem a capacidade de acreditar no amor.
“De fato, morrerão sem o perdão dos seus pecados se não crerem que ‘Eu Sou Quem Sou’ ”.
Jesus é quem Ele é. Não pode ser manipulado. Se tentamos fazer isso, ficamos cegos como aqueles líderes judeus. Necessitamos cuidar sempre para não fazermos uma falsa imagem de Jesus, que satisfaça os nossos desejos, mas que não corresponda à realidade de sua vida.
“Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que ‘Eu Sou Quem Sou’ ”.
O amor, totalmente entregado, é a força que se manifesta na simplicidade de uma vida que não buscou nem o poder e nem a fama.
Jesus morto na cruz é a nossa salvação. Quando, no dia a dia, ferimos-nos e começamos a não crer mais no amor, precisamos olhar para a cruz e ver Jesus. O amor entregado é crucificado pelo mundo. Mirar essa entrega radical e reconhecer nela a vontade de Deus nos dá a força para perseverar.
“E saberão também que não faço nada por minha conta, mas falo somente o que o meu Pai me ensinou”.
A entrega total é por amor ao Pai. O mesmo amor que Jesus nos pede na última ceia ao nos dar um novo mandamento: “assim como eu os amei, amem também uns aos outros”. A medida do nosso amor, já não somos nós que damos, ela deve ser a medida do amor de Cristo por nós. E, olhar Jesus pregado na cruz, ajuda-nos a curar as feridas que carregamos de nosso amor não compreendido.
Maria, mãezinha querida, conceda-nos poder descansar no seu colo, para que, revigorados, possamos continuar no caminho de seu filho amado. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte