“Logo que o demônio foi expulso, o homem começou a falar”
11 de julho de 2017“Vão e anunciem”
13 de julho de 2017“Jesus chamou os seus doze discípulos e lhes deu autoridade para expulsar espíritos maus e curar todas as enfermidades e doenças graves. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e o seu irmão André; Tiago e o seu irmão João, filhos de Zebedeu; Filipe, Bartolomeu, Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu e Simão, o nacionalista; e Judas Iscariotes, que traiu Jesus.
Jesus enviou esses doze homens, dando-lhes a seguinte ordem:
— Não vão aos lugares onde vivem os não judeus, nem entrem nas cidades dos samaritanos. Pelo contrário, procurem as ovelhas perdidas do povo de Israel. Vão e anunciem isto: ‘O Reino do Céu está perto.’”
Na oração de hoje, vamos pedir a graça de reconhecer o chamado e tudo o que o Senhor já nos dá para vivê-lo e lançar-nos em sua direção.
“Jesus chamou os seus doze discípulos”. Estamos aqui agora em oração por pura iniciativa do Senhor. Perceber o seu constante chamado na nossa vida. Agradecer-lhe pela gratuidade desse chamado. Não nos chama porque somos bons, porque damos conta do recado, por nossas capacidades. Nos chama e ponto. Saborear esse desejo do Senhor pelas nossas vidas e o fato de que, em primeiro lugar, nos chama a si, a estar perto dele, a viver com ele.
“e lhes deu autoridade para expulsar espíritos maus e curar todas as enfermidades e doenças graves.” O chamado do Senhor traz consigo muitos dons. Tomar consciência diante dele de tudo o que me deu/dá e dialogar com ele sobre isso. Não há nada que o Senhor nos tenha dado que não seja bom, e nada que não provoque bem para nós mesmos e para os demais. Consigo perceber todo o bem que Ele deseja gerar a partir da minha vida? Consigo descobrir o que os meus dons, vividos como graça e em união com o Senhor (O Amor), são capazes de provocar na vida dos demais e nos ambientes onde me encontro? O Evangelho no diz que são capazes de expulsar o mal e curar, gerar mais vida. Qual a experiência tenho disso? Pedir ao Senhor a consciência da grandeza do chamado e o bom susto que vem daqui – não o medo que paralisa, mas a percepção de que é maior do que eu, vem de Deus e só pode ser vivido nEle.
“São estes os nomes dos doze apóstolos”. Ao ler o nome dos apóstolos de forma contemplativa, lembrando de suas histórias, vendo os detalhes que acompanham os nomes – irmão de fulano, filho de siclano, com esta ideologia, com esta profissão mais ou menos boa, com esta atitude de acolhida ou rejeição – descobrir a humanidade desses apóstolos, ou seja, enviados de Jesus. Hoje é a mim que ele envia. Colocar o meu nome nesta lista, com tudo o que ele carrega de história de vida, de características. Ouvir Jesus pronunciando meu nome, ciente de toda essa densidade humana.
“Jesus enviou esses doze homens”. O evangelista Mateus faz questão de ressaltar a palavra “homens”, aqui no sentido de “pessoas”. São essas pessoas mesmo, com todas essas características – fortalezas e fraquezas – as enviadas por Jesus, e não anjos ou gente pronta ou perfeita. E eu, percebo o envio de Jesus? Reconhecer minha pequenez diante do envio me paralisa ou gera em mim gratidão? Reconhecer os movimentos interiores e oferecê-los ao Senhor, pedindo a sua transformação.
“dando-lhes a seguinte ordem”. O Senhor não envia ao leu, não solta no mundo sem nenhuma orientação. Ao contrário, Ele indica por onde começar, Ele dá os passos, o “como” da missão. Nas missões que realizo, busco as orientações do Senhor? A oração é por onde inicio a missão? Sigo as Suas orientações? Ou vou por minha conta e risco e do meu jeito?
“Procurem as ovelhas perdidas do povo de Israel.” A comunidade mateana era formada por judeus. Na sua concepção, Israel era luz para os povos, conforme ensinou o profeta Isaías. Por isso, Jesus aqui “seleciona” a quem ir. Na verdade, é a quem ir primeiro, e esses iluminariam os demais. Essa mensagem ainda nos orienta, pois muitas vezes nos preocupamos com gente longe e não enxergamos a necessidade de quem está do lado. Uma vez li um autor irônico que dizia: “Fulana tem um amor tão universal que não consegue amar ninguém mais perto do que as crianças da África”. Deixar que o Senhor nos mostre os rostos dessas pessoas com quem devemos começar – pessoas de nossa comunidade, família, amigos, gente do trabalho, do bairro… E escutar o verbo que Jesus usa: “procurem”. Ele quer que não esperemos, mas tomemos a iniciativa na direção dessas que precisam da “mais vida” que Ele pode dar, e quer fazê-lo através de nós.
“Vão e anunciem isto: ‘O Reino do Céu está perto.’” O Reino é tudo o que o Povo de Israel esperava, mesmo que o jeito como Deus o realizaria é muito superior à forma como eles esperavam. Mas é a realização das promessas, dos desejos mais profundos, da sede mais aguda do ser humano. Isto é que somos chamados a, em primeiro lugar, experimentar. Depois anunciar a fazer presente. Saborear essa grandeza! Saborear que, apesar de tudo o que passamos pessoalmente e estamos atravessando enquanto país, tanta tristeza e decepção, há um Amor em excesso, infinitamente maior, que nos sustenta e fortaleça para atravessar o que for, que passa conosco e seu chamado é sempre a Mais vida, a uma vida plena. Se experimentamos de verdade isso, não tem como não desejarmos para todos, a começar dos mais próximos. E como levaremos? Como anunciaremos? Conversar com o Senhor sobre isso, perguntar-lhe diretamente, vendo os rostos concretos das pessoas às quais somos enviados. Às vezes se começa por uma palavra, um sorriso ou um abraço, ou uma boa pergunta feita na hora certa.
Pedir ao Espírito que nos conduza, como conduziu cada apóstolo, cada enviado de Jesus em sua missão.
Tania Pulier, jornalista e teóloga, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei