“Fiquei alegre quando me disseram: ‘Vamos à casa de Deus, o Senhor’.”
24 de novembro de 2019“O rei ajuda os pobres que lhe pedem socorro; ele ajuda os necessitados e os abandonados”.
8 de dezembro de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, faze-te presente neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, derrama-te neste momento
e em cada lugar onde eu me encontre.
Espírito Santo, toca meu coração neste tempo de esperança.
Espírito Santo, ajuda-me a buscar o sentido do eterno
junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 24.37-44
O dia e a hora
Marcos 13.32-37; Lucas 17.20-37
37 “A vinda do Filho do Homem será como aquilo que aconteceu no tempo de Noé. 38Pois, antes do dilúvio, o povo comia e bebia, e os homens e as mulheres casavam, até o dia em que Noé entrou na barca. 39Porém não sabiam o que estava acontecendo, até que veio o dilúvio e levou todos. Assim também será a vinda do Filho do Homem.
40 — Naquele dia dois homens estarão trabalhando na fazenda: um será levado, e o outro, deixado. 41Duas mulheres estarão no moinho moendo trigo: uma será levada, e a outra, deixada. 42Fiquem vigiando, pois vocês não sabem em que dia vai chegar o seu Senhor. 43Lembrem disto: se o dono da casa soubesse quando ia chegar o ladrão, ficaria vigiando e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44Por isso vocês também fiquem vigiando, pois o Filho do Homem chegará na hora em que vocês não estiverem esperando.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que comparação Jesus faz entre a vinda do Filho do Homem e o dilúvio nos tempos de Noé?
2. O que significa que de dois, um será levado, e o outro, deixado?
3. Que atitude Jesus pede aos crentes e por quê?
4. Por que Jesus compara sua vinda com a de um ladrão?
5. Que atitude de vida Jesus propõe a partir deste exemplo?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
O Evangelho de hoje situa-nos no que acontecerá no final dos tempos com a vinda (“parusia) do Filho do Homem. Descreve-se o que sucederá comparando-o ao dilúvio, narrativa que encontramos no livro do Gênesis (cap. 6–8). Este relato apresenta-se como modelo de julgamento de Deus sobre a humanidade pecadora. As sanções de Deus são a um tempo purificação e salvação, porque a destruição é necessária para indicar o mal; ao mesmo tempo, porém, é preciso mostrar que Deus é mais forte do que o mal. Sua ação é como a das águas que tudo destroem e, ao mesmo tempo, fazem flutuar a arca, salvando-a.
Ao comparar o dia final com o dilúvio, Jesus ressalta seu caráter de imprevisibilidade para a maioria das pessoas. Todas levavam uma vida normal, sem suspeitar que o juízo de Deus estava próximo. Observemos que não há uma condenação moral a respeito da conduta dos contemporâneos de Noé; apenas se indica sua falta de conhecimento do tempo final. O aspecto judicial da vinda do Filho do Homem está presente na distinção entre os pares: de dois homes, um será levado, outro deixado; o mesmo acontece com duas mulheres. Tampouco aqui se dá uma justificação moral para a escolha de um e a rejeição de outro, dentro do mesmo grupo familiar. A intenção do texto é evitar que alguém se sinta excluído desta situação, pois pode acontecer a qualquer um, e a advertência é para todos.
Como sempre, a exortação de Jesus diante da possibilidade do fim é que estejamos prevenidos, vigilantes, despertos.
No final (24.43-44), Jesus acrescenta algo que aparece várias vezes no Novo Testamento: a comparação do dia final com a chegada de um ladrão, porquanto nos surpreenderá se não o esperarmos: “… chegará na hora em que vocês não estiverem esperando”. A atitude que Jesus aconselha aqui é a mesma, mas com uma nuance
bem mais ativa: velar, estar preparados. Trata-se de estarmos prontos, como o estavam as “virgens prudentes” à chegada do esposo e, por isso, entraram para a festa (cf. Mt 25.10).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Em cada Advento, a Igreja coloca o cristão em situação vital de esperança: deve esperar a chegada do dia final. E isto é necessário porque nossa esperança costuma estar adormecida e nosso sentido transcendente da vida, apagado.
O Evangelho adverte-nos justamente do perigo que espreita nossa vida cristã se perdermos de vista seu fim transcendente. Trata-se de um perigo muito sutil, já que muitas vezes não se trata de fazer algo explicitamente mau, mas de deixar-se prender e enceguecer pelas múltiplas atividades da vida cotidiana, como acontecia com os contemporâneos de Noé. A propósito deste perigo, dizia-nos o Papa Bento XVI: “Todos tempos experiência, na existência cotidiana, de ter pouco tempo para o Senhor e pouco tempo também para nós. Findamos por ficar absorvidos pelo ‘fazer’. Por acaso não é certo que, frequentemente, a atividade é que nos possui, a sociedade é que monopoliza nossa atenção com seus múltiplos interesses? Acaso não é certo que dedicamos muito tempo à diversão e a lazeres de diversos tipos? Às vezes as coisas nos “pegam”. O Advento, este tempo litúrgico forte que estamos começando, convida-nos a deter-nos em silêncio para captar sua presença. É um convite a compreender que cada acontecimento da jornada é um gesto que Deus nos dirige, sinal da atenção que tem por cada um de nós. Quantas vezes Deus nos faz perceber algo de seu amor! Ter, por assim dizer, um ‘diário interior’ deste amor seria uma tarefa bonita e saudável para nossa vida! O Advento convida-nos e estimula-nos a contemplar o Senhor presente. A certeza de sua presença não deveria ajudar-nos a ver o mundo com olhos diferentes? Não deveria ajudar-nos a considerar toda a nossa existência como “visita”, como um modo em que ele pode vir a nós e ficar perto de nós em cada situação?”.
O tom algo amenizador do Evangelho é um recurso pedagógico para convidar-nos a estar sempre vigilantes e preparados para o dia final, dado o seu caráter imprevisível e inesperado. Podemos dizer que o Senhor quer “despertar” nossa consciência cristã no começo do Advento visto que, inevitavelmente, a labuta cotidiana nos faz perder de vista o horizonte do definitivo. Este é o sentido da vigilância cristã, pois “vigiar implica uma relação com o Cristo vivente, que voltará como juiz universal e colocará todos os humanos diante de seu tribunal” (U. Luz).
Em conclusão, creio que poderíamos tirar como lema para esta primeira semana do Advento o estar mais atentos a Deus e à sua obra em nós, cujo objetivo é despertar o desejo do encontro com o Senhor. Esta é justamente a vigilância cristã de que nos fala o evangelho: é hora de acordar!
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Deixo-me absorver totalmente por minhas ocupações cotidianas?
2. Encontro um sentido transcendente em minha vida, algo além do cotidiano?
3. Penso alguma vez que tudo vai terminar, que haverá um fim do mundo?
4. Procuro estar atento, vigilante à passagem de Deus em minha vida?
5. Já tive a experiência de alguma visita concreta do Senhor em minha vida?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por seres o Sempre Presente.
Concede-me, cada dia deste Advento, saber encontrar
um momento de silêncio para partilhar contigo.
Que o fazer por fazer não me absorva.
Faze com que eu saiba descobrir tua passagem nas coisas simples e ocultas.
Quero, com tua ajuda, poder encontrar
o sentido do transcendente em minha vida.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, quero estar mais atento a ti e à tua ação em mim”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me estar mais atento aos detalhes, desejando encontrar a Deus neles.
“A Virgem Maria nos ajude a ser pessoas e comunidades não niveladas no presente ou, pior, nostálgicas do passado, mas orientadas para o futuro de Deus,
para o encontro com Ele, nossa vida e nossa esperança”.
Papa Francisco