“Ele julga a favor dos que são explorados e dá comida aos que têm fome. O Senhor Deus põe em liberdade os que estão presos”.
29 de setembro de 2019“Até nos lugares mais distantes do mundo todos viram a vitória do nosso Deus”.
13 de outubro de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, manifesta-se uma vez mais.
Espírito Santo, dá-me um coração que escute.
Espírito Santo, unge-me com teu perfume inconfundível.
Espírito Santo, faze-me experimentar meu batismo
e envia-me a levar tua Palavra neste mês missionário.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 13.3b-10
3bSe o seu irmão pecar, repreenda-o; se ele se arrepender, perdoe. 4Se pecar contra você sete vezes num dia e cada vez vier e disser: “Me arrependo”, então perdoe.
A fé
5Os apóstolos pediram ao Senhor:
— Aumente a nossa fé.
6E ele respondeu:
— Se a fé que vocês têm fosse do tamanho de uma semente de mostarda, vocês poderiam dizer a esta figueira brava: “Arranque-se pelas raízes e vá se plantar no mar!” E ela obedeceria.
O dever do empregado
7Jesus disse:
— Façam de conta que um de vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou cuida das ovelhas. Quando ele volta do campo, será que você vai dizer: “Venha depressa e sente-se à mesa”? 8Claro que não! Pelo contrário, você dirá: “Prepare o jantar para mim, ponha o avental e me sirva enquanto eu como e bebo. Depois você pode comer e beber.” 9Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? 10Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: “Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que tenho de fazer com quem me pede perdão por uma ofensa, e quantas vezes?
2. Depois de escutar isso, que os discípulos pedem a Jesus e por quê?
3. Que lhes responde Jesus diante deste pedido?
4. Que exemplo Jesus lhes apresenta em seguida?
5. Que mensagem Jesus quer passar a seus discípulos com este último exemplo?
Algumas pistas para compreender o texto:
*Mons. Damian Nannini (Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.)
No início deste capítulo 17, somos informados que Jesus volta a falar agora a seus discípulos. E o que se segue (17.1b-10) é uma séria de ensinamentos sem aparente conexão entre si; os escândalos, o perdão, a fé e o espírito de serviço.
No entanto, existe uma coerência entre estes temas, pois “neles se trata da vida comunitária, com as responsabilidades pessoais e os deveres materiais que implica” (F. Bovon).
O texto litúrgico começa com o tema do perdão, exemplificado com dois casos (vv. 3b-4). No primeiro, trata-se de alguém que peca e deve ser repreendido; e se se arrepende (verbo metanoéō), deve ser perdoado. No segundo caso, há uma tríplice diferença respeito ao primeiro: peca sete vezes em um dia, contra ti e não há repreensão. Trata-se, portanto, de uma reiterada ofensa recebida pessoalmente, à qual se segue um arrependimento (verbo metanoéō) ou pedido de desculpas pessoal, também repetido. Diante disto, é preciso perdoar as sete vezes diárias, ou seja, sempre; pois se trata de uma maneira hebraica de expressar-se.
Em seguida, vem uma súplica dos apóstolos ao Senhor: “Aumente a nossa fé”. Esta petição surgiria da tomada de consciência dos discípulos diante da magnitude do perdão que o Senhor exige. É mister entendê-la como um pedido de ajuda, pois é preciso muita fé para perdoar sempre. O que pedem é um aumento ou renovação da confiança (fé) na Palavra do Senhor, como para poder aceitar esta exigência do perdão.
Jesus responde com uma comparação, através da qual quer ensinar que basta uma fé pequena para operar maravilhas, como seria o caso de uma árvore que se arranca se se planta no mar a pedido do crente. Com esta figura, o Senhor quer dizer que a fé permite fazer coisas surpreendentes. Neste caso, aquele que tem fé poderá perdoar sempre (L. Rivas). Portanto, com esta resposta, Jesus quer dizer-lhes que, mais do que um aumento ou suplemente de fé, o de que precisam é de uma fé viva convencida e convincente. Trata-se da qualidade da fé teologal, mais do que da quantidade.
Jesus continua com outro tema. Evoca-os a figura de um camponês e a de seu servo. Este último, ao voltar a casa depois de trabalha no campo, ainda deve preparar o jantar para seu senhor. E fazendo isto, está cumprindo com sua obrigação, com seu trabalho, e o amo não precisa manifestar-lhe gratidão especial por isso. A seguir, aplica esta comparação à vida dos apóstolos: cumprindo seu ministério, seu serviço apostólico, estão cumprindo com seu dever. Ou seja, o Senhor pede-lhes que não se considerem importantes ou imprescindíveis no Reino, mas servidores do único Senhor que “realiza tudo em todos” (1Cor 12.6).
