Ser discípulo amado
30 de maio de 2020“Inclinando a cabeça, entregou o Espírito”
1 de junho de 202031/03/2020. “Enviai o vosso Espírito Senhor e da terra toda face renovai! (Sl 103/104).
Domingo: Solenidade de Pentecostes.
Assim como a Páscoa, a festa de pentecostes também tem sua origem no paganismo. Depois, ela será ressignificada pelos judeus e depois terá uma roupagem toda cristã. A festa judaica era comemorada cinquenta dias após a páscoa, daí o nome pentecostes. A experiência de pentecostes é fundamental para a Igreja nascente, pois será a partir do envio do Espírito Santo de Deus aos apóstolos, que os mesmos compreenderão a missão de Jesus como Filho de Deus e Salvador da humanidade e se tornarão grandes evangelizadores da boa nova de Jesus. Antes dessa experiência, lembremos, que os discípulos estavam trancados com medo dos judeus. Pentecostes também é o cumprimento da promessa de Jesus que ao retornar ao Pai não os deixaria sozinhos. Mandaria o seu Paráclito que os auxiliaria.
Leitura Texto: Jo 20,19-23. O que o texto diz?
O texto de João coloca o Pentecoste no mesmo dia da ressurreição de Jesus; na noite daquele dia, o primeiro da semana. O autor faz isso pra unificar a missão do ressuscitado com a missão de sua Igreja que nasceu na sua cruz, isto é, no momento de sua glorificação.
Jesus volta para os seus: a comunidade está trancada por medo, mas mesmo assim Jesus chega e se coloca no centro e lhes oferece a paz messiânica, que não consiste apenas na ausência de guerra, mas uma paz interior plena, contudo, a comunidade ainda se faz incrédula; então Jesus lhes mostra suas chagas. Só então, após verem suas marcas é que seus seguidores se alegram com sua presença.
O Espírito Santo e a missão: assim como o Pai enviou o Filho, agora o Filho envia sua Igreja em missão, mas, antes desta missão, Ele sopra sobre eles o Espírito Santo de Deus para lhes fortalecer e os encorajar na missão.
Meditação: O que o texto me diz? A Palavra chega à razão
A comunidade dos discípulos se encontra acuada, fechada, com medo e é nesse momento que Jesus lhes aparece e se coloca no seu devido lugar; no centro. Portanto, o Ressuscitado é o centro de sua comunidade. Desejar a paz, o shalom de Deus, não era somente desejar a ausência de conflitos exteriores, mas, para um judeu, o shalom significa uma paz plena do indivíduo, isto é, ausência de conflitos, males tanto exteriores quanto interiores, uma paz completa. Em seguida, sopra sobre eles o Espírito Santo e lhes envia em missão, depois o Ressuscitado lhes dar o poder de perdoar ou não os pecados.
Oração: O que o texto me faz dizer? A Palavra chega ao coração.
Coloque-se agora como um dos discípulos e viva essa experiência de pentecostes. Por vezes nos encontramos fechados, acuados, com muito medo. Precisamos colocar Jesus Cristo no centro de nossa vida, precisamos acreditar em sua ressurreição, e que esta veio nos trazer uma vida eterna, plena de paz e alegria. Ao narrar a experiência de pentecostes como um sopro divino, João em sua teologia retoma a criação divina (Gn 2): Deus modelou o homem do barro e soprou em suas narinas, dando-lhe vida. Jesus representa, como o novo Adão, essa recriação da humanidade, e essa humanidade começa, para João, na Igreja de Cristo. Termina o texto com a autoridade dada por Jesus à sua Igreja para perdoar os pecados. Adentre nesse cenário e faça a sua experiência de pentecostes como discípulo(a) do Ressuscitado.
Contemplação: O que o texto faz em mim? A Resposta de Deus.
E nesta experiência de recriação deixe Deus te modelar, deixe-se amassar nas mãos de Deus. Ele quer te restaurar, quer também te ensinar que não pode existir um mundo novo onde não existe o perdão. Que esse sopro divino, que já habita em você desde o batismo, possa percorrer todo o seu ser. E escute a voz de Deus, escute o seu Espírito a pulsar nas batidas do seu coração.
Escute sua voz a dizer: eu vos dou a minha paz! Vem seja meu ajudante nessa nova criação, vem que só em mim você encontrará a verdadeira alegria, aquela alegria que nunca se acaba.
Ação: O que o texto me faz agir? Frutos da Palavra
E a construção dessa nova humanidade, que começa em Jesus Cristo, depende de cada um de nós, depende da vivencia de nossas comunidades. Precisamos levar esse sopro de Deus aos confins de toda a terra. Precisamos destruir o medo, a injustiça, a opressão, a desigualdade social e tudo aquilo que impede do sopro de Deus alcançar toda a humanidade. Precisamos ser luz neste mundo de trevas. Precisamos dar testemunho de perdão, pois o Espírito só se fará presente num mundo de perdão e luz. Enquanto permanecermos fechados em nós não poderemos enxergar Jesus que está e quer ser o centro de nossas comunidades. Então, façamos uma experiência profunda com a Palavra de Deus, deixemos que o Criador complete sua obra em cada um de nós. Sejamos esses promotores da paz e do perdão, só assim, o paráclito, o consolador, será a luz que iluminará toda a humanidade.
Ir. Ana Lucia Alencar de Souza, NJ
Graduada em Teologia e Especialista em Bíblia (Faculdade Católica de Fortaleza).
Coordenadora da Comissão Bíblica da Arquidiocese de Teresina- PI