“Não vou morrer; pelo contrário, vou viver e anunciar o que o Senhor Deus tem feito”
21 de abril de 2019“Eu estava entre aqueles que iam para o mundo dos mortos, mas tu me fizeste viver novamente”
5 de maio de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ajuda-me a encontrar-me com Jesus
que me fala em sua Palavra.
Espírito Santo, estimula-me a caminhar para a Ressurreição.
Espírito Santo, ensina-me a enamorar-me do Evangelho
e a vivê-lo cotidianamente junto aos meus irmãos.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Jo 20.19-31
Jesus aparece aos discípulos
Mateus 28.16-20; Marcos 16.14-18; Lucas 24.36-49
19Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
20Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. 21Então Jesus disse de novo:
— Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
22Depois soprou sobre eles e disse:
— Recebam o Espírito Santo. 23Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.
Jesus e Tomé
24Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de “o Gêmeo”, não estava com eles quando Jesus chegou. 25Então os outros discípulos disseram a Tomé:
— Nós vimos o Senhor!
Ele respondeu:
— Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer!
26Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
27Em seguida disse a Tomé:
— Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!
28Então Tomé exclamou:
— Meu Senhor e meu Deus!
29 — Você creu porque me viu? — disse Jesus. — Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
A finalidade deste Evangelho
30Jesus fez diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Em que dia da semana nos encontramos e onde estão os discípulos?
2. O que lhes diz e o que faz Jesus quando lhes aparece?
3. Qual dos discípulos estava ausente desse encontro e que diálogo tem com os demais?
4. Quando Jesus torna a aparecer e o que diz a Tomé?
5. O que Tomé responde? Que confissão faz a Jesus?
6. A quem Jesus se refere com sua frase final?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Neste relato, encontramos duas aparições do Ressuscitado: uma no mesmo dia da ressurreição, com a ausência de Tomé, um dos Onze, e a segunda, oito dias mais tarde, com a presença do grupo completo, incluindo Tomé. Estas aparições acontecem “no primeiro dia da semana”, que é o nosso domingo, dia do Senhor, e que desde a época apostólica é, então, o dia da reunião dos cristãos.
Em sua primeira aparição, Jesus Ressuscitado saúda os discípulos dizendo-lhes: “Que a paz esteja com vocês!”. Mais do que um augúrio ou desejo, trata-se, aqui, da doação efetiva da paz, de uma presença real da paz como dom escatológico, tal como o havia indicado Jesus em seu discurso de despedida: “Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá” (Jo 14.27). Esta paz, segundo o pano de fundo do Antigo Testamento, inclui todos os bens necessárias para a vida presente e a plenitude de bens na vida futura. Contudo, o que no Antigo Testamento era promessa, pela morte e ressurreição de Cristo se torna realidade.
Em seguida, Jesus mostra-lhes suas feridas a fim de provar-lhes que é o Crucificado que ressuscitou; que é ele mesmo, mas em um estado diferente. Esta visão de Jesus Ressuscitado provoca nos discípulos uma plenitude de alegria e, deste modo, Jesus cumpre o que lhes havia anunciado, que era dar-lhes uma alegria completa (cf. Jo 15.11; 16.22).
Em seguida, pronuncia as palavras de envio e realiza o gesto de soprar sobre eles. Alguns estudiosos veem neste gesto de Jesus uma referência ao gesto primordial de Deus na criação do homem (cf. Gn 2.7). Por conseguinte, o sopro de Jesus é o sinal da nova criação: Jesus glorificado comunica o Espírito que faz o homem renascer. Com esta doação do Espírito Santo, comunica-se também aos Apóstolos o poder de perdoar ou de reter os pecados e, desta maneira, agora eles são transmissores da vida nova. Fica claro, pois, que a paz é fruto do perdão dos pecados obtido por Cristo com o dom de sua vida na cruz e que se recebe atualizado pelo dom do Espírito Santo.
O ponto culminante da narrativa se encontra na segunda cena em que Tomé, o discípulo ausente na primeira vez, é convidado a crer no testemunho da comunidade que viu o Senhor Ressuscitado. Tomé, porém, resiste a crer e não pode ver. Os discípulos viram o Senhor e acreditaram; Tomé, no entanto, não crê no testemunho deles.
