Flexibilidade firmada no Amor (João 7,1-2.10.25-30)
11 de março de 2016V Domingo da Quaresma – Ano C
13 de março de 2016“Muitas pessoas que ouviram essas palavras afirmavam:
— De fato, este homem é o Profeta!
Outros diziam:
— Ele é o Messias!
E ainda outras pessoas perguntavam:
— Mas será que o Messias virá da Galileia? As Escrituras Sagradas dizem que o Messias será descendente de Davi e vai nascer em Belém, onde Davi morou.
Então o povo se dividiu por causa dele. Alguns queriam prender Jesus, mas ninguém fez isso.
Os guardas voltaram para o lugar onde estavam os chefes dos sacerdotes e os fariseus, e eles perguntaram:
— Por que vocês não trouxeram aquele homem?
Eles responderam:
— Nunca ninguém falou como ele!
Então os fariseus disseram aos guardas:
— Será que vocês também foram enganados? Por acaso alguma autoridade ou algum fariseu creu nele? Essa gente que não conhece a Lei está amaldiçoada por Deus.
Mas Nicodemos, que era um deles e que certa ocasião havia falado com Jesus, disse:
— De acordo com a nossa Lei não podemos condenar um homem sem ouvi-lo primeiro e descobrir o que ele fez.
— Por acaso você também é da Galileia? — perguntaram eles. — Estude as Escrituras Sagradas e verá que da Galileia nunca surgiu nenhum profeta.
E cada um voltou para a sua casa.”
O povo e as autoridades se dividem sobre Jesus. Mas quem se aproxima dele para o conhecer?
Hoje nosso país está dividido. Mas quem se aproxima de fato das questões vitais para conhecê-las a fundo? Quantas vezes preferimos repetir o que ouvimos, o que vemos de relance pelas mídias, proferir palavras duras e julgamentos pesados e condenatórios sem ver direito, olhar de perto, estudar a fundo, sobretudo sem parar e escutar.
São tantas vozes! A voz do que está com fome nas ruas; a voz do que perdeu o emprego; a voz de quem está há tempos numa luta pelo bem comum; a voz de quem opta preferencialmente pelos pobres; a voz de quem viu seus lucros diminuírem… muitas vozes a serem ouvidas e refletidas… a voz própria a ser formulada e não dita aos ventos inconsequentemente. E, se se é cristão, essa voz parte do Pai e dos olhos abertos à sede do irmão, parte da busca do que o Cristo faria e diria hoje. O Cristo que, por sua vez, também provocou divisão por não se enquadrar no status quo, em uma situação estabelecida na qual tantos eram excluídos.
Na oração de hoje, vamos contemplar as divisões que Jesus provocou e as divisões atuais, no fundo também provocadas pelo embate entre a busca da vida em abundância para todos a partir dos menos favorecidos e da busca da manutenção de privilégios – em meio à ambiguidade por todos os lados.
Há um segredo neste Evangelho: a resposta dos guardas: “Nunca ninguém falou como ele!” Neste trecho, eles foram os únicos que profundamente ouviram Jesus. E não há como ouvi-lo de verdade sem ser fortemente tocado por Ele! Eles também sofreram preconceitos, se falou mal deles: “Essa gente que não conhece a Lei está amaldiçoada por Deus.” Como Jesus acabaria Crucificado como maldito de Deus, quem O ouve (O segue) acaba por trilhar seus caminhos, por assemelhar-se a Ele nas penas. Mas a vida que experimenta é maior que essa morte.
E eu? Tenho escutado Jesus a esse ponto? E tenho conseguido percebê-lo nos embates atuais? Qual a minha posição? E de onde ela parte, da escuta e reflexão profundas ou de uma superficialidade da qual sou bombardeado(a)?
Vamos pedir ao Espírito que nos dê a graça do discernimento, para buscar na realidade a vontade do Pai, como Jesus.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner.