“Será que ele vem à festa?”
24 de março de 2018O Amor dá o seu melhor
26 de março de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e abre-me o ouvido
para escutar a Palavra.
Vem, Espírito Santo, e impele-me a viver a Palavra.
Vem, Espírito Santo, neste caminho de preparação para a Páscoa,
para que junto a outros, possa crer e anunciar a Boa Nova.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 11.1-10
Jesus entra em Jerusalém
Mateus 21.1-11; Lucas 19.28-40; João 12.12-19
1Quando Jesus e os discípulos estavam chegando a Jerusalém, foram até o monte das Oliveiras, que fica perto dos povoados de Betfagé e Betânia. Então Jesus enviou dois discípulos na frente, 2com a seguinte ordem:
— Vão até o povoado que fica ali adiante. Logo que vocês entrarem lá, encontrarão preso um jumentinho que ainda não foi montado. Desamarrem o animal e o tragam aqui. 3Se alguém perguntar por que vocês estão fazendo isso, digam que o Mestre precisa dele, mas o devolverá logo.
4Eles foram e acharam o jumentinho na rua, amarrado perto da porta de uma casa. Quando estavam desamarrando o animal, 5algumas pessoas que estavam ali perguntaram:
— O que é que vocês estão fazendo? Por que estão desamarrando o jumentinho?
6Eles responderam como Jesus havia mandado, e então aquelas pessoas deixaram que os dois discípulos levassem o animal. 7Eles levaram o jumentinho a Jesus e puseram as suas capas sobre o animal. Em seguida, Jesus o montou. 8Muitas pessoas estenderam as suas capas no caminho, e outras espalharam no caminho ramos que tinham cortado nos campos. 9Tanto os que iam na frente como os que vinham atrás começaram a gritar:
— Hosana a Deus!
Que Deus abençoe aquele que vem
em nome do Senhor!
10Que Deus abençoe o Reino de Davi,
o nosso pai,
o Reino que está vindo!
Hosana a Deus nas alturas do céu!
11Jesus entrou em Jerusalém, foi até o Templo e olhou tudo em redor. Mas, como já era tarde, foi para o povoado de Betânia com os doze discípulos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Diante de qual cidade Jesus se encontra e por que não entra logo nela?
- · Que ordem Jesus dá a dois de seus discípulos?
- · O que faz Jesus com o jumentinho e como as pessoas reagem?
- · Por que Jesus é aclamado desse modo? (Leia-se Zc 9.9)
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini[1]
Jesus vem peregrinando rumo a Jerusalém desde a Galileia e se detém ao pé do Monte das Oliveiras que está justamente diante da cidade santa, a leste; e próximo aos povoados de Betfagé e de Betânia, Jesus prepara sua entrada na cidade de Jerusalém em um momento importante, devido à proximidade da festa da Páscoa. Então manda buscar para si um jumentinho na casa de uma pessoa de um povoado vizinho. É curioso que tudo acontece tal qual Jesus havia anunciado, e ninguém se opõe a que o jumentinho seja levado. Com esta narrativa, o evangelista Marcos quer insistir em que Jesus tem conhecimento do que vai acontecer até nos mínimos detalhes, revelando seu caráter profético e sugerindo sua presciência e sua autoridade justamente antes de começar sua paixão.
Os discípulos preparam o jumentinho, e Jesus, montado sobre este animal, entra em Jerusalém.
Os habitantes de Jerusalém reagem com um gesto e com aclamações.
O gesto é colocar suas capas ou ramos sobre o caminho, que é uma maneira de honrá-lo como rei.
“Hosana” é uma aclamação de alegria que significa “Salva-nos agora”. E “Que Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor! Que Deus abençoe o Reino de Davi, o nosso pai, o Reino que está vindo!” são expressões claramente messiânicas: na segunda, menciona-se Davi, de cuja descendência surgiria o Messias segundo a esperança do povo de Israel. Ambas nos lembram o Salmo 118.25-26: “Salva-nos, ó Senhor, salva-nos! Dá-nos prosperidade, ó Deus! Que Deus abençoe aquele que vem em nome de Deus, o Senhor! Daqui do Templo do Senhor, nós abençoamos todos vocês”. Portanto, as aclamações louvam a Deus por cumprir sua promessa de enviar um rei Messias, filho de Davi.
Sem dúvida, os presentes recordariam também a profecia de Zc 9.9 (“Alegre-se muito, povo de Sião! Moradores de Jerusalém, cantem de alegria, pois o seu rei está chegando. Ele vem triunfante e vitorioso; mas é humilde, e está montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta”), que se estava cumprindo naquele momento.
2. O que o Senhor me diz no texto?
No Domingo de Ramos celebramos a entrada de Jesus em Jerusalém, onde vai sofrer sua paixão e sua morte na cruz. É, por conseguinte, a porta da Semana Santa, e a liturgia deste dia nos convida a entrar com Jesus na cidade santa.
Em sua entrada em Jerusalém, Jesus é aclamado como rei, como o filho de Davi em seu esplendor. No entanto, faz sua entrada como “um rei humilde, montado em um jumento”, como havia profetizado Zacarias (Zc 9.9). Não é, portanto, um rei prepotente, que faz alarde de seu poder; pelo contrário, é um rei manso, humilde, pacífico e pacificador. Nisto está o sentido dos ramos de oliveira, que recordam a paz que Cristo nos traz e que somente acontece quando Cristo reina em nossos corações, em nossa casa, em nossa sociedade.
A propósito do sentido da peregrinação de Jesus a Jerusalém, dizia o Papa Bento XVI, em sua homilia do Domingo de Ramos do ano 2011: “Ele caminha para a altura da Cruz, para o momento do amor que se dá. O termo último da sua peregrinação é a altura do próprio Deus, até à qual Ele quer elevar o ser humano. Assim, a nossa procissão de hoje quer ser imagem de algo mais profundo, imagem do facto que nos encaminhamos em peregrinação, juntamente com Jesus, pelo caminho alto que leva ao Deus vivo. É desta subida que se trata: tal é o caminho, a que Jesus nos convida”.[2]
O Domingo de Ramos é chamado também de “Domingo da Paixão” porque lemos a Paixão do Senhor e, deste modo, colocamo-nos no clima para toda esta semana, antecipando os fatos a fim de descobrir-lhes o profundo sentido e inspirar-nos a atitude espiritual correspondente.
O tema da paixão de Cristo é dominante neste dia, pois a procissão dos ramos nos dispõe para entrar nela. Trata-se de apropriar-se, de certo modo, deste mistério da paixão do Senhor, encontrar seu sentido profundo e, a partir daí, vinculá-lo à nossa vida presente. Por conseguinte, o mistério da cruz deve ajudar-nos a descobrir o sentido de nossas cruzes e dar-nos fortaleza para perseverar. Contudo, acima de tudo, o mistério da cruz deve ensinar-nos o que é amar de verdade ou a verdade sobre o amor.
De sua parte, o Papa Francisco faz uma “aplicação pastoral” da paixão de Jesus em EG nº 269: “A entrega de Jesus na cruz é apenas o culminar deste estilo que marcou toda a sua vida. Fascinados por este modelo, queremos inserir-nos a fundo na sociedade, partilhamos a vida com todos, ouvimos as suas preocupações, colaboramos material e espiritualmente nas suas necessidades, alegramo-nos com os que estão alegres, choramos com os que choram e comprometemo-nos na construção de um mundo novo, lado a lado com os outros. Mas não como uma obrigação, nem como um peso que nos desgasta, mas como uma opção pessoal que nos enche de alegria e nos dá uma identidade”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Admito que nenhum acontecimento de minha vida escapa ao plano de Deus, tampouco a cruz, e que devo pedir a luz da fé para poder integrá-la em minha vida cristã?
- · Estou disposto a seguir Jesus em seu caminho para a cruz e a não ficar como mero espectador?
- · Discirno que sempre o bom Espírito traz paz e conduz à paz?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus, permite-me acompanhar-te nesta subida.
Sobem contigo meus sonhos, minhas lutas, o que mais me custa.
Concede-me encontrar o verdadeiro sentido destes dias.
Que não seja espectador, mas companheiro de tua entrega.
Faze com que me apaixone por teus gestos mansos, tua simplicidade, teu silêncio.
Afasta de mim todo desgasto e afobação;
enche-me da alegria de identificar-me com teu projeto.
Desejo abraçar minha cruz e amar de verdade.
Hoje quero escolher-te como o Rei de minha vida, de meu coração.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, dá-me a graça de identificar minha cruz e abraçá-la para acompanhar-te em tua subida a Jerusalém”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, visito uma paróquia ou capela, e contemplo, por uns minutos, o Senhor Crucificado.
“Hoje somos convidados a contemplar a beleza do Rei. Sozinho, contempla e olha com proveito para tua própria alma o verdadeiro rei, que é Cristo”.
São Boaventura
[1] Pe. Damián Nannini: sacerdote da Arquidiocese do Rosário (Argentina); Licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma; Diretor da Escola Bíblia do CEBITEPAL – CELAM.
[2] Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Homilia do Papa Bento XVI (http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2011/documents/hf_ben-xvi_hom_20110417_palm-sunday.html)