Então Jesus Ressuscitado lhes aparece com os mesmos sinais de sua crucifixão e repreende a incredulidade de Tomé. A resposta de Tomé é grandiosa, porquanto pronuncia a profissão de fé mais elevada do Evangelho de João, pois aplica a Jesus os títulos que o Antigo Testamento reservava para Deus: Iahweh e Elohim.
As últimas palavras de Jesus são uma bem-aventurança na qual declara felizes os que creem sem terem visto. Estas palavras estariam dirigidas aos discípulos da segunda geração cristã, que contavam somente com a palavra pregada, e não tinham sido testemunhas oculares da ressurreição de Jesus. São declarados bem-
aventurados se, pela força do Espírito Santo, chegarem a crer que Jesus está vivo, mesmo que não tenham tido uma aparição sensível, como os Apóstolos.
O que o Senhor me diz no texto?
A quaresma impeliu-nos ao exercício árduo e difícil, por vezes, de olhar para nós mesmos a fim de reconhecer os pecadores ou desordens, e empreender um caminho de conversão.
O tempo pascal, por sua vez, convida-nos a exercer um olhar de fé sobre nossa realidade, a fim de nela descobrir a presença viva do Ressuscitado. Por isso, o grande tema deste tempo é a fé, ou seja, acreditar em sua Presença invisível. E chegar a ser feliz por crer sem ver.
Pois bem, não se trata de crer no ar ou no vazio; somos chamados a ter uma experiência, na fé, da Presença de Jesus Ressuscitado em nossa vida, semelhante àquela que os Apóstolos tiveram.
Esta Presença de Jesus escapa aos sentidos, pois não o podemos ver o tocar, como o fez Tomé; mas podemos, sim, sentir os efeitos de sua Presença, de sua passagem por nossa vida. O evangelho de hoje nos fala principalmente da paz que o Senhor concede aos seus. Junto à paz, temos a alegria, que o evangelho de hoje também cita. Intimamente unido a estas experiências está o tema do perdão dos pecados (a misericórdia) confiado à Igreja. Por fim, a raiz ou causa de tudo: o dom do Espírito Santo.
Além da fé, a outra condição indispensável para esta experiência de Jesus Ressuscitado é a inserção ou pertença comunitária. Também nisto o exemplo de Tomé é claro. Somente quando se incorporou à comunidade apostólica pôde encontrar-se com o Senhor. O Senhor faz-se presente na comunidade dos crentes e ali poderemos “vê-lo” com os olhos da fé.
Terminemos com as belas do Papa Francisco em sua recente exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit nº 124: “Ele vive! É preciso recordá-lo com frequência, porque corremos o risco de tomar Jesus Cristo apenas como um bom exemplo do passado, como uma recordação, como alguém que nos salvou há dois mil anos. De nada nos aproveitaria isto: deixava-nos como antes, não nos libertaria. Aquele que nos enche com a sua graça, aquele que nos liberta, aquele que nos transforma, aquele que nos cura e consola é alguém que vive. É Cristo ressuscitado, cheio de vitalidade sobrenatural, revestido de luz infinita”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Creio realmente na presença de Jesus ressuscitado em minha vida, embora não o veja fisicamente?
2. Já experimentei a paz e a alegria que Jesus ressuscitado me comunica?
3. Descubro Jesus presente em minha comunidade reunida para celebrar a fé?
4. Consigo testemunhar aos demais minha fé em Cristo ressuscitado, vivo e presente?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por me convidares uma e outra vez a sentir-te vivo.
Obrigado por tua Paz.
Que eu possa experimentar a alegria que não tem fim,
mesmo nos momentos difíceis.
Minha fé às vezes vacila,
também hei de pôr minha mão em teu lado.
Que a força da Páscoa me ajude a reconhecer-te
como meu Senhor e meu Deus.
Faze-me sentir-me parte de uma comunidade,
que eu não creia que possa seguir-te na solidão.
Quero, com meus irmãos, os que são felizes por crer sem ver,
aceitar com alegria a missão de anunciar-te.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus Ressuscitado, ajuda-me a perceber tua passagem em minha vida”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a visitar um irmão da comunidade e convidá-lo a rezar com o evangelho de hoje que meditamos.
“Um pouco de fé pode muito”
São João Crisóstomo