O moço rico (MT 19, 16 – 22)
20 de agosto de 2018Nossa Senhora Rainha – Memória
22 de agosto de 2018Leitura: Mateus 19, 23-30
Jesus então disse aos discípulos:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: é muito difícil um rico entrar no Reino do Céu. E digo ainda que é mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha.
Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito admirados e perguntavam:
— Então, quem é que pode se salvar?
Jesus olhou para eles e respondeu:
— Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, tudo é possível.
Aí Pedro disse:
— Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor. O que é que nós vamos ganhar?
Jesus respondeu:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando chegar o tempo em que Deus vai renovar tudo e o Filho do Homem se sentar no seu trono glorioso, vocês, os meus discípulos, também vão sentar-se em doze tronos para julgar as doze tribos do povo de Israel. E todos os que, por minha causa, deixarem casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou terras receberão cem vezes mais e também a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros.
Oração:
O evangelho de ontem terminava com a cena do jovem que, após ouvir o que Jesus lhe dizia – “Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuís e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus” (Mt 19, 21) –, afastou-se pesaroso.
Jesus, vendo o jovem afastar-se, diz aos discípulos da dificuldade de um rico para entrar no Reino do Céu. Por que essa dificuldade? O que é o Reino, que tem o Reino? Qual a incompatibilidade entre o reino e a riqueza?
Para entender o que diz Jesus, é oportuno retomar suas falas a respeito do Reino: não se trata de um país, uma cidade, um local físico. O Reino é um lugar no horizonte da nossa vida; é um lugar de pensar, de agir e de ser. Vejamos as palavras dele…
Jesus diz que o Reino é semelhante a uma pérola fina; o comerciante que a procura vende tudo para obtê-la (Mt 13, 45-46)… Ele nos diz que o Reino é como um grão de mostarda, semente tão pequena que leva a frondosa árvore, onde as ideias de Deus se abrigam (Mt 19, 30-32)… O Reino é como uma porção de fermento que faz crescer a massa toda (Mt 13, 33)…
Uma pérola fina pela qual tudo se troca. Uma semente pequeníssima que se agiganta. Uma singela porção de fermento que, invisível, silenciosamente, faz crescer. Não há como negar: o Reino é uma ideia, um projeto, um sentimento, um pensamento, um horizonte cujo ponto de partida é sempre singelo, humilde. Quem é muito rico – de bens, de projetos, de teorias, de ideias próprias, prontas e acabadas – tem a casa – o coração e a mente – muito cheia, abarrotada. Nela, não há espaço nem para uma pérola fina; ou às vezes não se encontra a pérola, perdida entre tantos bens maiores, mais chamativos, supostamente mais preciosos.
Na oração, peçamos ao Espírito que nossas riquezas – bens, ideias, projetos, teorias – não nos distraiam do que mais importa. Peçamos a fineza de percepção que nos ajuda a encontrar, em meio às grandezas, a pérola fina. Peçamos a coragem de vender muitos ou todos os bens para obtê-la. Peçamos a fé para plantar sementes de mostarda, que são os grãos do amor, da generosidade, do perdão, do não julgar… Peçamos a humildade para ser fermento, farinha fina, invisibilizada na massa, que faz crescer de forma tão silenciosa, tão preciosa, para saciar tanta gente.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte