Jesus, o pastor verdadeiro (JO 10, 1- 10)
23 de abril de 2018Conservar-nos na verdadeira graça
25 de abril de 2018Leitura: João 10, 22-30
Era inverno, e em Jerusalém estavam comemorando a Festa da Dedicação. Jesus estava andando pelo pátio do Templo, perto da entrada chamada “Alpendre de Salomão”. Então o povo se ajuntou em volta dele e perguntou:
— Até quando você vai nos deixar na dúvida? Diga com franqueza: você é ou não é o Messias?
Jesus respondeu:
— Eu já disse, mas vocês não acreditaram. As obras que eu faço pelo poder do nome do meu Pai falam a favor de mim, mas vocês não creem porque não são minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão. O poder que o Pai me deu é maior do que tudo, e ninguém pode arrancá-las da mão dele. Eu e o Pai somos um.
Oração:
O evangelista João nos oferece, para a oração de hoje, uma cena na qual Jesus conversa com os judeus que procuravam um pretexto para matá-lo. A essa altura, Jesus já havia realizado inúmeros sinais e afirmado ser o enviado de Deus. Mesmo assim, eles perguntam: “Até quando você vai nos deixar na dúvida? Diga com franqueza: você é ou não é o Messias?”
Quando olhamos a cena, podemos talvez nos lembrar de vezes na vida em que tivemos profundas dúvidas no âmbito da fé: “Deus existe?”… “Faz sentido conversar com Jesus?”… Há inúmeros questionamentos que talvez tenhamos feito até chegar a este momento. Fizemos esses questionamentos não porque tínhamos más intenções, como os que questionavam Jesus, mas simplesmente porque as perguntas brotavam por dentro. Mesmo que hoje não estejamos experimentando uma grande crise de fé, podemos examinar nosso coração. Talvez, por dentro, carreguemos perguntas bem sérias, questionamentos pesados, conversas tão profundas que gostaríamos de ter com Deus e que não pautamos porque, ora… talvez isso seja até heresia!
Porque se dizia um com Deus, Jesus foi acusado de ter blasfemado. Mas, como ele sabia que dizia a verdade, não retirou nada do que havia dito. Assim, ele nos olha e deseja que falemos a verdade do que sentimos. Não lhe interessam conversas que escondem o que está no fundo, que é o mais importante. Ele não se ofende com a verdade, mesmo que a mim pareça muito estranha, ruim, pois ele é a Verdade. Hoje, na oração, experimentemos conversar com ele com muita sinceridade. Os judeus não tiveram medo de ofender Jesus com a pergunta e fizeram-no porque queriam, na verdade, “pegá-lo”. Ora, teremos medo de falar com honestidade se nosso desejo profundo é viver a amizade com ele? Não… com ele o medo não faz sentido. Perguntemos então a Deus as perguntas que achamos que não podemos perguntar: “Por que isso aconteceu?”… “Por que você permite que isso ocorra?”… “Por que existem esses sentimentos?”… “Por que você se cala?”…. “Quem é você afinal?”… “Você é mesmo feito de amor e só de amor?”… “Você realmente é capaz de tudo perdoar e perdoar sempre?”… Perguntemos até não haver mais perguntas. Depois de olhar nossas perguntas, olhemos para ele.
A resposta que Jesus deu àqueles que o perseguiam não lhes satisfez. O que ele disse a eles, no entanto, pode encontrar em nós terreno fértil, pois vimos a esse momento de oração com o coração aberto, com vontade de dialogar: nós falamos, e ele também fala…
As obras que eu faço pelo poder do nome do meu Pai falam a favor de mim, mas vocês não creem porque não são minhas ovelhas. Às vezes, Deus não responde com palavras, com ideias. Jesus disse: “As obras que eu faço pelo poder do nome do meu Pai falam a favor de mim”… A resposta a algumas perguntas, talvez eu não as obtenha com palavras. Mas, se eu olhar minha vida, não verei obras dele pelo caminho? Será que consigo enxergar as marcas dele no meu chão? As ovelhas dele e os que não eram de seu rebanho viam os mesmos sinais, mas as ovelhas dele acreditavam porque eram dele… às vezes, quando olham para a minha vida, não enxergam o Amor que há no meu caminho, a Verdade que tem a minha história. Mas isso não me impede de ver o Amor e a Verdade que o Caminho distribui no meu caminho. Porque eu sou ovelha dele…
As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Que bonito perceber que, quando ele fala assim das ovelhas, fala também de mim. Eles – a Trindade – me conhecem. Eu – que escuto a voz – Os sigo. Eles me criaram e, por isso, me conhecem. Eu ouvi desde o início da minha existência a voz e, por isso, a reconheço. Eu sou conhecido. Eu sigo. Não vou com estranhos. Sigo Quem me conhece e Quem desejo conhecer mais.
Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão. No caminho, Eles vão me contando que me amam tanto que não me querem por uns dias, uns meses, uns anos, umas décadas… não! Querem a minha vida, ela toda e da forma como é, com tudo, para sempre. Querem que eu seja, com Eles, no tempo e para além do tempo. E garantem que, esteja eu aqui ou ali, estou seguro, nas Suas mãos.
No fim da oração, agradeço… depois de tantas perguntas, mesmo que ainda não consiga formular todas as respostas, ouvi das realidades que mais importam, e isso me traz paz… saber que sou amado(a) e precioso(a) traz alegria e paz, e põe todas as perguntas em segundo plano.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte