O caminho do discípulo de Jesus
30 de setembro de 2015Como crianças, no Reino (Mateus 18,1-5.10)
2 de outubro de 2015“Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir. Antes de os enviar, ele disse:
— A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita. Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: “Que a paz esteja nesta casa!” Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação. Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra.
— Quando entrarem numa cidade e forem bem recebidos, comam a comida que derem a vocês. Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: “O Reino de Deus chegou até vocês.” Porém, quando entrarem numa cidade e não forem bem recebidos, vão pelas ruas, dizendo: “Até a poeira desta cidade que grudou nos nossos pés nós sacudimos contra vocês! Mas lembrem disto: o Reino de Deus chegou até vocês.”
E Jesus disse mais isto:
— Eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Sodoma do que daquela cidade!“
Iniciar a oração de hoje agradecendo ao Senhor a graça de sermos escolhidos por Ele. Nos escolheu por amor para, além de segui-lo, ser enviados por Ele. Além de discípulos, apóstolos, missionários. É muito grande e bela a missão que Ele nos dá!: “a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir.” Este é o sentido maior da missão: não é fazer coisas, não é em primeiro lugar assumir compromissos, mas é ser presença de Jesus. Ele “deve ir”, deseja ir a cada pessoa, a cada ambiente. E nos envia à sua frente, para chegar através das nossas vidas, para ser suas testemunhas.
E podemos começar por aí o diálogo da oração: Senhor, como Você deseja que eu manifeste a Sua presença? Com que gestos, com que palavras, com que sentimentos e intenções me convida a ir pela vida? Deixar que Ele nos instrua, como fez com os 72 enviados.
O primeiro ponto da preparação que o Senhor faz com seus discípulos é a oração. “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita.” Tendo em vista a insuficiência dos apóstolos para todo o trabalho do Reino, Ele não diz “se desdobrem”, “façam o trabalho de 3 ou 4”, mas diz: “Peçam”. É o Pai quem multiplica os dons que necessitamos entregar na missão. E é o Pai Aquele que é capaz de suscitar nos corações a inspiração para servir, através do sopro do Espírito. Nós pedimos e ficamos atentos à maneira como Ele responde, para não acontecer de não reconhecermos e com isso acolhermos aqueles que Ele envia para a missão. Como diz o Evangelho do domingo passado: “Quem não está contra nós, está a nosso favor.” Ou a primeira leitura, na qual Moisés reconheceu os 2 que não estavam com eles, mas que também receberam o espírito da profecia.
Em seguida, Jesus conscientiza da principal dificuldade da missão: “Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos.” As forças com as quais lutamos e que são contrárias ao Reino são mais fortes que nós, mas não do que o Pastor, que dá a vida por suas ovelhas. Esta conscientização logo de cara é um alerta para nem tentar ir com as próprias forças!
E com quais forças nós vamos? Como o Pai quer manifestar sua força através de nós? Em primeiro lugar, pelo despojamento. “Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias.” Também pelo foco. “E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. Não fiquem mudando de uma casa para outra.” Não é literalmente que devemos compreender este texto, mas na nuance de não ficar como beija-flor, ou como macacos, de galho em galho, mas permanecer com quem Ele nos envia tempo bastante para aprofundar, gerar uma experiência. Querer abarcar tudo e todos muitas vezes significa não atingir ninguém com a marca e a mudança que o Reino provoca.
“Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: “Que a paz esteja nesta casa!” Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação.” Sejamos pessoas da paz, este é o chamado. A paz é a harmonia nas relações. Podemos, pela graça de Deus, ser portadores da paz, contagiá-la. No entanto, quando não encontrarmos reciprocidade, saibamos seguir o caminho sem perder a paz. Senhor, que a não acolhida, a falta de paz e a desesperança não se agarrem em nós!
Não podemos deixar que as coisas ruins com as quais nos depararmos ao longo da missão se agarrem em nós. Por isso, sacudir a poeira. Mas contemplar, por outro lado, a beleza da gratuidade do Reino. Com acolhida ou sem acolhida, ele é anunciado. E mais: Jesus diz não só sobre quem recebeu, mas também sobre quem rejeitou: “Mas lembrem disto: o Reino de Deus chegou até vocês.” O Reino chegou, porque ele é a presença viva do Crucificado-Ressuscitado, que já entregou a vida por todos. Os seus sinais estão em toda parte, mesmo na nossa realidade tão ambígua: no sorriso de uma pessoa, em alguém que luta pela justiça, num gesto de compaixão e cuidado. E eu? Percebo esses sinais? Minha vida também é um sinal da presença do Reino?
Vamos pedir ao Espírito que nos anime e reanime na missão.
Tania Pulier, comunicadora social – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner