Alguns gregos desejam ver a Jesus (JO 12,24-26)
10 de agosto de 2017Capacitação de Jovens Lectionautas (Arquidiocese de Maceió– AL)
11 de agosto de 2017E Jesus disse aos discípulos:
— Se alguém quer ser meu seguidor, esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira. O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira? Pois não há nada que poderá pagar para ter de volta essa vida. Pois o Filho do Homem virá na glória do seu Pai com os seus anjos e então recompensará cada um de acordo com o que fez. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: estão aqui algumas pessoas que não morrerão antes de verem o Filho do Homem vir como Rei.
Espírito Santo, dê-me o auxílio necessário para eu compreender a palavra de hoje e viver conforme o seu ensinamento.
O texto traz duas ideias que causam tensão entre elas, e busco na oração de hoje uma luz para compreender melhor.
No seu início Jesus diz: “quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira”, porém, depois diz: “o Filho do Homem virá na glória do seu Pai com os seus anjos e então recompensará cada um de acordo com o que fez”.
Senhor, no início do texto entendo que “esquecer a si mesmo” é um convite para o abandono completo nas mãos de Deus. Ora, abandonar-se desta forma pressupõe que não se pense em recompensas, pois, se assim fosse, o abandono não seria completo. A impossibilidade de viver a experiência do abandono durará enquanto houver preocupação com o pagamento a receber.
O amor, em seu fim último, é uma entrega total sem esperar retorno. Não me parece adequado que eu espere recompensas por entregar minha vida por sua causa, pela causa do amor sem limites. Meu amor não seria entrega total, se esperasse receber recompensas.
Senhor, por que, então, você nos diz que quando vier na glória do seu Pai com os seus anjos irá recompensar cada um de acordo com o que fez? Como ler isso sem deixar que eu me guie pelo interesse?
Lembro-me de quando o Senhor disse que devemos, depois de fazer tudo o que nos foi ordenado, dizer que somos servos inúteis, pois não fizemos nada mais que nossa obrigação (Lc 17, 7-10). Lembro-me da parábola que o Senhor contou sobre o dono de uma vinha que chamou trabalhadores para trabalhar no início do dia, depois às 9 horas, meio dia e cinco da tarde, porém, ao final do dia, pagou a todos o mesmo valor, começando pelos últimos. E nos disse que essa parábola é semelhante ao Reino dos Céus (Mt 20, 1 -16).
Ora, Senhor, parece-me que é necessário nos entregarmos a fazer o que deve ser feito, porém sem nos preocuparmos com a recompensa, pois não estamos fazendo mais que nossa obrigação. No final, receberemos sempre aquilo que o Senhor desejar, de acordo com sua imensa generosidade.
Aí está o ponto que me parece importante. Confiar sempre na generosidade de Deus. Um Deus que já nos deu tudo e, muito além disso, continua despejando sobre nós graças abundantes.
Percebo, por fim, que o Senhor nos diz das recompensas para que possamos perder o medo de nos entregarmos. A partir de uma entrega mais confiante, haveremos de perceber como flui a bondade de Deus para nós e já não faremos nada mais por recompensas, mas tão somente por agradecimento. Então, poderemos compreender melhor o canto de São Francisco: “Pois é dando que se recebe e é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Senhor, ajuda-nos a sermos fiéis ao caminho estreito, que pode nos levar, algum dia, ao encontro do amor sem limites. Amém!
***
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte