Não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo. Jo 15,18-21
20 de maio de 2017Espírito da verdade
22 de maio de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Quando eu falhar em meu caminho; quando for fraco ao dar meus passos,
tem piedade de mim, Senhor, e fortalece-me com teu Espírito de amor.
Quando quiser voltar atrás para romper tua aliança,
ilumina minha cegueira e fortalece meu coração jovem.
Que teu amor seja o alento e o estímulo de minha vida;
que teu amor seja o que desperte em meu coração amor sincero;
ainda que fraqueje no amor que te tenho, continua a amar-me,
Senhor, e devolve-me o calor de meu primeiro amor.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 14.15-21
Jesus promete o Espírito Santo
15Jesus continuou:
— Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos. 16Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre. 17O mundo não pode receber esse Espírito porque não o pode ver, nem conhecer. Mas vocês o conhecem porque ele está com vocês e viverá em vocês.
18 — Não vou deixá-los abandonados, mas voltarei para ficar com vocês. 19Daqui a pouco o mundo não me verá mais, mas vocês me verão. E, porque eu vivo, vocês também viverão. 20Quando chegar aquele dia, vocês ficarão sabendo que eu estou no meu Pai e que vocês estão em mim, assim como eu estou em vocês.
21 — A pessoa que aceita e obedece aos meus mandamentos prova que me ama. E a pessoa que me ama será amada pelo meu Pai, e eu também a amarei e lhe mostrarei quem sou.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Que sucede com aquele que ama o Senhor? O que Jesus pedirá ao Pai para seus discípulos? O que acontecerá com os que são do mundo e com os que não são? Quem está no Pai, em Jesus e nos discípulos? Como os discípulos demonstram que, de fato, amam a Jesus? O que acontecerá com quem ama a Jesus?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Daniel Kerber [2]
Neste domingo, Jesus promete o Espírito Santo a seus discípulos. A partida de Jesus não é um deixá-los sozinhos, mas uma maneira nova de estar com eles.
O texto emoldura-se no amor a Jesus que se manifesta na obediência a seus mandamentos (vv. 15,21). No centro, está a promessa do Espírito (v. 17) e nas consequências e frutos da vinda do Espírito (vv. 18-20).
Jesus já mostrou seu amor a ponto de dar a vida por seus discípulos (cf. 15.13). Os discípulos, assim amados, são chamados a amar também; por isso, todo o texto está encaixilhado nesse amor a Jesus. E esse amor se mostra concretamente em “cumprir seus mandamentos” (vv. 15,21). No evangelho de João, que estamos lendo, aparece apenas um mandamento de Jesus: “O meu mandamento é este: amem uns aos outros como eu amo vocês” (15.12). No entanto, surge outro verbo intimamente relacionado com o mandamento de Jesus: quando os judeus perguntam a Jesus qual é a obra que Deus quer, ele lhes responde: “Ele quer que vocês creiam naquele que ele enviou” (Jo 6.29). De modo que “crer em Jesus” e “amar como ele amou” são o mandamento que Jesus mostra.
Em seguida, Jesus promete “outro” defensor (em grego, paráclito), o que quer dizer que Jesus mesmo é o primeiro “defensor”. E acrescenta: “o Espírito da verdade”. O próprio Jesus havia dito que ele era a verdade (14.9) e o Espírito da verdade é também o Espírito que conduzirá os discípulos à verdade completa (16.13). Isto mostra também a íntima relação entre o Espírito e o próprio Jesus.
Esta promessa não é apenas para o futuro: Jesus afirma que o Espírito já permanece com os discípulos. A permanência do Espírito nos discípulos permite reconhecer a intimidade de vida que se dá entre o Pai e o Filho: “Eu estou no meu Pai” (v. 20). Jesus, porém, vem estabelecer com seus discípulos uma relação de intimidade semelhante à dele com seu Pai: “vocês estão em mim, assim como eu estou em vocês”.
A solidão que espreitava seus discípulos ao anunciar sua partida, e que tantas vezes nos espreita e atemoriza, é vencida por um amor que busca e que alcança a união com aqueles a quem se ama. E não é somente uma união externa, em que por mais juntos que estejam os que se amam, permanecem um ao lado do outro. Neste caso, Jesus não fala de estar “com” seus discípulos, mas “vocês estão em mim, assim como eu estou em vocês”.
Esta comunhão de vida com o Senhor é o que faz com que o discípulo seja testemunho da vida em abundância que o próprio Jesus nos dá com o Espírito que ele envia do Pai.
O que o Senhor me diz no texto?
Jesus pressentia a solidão que deixaria em seus amigos ao partir, cumprindo a vontade de Deus. De modo que, nesse amor perfeito, o mistério de sua trindade suscita a continuidade permanente de um defensor: o Espírito Santo. Somente quem presta atenção ao amor de Jesus, à Palavra de Deus e permite refleti-lo em sua vida, pode perceber este dom hoje.
São João Paulo II acompanha-nos na reflexão com as seguintes palavras: “Estas palavras, ao mesmo tempo, referem-se ao Espírito Santo. Cristo ressuscitado não deixa os discípulos ‘desamparados’ – não deixa a Igreja ‘desamparada’ – porque lhe ‘dá’ o Espírito Santo: ‘Recebam o Espírito Santo’.
“É o Espírito-Paráclito. Cristo chama-o ‘outro Consolador’, porque ele traz – de maneira diferente de Cristo – a mesma Boa Nova da salvação e da Graça: a Notícia alegre. O que Cristo manifestou com a palavra do Evangelho – depois de ter sido crucificado –, reconfirmou-o com a ressurreição, e ele, o Espírito de Verdade, manifestará a mesma coisa com uma ação interior. Ele permanecerá para sempre com a Igreja como o Alento salvífico do Pai e do Filho, como Dom do Alto, como ‘doce hóspede das almas humanas’.
O Concílio Vaticano II manifestou de vários modos esta ação do Paráclito através de toda a história da Igreja, e também na época contemporânea. Seus frutos são verdade, amor e luz, que se desenvolvem nos homens sob o sopro do Espírito Santo.
A jornada de hoje, de modo especial, nos torna conscientes da presença deste Divino Consolador, que indica à Igreja, durante o curso dos tempos, o caminho da Verdade. Indica-o, entre outras coisas, apresentando-nos, como modelo a ser seguido, o exemplo de irmãos e irmãs que, de maneira especial, são o reflexo vivo de Nosso Senhor Jesus Cristo”. [3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Como me sinto diante da preocupação de Jesus com seus discípulos? O que entendo por ser ou não ser do mundo? Posso dizer que Jesus sabe de meu verdadeiro amor por ele?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Espírito Santo, foste a promessa que Nosso Senhor Jesus Cristo nos fez,
como aquele que defenderia nossas causas, que falaria por nós nas alturas do céu.
São Paulo ensinou-nos que intercedes por nós com gemidos inefáveis.
Louvamos-te, Senhor, pelo presente da salvação,
porque sabemos muito bem que não nos podemos salvar a nós mesmos.
Pecamos e não podemos perdoar-nos a nós mesmos. Necessitamos de um Defensor.
Rogamos-te, Espírito Santo, que nos tornes cada vez mais conscientes daqueles que precisam de nós como seus defensores.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Meu verdadeiro amor és tu, Jesus”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Esta semana, em oração, coloco diante do Senhor uma situação difícil que estou vivendo e lhe peço que seu Santo Espírito acompanhe todas as minhas decisões.
“Para o homem que se deixa conduzir pelo Espírito Santo, parece que o mundo não existe; para o mundo, parece que Deus não existe”.
São João Maria Vianney