O que o Senhor me diz no texto?
Do evangelho de hoje, deve-se resgatar e imitar a atitude dos discípulos: conscientes de sua fragilidade natural ante às exigências de Jesus sobre o perdão, pedem ao Senhor um aumento de fé. Observemos que no evangelho de Lucas, a concepção da fé tem um matiz próprio. A fé (pístis, em grego) é, antes de mais nada, a confiança em que Jesus pode operar para além das possibilidades humanas. É uma confiança ativa, que leva a agir, a pedir e a esperar da parte do Senhor. E o que esta fé ou confiança alcança da parte de Jesus é a salvação, o perdão, que somente Deus pode conceder. O contrário da fé é o medo que bloqueia, que gera desespero (Lc 8.25).
Por conseguinte, os apóstolso pedem um aumento de fé, ou seja, poder confiar mais na Palavra de Deus do que em sua própria visão da realidade e do que em suas próprias capacidades. Estão conscientes de que esta fé é um dom de Deus e que devem pedi-lo na oração. Se relacionarmos este pedido com as exigências do perdão que Jesus acabava de apresentar-lhes, a reação dos apóstolos é bastante sensata. Para perdoar sempre, requer-se a fé, não basta a razão. Os arrazoados podem motivar-nos o perdão uma ou outra vez, mas não sempre. A fé introduz-nos no modo de ver e de viver de Deus, que perdoa sempre aos que se arrependem. Somente vivendo na fé poderemos estar disposto a perdoar sempre, superando as resistências de nossa afetividade e as objeções de nossos raciocínios.
A este respeito, dizia o Papa Francisco em sua homilia de 2 de outubro de 2016: “’Aumenta a nossa fé!’ (Lc 17.5). É uma boa petição, uma súplica que poderíamos também nós dirigir a Deus todos os dias. Mas a resposta divina é surpreendente e, também neste caso, devolve-nos o pedido feito: ‘Se tivésseis fé…’ É Ele que nos pede para ter fé; porque a fé, que é um dom de Deus e sempre se deve pedir, tem de ser, por sua vez, cultivada também por nós. Não é uma força mágica que desce do céu, não é um ‘dote’ pessoal que se recebe duma vez para sempre, nem mesmo um superpoder que serviria para resolver os problemas da vida. Com efeito, uma fé útil para satisfazer as nossas necessidades seria uma fé egoísta, completamente centrada em nós. A fé não deve ser confundida com estar bem ou sentir-se bem, com sentir-se consolado no íntimo, porque temos um pouco de paz no coração. A fé é o fio de ouro que nos liga ao Senhor, a pura alegria de estar com Ele, de estar unido a Ele; é o dom que vale a vida inteira, mas que só dá fruto, se fizermos a nossa parte”.
Podemos ainda dar um passo além, pois a fé revela-nos nossa condição de criaturas, de servos, de servidores. Não estamos em condições de exigir nada de Deus. Esta é nossa verdade, esta é a humildade. E este é o ensinamento do último exemplo de Jesus no evangelho de hoje. De fato, a obra do ser humano é um serviço, um ministério, uma missão ou tarefa encomendada; e nós somos apenas humildes servidores na vinha do Senhor. Como diz pe. Molinié: “Não somos importantes, somos amados”. Trata-se, no fundo, de não buscar a si mesmo nos serviços que se prestam a Deus, e para chegar a isto, é preciso pedir um aumento de fé, e também de caridade.
Por fim, neste mês missionário extraordinário, peçamos ao Senhor um aumento de fé para todos os batizados, a fim de que sejamos testemunhas dela no mundo; e a humildade necessária para vivermos com responsabilidade a missão que o Senhor nos confiou.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Já experimentei a dificuldade de perdoar a um irmão uma ofensa?
2. Quanto me ajudou a fé para perdoar os que me ofenderam?
3. Considero-me imprescindível nos serviços que faço na comunidade?
4. Que expectativas tenho de receber reconhecimento pelo que faço?
5. Vivo os serviços que presto como um encargo pessoal que o Senhor me deu, confiando em mim?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua humildade.
Obrigado porque me ensinas com o exemplo.
Dá-me um coração de discípulo, ou seja, humilde e simples.
Que não busque os primeiros lugares nem queira aparecer.
Que o serviço e os gestos sejam sinceros, sem aplausos ou retribuições.
Não desejo outra recompensa senão partilhar
com meus irmãos teu projeto gratuito e solidário, que nos envolve a todos.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, dá-me um coração humilde”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, partilharei minha alimentação com algum pobre que encontro frequentemente.
“Humildade é andar em verdade”.
Santa Teresa de Ávila