Eles imediatamente vão abrir a porta (Lucas 12,35-38)
22 de outubro de 2013Como gostaria que já estivesse aceso! (Lucas 12,49-53)
24 de outubro de 2013“Mas, fiquem certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que lhe arrombasse a casa. Vocês também estejam preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem.”
Então Pedro disse a Jesus: “Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou para todos?” E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa? Feliz o empregado que o senhor, ao chegar, encontra fazendo isso! Em verdade, eu digo a vocês: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. Mas, se esse empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e se puser a surrar os criados e criadas, a comer, beber, e embriagar-se, o senhor desse empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista. O senhor o expulsará de casa, e o fará tomar parte do destino dos infiéis.
Todavia aquele empregado que, mesmo conhecendo a vontade do seu senhor, não ficou preparado, nem agiu conforme a vontade dele, será chicoteado muitas vezes. Mas, o empregado que não sabia, e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido.”
São João da Cruz nos ensina a orar com a dica: “Esquecimento do criado, memória do Criador, atenção ao interior e estar amando ao Amado”. Esta atenção, que do momento orante deve se estender para a vida, é o que nos ajuda a, em meio da dispersão, estar vigilantes, discernindo o que é de Deus e o que não é, percebendo o essencial em meio a tudo.
É no mínimo curioso que Jesus fale do ladrão que arromba a casa e logo em seguida do Filho do Homem. Santo Inácio falava do “discernimento dos espíritos”, para distinguir entre os apelos que vêm do mau espírito e os que vêm do bom espírito. O primeiro arromba nossa casa e nos deixa vazios. O segundo leva-nos a configurar-nos cada vez mais ao Senhor na nossa humanidade (ao Filho do Homem), trazendo paz profunda e alegria verdadeira, mesmo em meio às provações.
Atenção ao interior! É por dentro que se joga a fidelidade ou a infidelidade à voz de Deus. Fazendo o mesmo por fora, podemos estar numa ou em outra situação. A que o Senhor me chama? O que Ele me confia em administração? A quem devo dar o alimento que Ele me dá? O que cada um precisa e qual a hora certa de cada um? Tudo isso supõe discernimento, que parte de colocarmo-nos diante do Senhor, para aprender também a viver diante dele.
A fidelidade e a prudência andam juntas. É a liga entre a vida contemplativa e a ativa, entre atenção ao interior para o discernimento e o serviço/missão, que sem uma vida profunda que o acompanhe torna-se ativismo estéril, muita poeira e pouco fruto.
O que parece castigo nesta leitura é na verdade o vazio de quem vive fora da união com o amor. Este é o “destino dos infiéis”. E quanto mais recebemos, quanto mais já experimentamos dA Vida e dO Amor, maior este vazio quando vivemos “fora de casa”.
Peçamos a Maria, mãe de fidelidade, que soube juntar o disperso, viver tão bem as dimensões contemplativa e ativa, que nos ensine a ser contemplativos na ação, pessoas do Espírito, que seguem a voz do Senhor para o bem de muitos.